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Desvalorização de moedas deve pressionar artesanais latinas em 2019

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Degustação durante a Copa Cervezas de América, competição que reúne as principais artesanais da América do Sul

O ano de 2019 deve ser complicado ao mercado de cervejas artesanais na América do Sul. É o que garante Daniel Trivelli, presidente da Copa Cervezas de América, a mais importante competição do setor no continente. Segundo ele, a desvalorização de moedas, principalmente do real brasileiro e do peso argentino, vai pressionar os produtores em função da elevação do preço dos insumos, que em sua maior parte são importados.

“2019 será um ano de dificuldades para as cervejarias no Brasil e na Argentina, especialmente para a cervejaria artesanal que utiliza uma grande quantidade de insumos importados, que tiveram um aumento de preço devido ao enfraquecimento de algumas moedas, principalmente o real e o peso argentino”, avalia Trivelli.

Ele também expressa a mesma preocupação sobre o lúpulo, pois o aumento da demanda não vem sendo acompanhado pela produção. “O mercado de lúpulo continua a produzir abaixo de uma demanda crescente, especialmente em variedades de sabor e aroma, que empurram o preço para cima”, acrescenta.

O cenário complicado para o produtor de artesanais na América do Sul também se soma a uma outra preocupação. Embora o crescimento de microcervejarias e rótulos à disposição do público seja notório, o mercado consumidor não tem acompanhado essa tendência. Ou seja, há mais aumento na concorrência do que na demanda.

Assim, para o presidente da Copa Cervezas de América, a tarefa em 2019 é educacional e cultural: ampliar a presença das artesanais no mercado a partir de ações que, com algum didatismo, estimulem o consumo dessas cervejas.

“O principal desafio é aumentar a participação de mercado das cervejas especiais, por meio da educação e promoção da cultura da cerveja, ensinando ao consumidor as diferentes variedades e estilos, além de educar sobre a forma de consumo. As cervejarias precisarão tomar medidas para aumentar a visibilidade de suas marcas e destacar a qualidade de suas cervejas em um mercado com cada vez mais participantes”, alerta.

Balanço positivo
Se o cenário para o próximo ano parece desafiador, 2018 terminou como um ano de conquistas. Em um marco que pode ser considerado histórico, o Beer Judge Certification Program (BJCP), a mais importante instituição mundial de juízes do setor, catalogou o primeiro estilo brasileiro da bebida, a Catharina Sour.

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Ao citar como referência a Copa Cervezas de América de 2018, concurso que teve a Wäls, de Belo Horizonte, e a Pratinha, de Ribeirão Preto, como destaques, Trivelli aponta que a Catharina Sour já está se globalizado. Tanto que está sendo feita em países como Argentina e Estados Unidos, e com produção qualificada, como indicam as medalhas conquistadas.

“O concurso Cervezas de América foi o primeiro concurso internacional a incorporá-la [a Catharina Sour] e vimos 30 cervejas cadastradas, sendo um dos 15 estilos com maior participação. Representou 1,8% do total de cervejas cadastradas”, detalha o especialista, antes de arrematar.

“O mais interessante é que não só as cervejas brasileiras participaram desse estilo, mas também da Argentina e dos Estados Unidos, mostrando que a comunidade cervejeira internacional acolheu o novo estilo de uma forma positiva. Podemos concluir que o estilo Catharina Sour já possui personalidade própria. Além disso, foram concedidas 8 medalhas a esse estilo, de um total de 170, representando 4%, demonstrando o bom trabalho realizado pelos produtores brasileiros”, elogia Trivelli.

O presidente da Copa Cervezas de América também revelou um acréscimo de 24% na participação de artesanais do continente no concurso, um dado que indica o crescimento do setor. Porém, ele alerta não ser possível realizar uma avaliação unificada sobre o mercado de artesanais nas Américas do Sul e Latina. Afinal, enxerga cenários bem diferentes para países como Brasil, Argentina e Chile na comparação com outros, como Colômbia, Equador e Peru, que enfrentam um período de crise no setor.

“Países como o Brasil, a Argentina e, em menor grau, o Chile, mostraram um crescimento saudável, sustentado por fortes bases para o desenvolvimento da demanda, bem como uma oferta de cervejas que melhora constantemente sua qualidade e consistência. Por outro lado, países como Costa Rica, Equador, Peru e Colômbia, que apresentaram forte crescimento, estagnaram e estão passando por uma crise que se reflete em uma estagnação ou queda nas vendas”, aponta.

A dificuldade de alguns “vizinhos”, no entanto, não atingiu o Brasil, que fechou o ano em crescimento e com a entrada de novas artesanais no mercado, sinais que apontam para a sustentabilidade desse mercado no país, na avaliação de Trivelli.

“O número de cervejarias registradas aumentou em mais de 20% em relação a 2017, atingindo mais de 800 cervejarias. Um número que ainda não considera as cervejarias ciganas”, afirma o presidente da Copa Cervezas de América. “Além disso, o número de produtos registrados entre rótulos e variedades de cerveja vendidos em todos os países ultrapassa os 170 mil.”

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