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Entrevista: O empreendedorismo de “alfinete a foguete” do Polo de Campinas

polo campinas
Em importante iniciativa, cervejarias da região se uniram para lutar pelo crescimento consolidado do mercado de artesanais

Não é à toa que o clichê “a união faz a força” se repete. E, pelo menos no mercado cervejeiro do Brasil, ele revela uma importante verdade: em diversas localidades, como Niterói, Ribeirão Preto e Belo Horizonte, as artesanais se uniram em torno de uma pauta comum, buscando a formulação de políticas junto ao poder público e empreendendo um trabalho “de formiguinha” na formação de um mercado consumidor mais robusto, consciente e bem informado.

No interior de São Paulo, o Polo Cervejeiro da Região Metropolitana de Campinas também seguiu essa linha. São 12 cervejarias que integram o grupo e lutam pela constante evolução do setor: Berggren, Campinas, Cogumelo, Crazy Rocker, Daoravida, Kalango, Kombuteco, Landel, Mafiosa, Nuremberg, Tábuas e Toca da Mangava.

Segundo Samuel Faria, presidente do grupo e sócio da Landel, após pouco mais de um ano de atividade, o polo já tem conquistas para celebrar. É o que ocorre no estabelecimento de um diálogo mais franco com o poder público e no reconhecimento da iniciativa por parte do setor privado – e até acadêmico – como grande berço de novas ações empreendedoras.

“Queremos levar informação para que o novo empreendedor não entre em uma fria, compartilhando com ele o desafio que já nos fez bater com a cara na porta”, comenta Faria. “A ideia é promover conhecimento, não só técnico. Como uma microempresa de um setor muito grande, a gente precisa entender de alfinete a foguete – de marketing, produção, distribuição, financeiro.”

Confira, a seguir, a entrevista exclusiva com Samuel Faria, sócio da Cervejaria Landel e presidente do Polo Cervejeiro da Região Metropolitana de Campinas.

Como surgiu a ideia do polo, de onde ele veio e como se estruturou?
A ideia veio da necessidade da gente se unir porque lá somos todos iguais, com as mesmas oportunidades e desafios. Então, veio dessa necessidade de olhar para o lado e ver que a artesanal vizinha, que é vizinha mesmo e não concorrente, tem os mesmos desafios e problemas que a gente. Também veio da Abracerva [Associação Brasileira de Cerveja Artesanal], porque fui secretário lá por dois anos e, quando voltei para casa, pensei que era importante começar de baixo, juntando os núcleos menores. Quando regressei, juntei as cervejarias da região e nasceu o Polo Cervejeiro, a ideia de ser um canal de comunicação único entre poder público, imprensa e iniciativa privada quando se pensa em cerveja artesanal na região.

E como foi esse processo de montagem do polo? A aceitação, de imediato, foi boa?
Foi muito boa. Essa necessidade fez com que todo o processo fosse muito natural, justamente porque tínhamos a mesma cabeça, o mesmo pensamento e o mesmo problema. Quando alguém tem o mesmo problema, é muito mais fácil de se juntar na mesa. Mesmo que concorramos em alguns pontos de venda, entendemos que somos muito mais fortes quando buscamos aumentar a nossa fatia de mercado.

O polo completou um ano em julho. Nesse tempo, tanto em termos de ideias quanto de iniciativas concretas, o que foi alcançado?
Já conseguimos abrir canais de comunicação. A região metropolitana de Campinas – os prefeitos, as Secretarias de Turismo – entende que o polo é um canal de comunicação. Quando há dúvidas sobre qualquer questão que diga respeito à cerveja artesanal, eles nos chamam, nos procuram. O segundo ponto do Polo Cervejeiro era promover eventos e fazer com que os promotores de eventos nos enxergassem como um apoiador. O que é um evento de cerveja artesanal que fomenta o mercado de cerveja artesanal? Como devo fazer? É só colocar pula-pula e banda de rock? O que preciso ter, o que é interessante ter, como eu movimento as pessoas? Hoje já fazemos palestras em universidades – Unicamp, PUC – falando sobre cerveja artesanal. Um evento gigante de empreendedorismo nos citou como um canal não só para levar as cervejarias até lá, como produto, mas também como ideia, inovação. Além disso, hoje também existe uma rota cervejeira na região, que é promovida pela prefeitura, e que a gente promove também.

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Samuel Faria Polo cervejeiro Campinas
Samuel Faria, presidente do Polo Cervejeiro da Região Metropolitana de Campinas

É uma iniciativa das prefeituras?
Na verdade a iniciativa privada cria o produto, e as prefeituras apoiam. E, depois desse primeiro ano, saímos com o objetivo de institucionalizar a rota. A partir de agora, começaremos a concretizar as ações para nos tornar mesmo um canal de comunicação. Mas alguns frutos já estão sendo colhidos.

Quais são os próximos passos no curto prazo e em um horizonte mais longo?
O Polo Cervejeiro pretende mesmo consolidar esses canais e ajudar o empreendedor que quer entrar no mercado, para ele entender como é de fato, quais as necessidades. Nem sempre fazer cerveja é um elo da cadeia muito importante em um determinado momento. Se todo mundo que gosta de cerveja quer empreender nesse mercado – ou em qualquer outro – fazendo a mesma coisa, nós teremos um problema. É preciso explicar para as pessoas que existem outras necessidades na cadeia. Temos, por exemplo, problemas de logística reversa de barril. A indústria artesanal é menor, como é possível produzir mais e melhor a um custo acessível? Todos esses são problemas da cadeia que queremos que o novo empreendedor entenda e entre para ajudar. Queremos levar informação para que o novo empreendedor não entre em uma fria, compartilhando com ele o desafio que já nos fez bater com a cara na porta. É importante que ele não cometa os mesmos erros, para que seja um catalisador, um avanço, que seja utilizado nas próprias universidades. A ideia é promover conhecimento, não só técnico. Como uma microempresa de um setor muito grande, a gente precisa entender de alfinete a foguete – de marketing, produção, distribuição, financeiro. Precisamos entender isso tudo, e por que não passar essas informações a quem está entrando para que todos possam crescer de uma maneira mais forte? Esse é o objetivo de todos, que o mercado cresça, mas de forma consolidada.

Qual é a importância do polo para a região de Campinas? O que ele agrega em termos econômicos, culturais?
O fato de termos um portal como o Guia da Cerveja procurando a gente já é um indicador de que estamos no caminho certo, ou seja, de desenvolver o mercado local. As pessoas hoje buscam isso com maior frequência. O consumidor busca hoje uma experiência, o que em um supermercado, em um varejo grande, ele ainda não tem. Então, a proximidade entre produtor e consumidor, o fato dele poder apertar a mão, perguntar o que é, da informação fluir em um canal menor, com menos elos, isso tudo aumenta a experiência do consumidor no final, e faz até com que ele tope pagar um pouco mais caro, que é o que vem ocorrendo hoje. Ele topa pagar um pouco mais caro porque ele tem uma experiência não apenas sensorial, mas no contexto todo. Esse é o grande prêmio que o consumidor tem apoiando experiências como a nossa.

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