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Mudanças climáticas devem dificultar produção de cevada cervejeira no Brasil

Mudanças devem afetar principalmente região Sul. Especialistas apontam que setor terá dificuldades para manter atual nível de produção e qualidade

O aquecimento global vai afetar diretamente a produção de cevada cervejeira no Brasil. Especialistas entrevistados pelo Guia apontaram que o setor deverá encontrar dificuldades para manter o atual nível de produção a partir das mudanças climáticas previstas para os próximos anos.

“Alterações climáticas envolvendo principalmente mudanças na distribuição das chuvas, maiores períodos de estiagem e ondas de calor constituem fatores que afetam a produção brasileira de grãos”, avisa Rene Eugenio Seifert Junior, professor do Programa de Mestrado em Administração e do Departamento de Gestão e Economia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Um recente estudo publicado no jornal Nature Plants, liderado pelo pesquisador britânico Dabo Guan, da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, demonstrou que fenômenos como secas e ondas de calor podem afetar as principais regiões produtoras de cevada, o que diminuiria colheitas e provocaria aumento de preços – a não ser que o aquecimento global seja reduzido.

Para Euclydes Minella, pesquisador da Embrapa Trigo, as alterações no clima já estão sendo sentidas na região Sul do Brasil, exatamente a maior produtora de cevada cervejeira. Ele exibe preocupação com os efeitos que isso deverá trazer para a manutenção do atual nível de colheita.

A cevada para ser utilizada na produção de cerveja precisa ter algumas características bem específicas, como germinação de ao menos 95% e teor de proteínas reduzido, que não supere os 12%. “Neste cenário, pode-se antecipar aumento significativo nas dificuldades já existentes para conseguir produção com qualidade cervejeira”, diz Minella.

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Ao mexer com a produção agrícola mundial, as mudanças climáticas também afetarão a colheita da cevada. O pesquisador da Embrapa Trigo explica quais são os efeitos de temperaturas mais elevadas para a produção do cereal cervejeiro no Brasil.

“Associado ao aumento da temperatura, pode-se prever aumento na ocorrência de doenças e pragas”, diz Minella, para depois detalhar que as chuvas devem aumentar a ocorrência de doenças provocadas por fungos, afetando a cultura da cevada para utilização na produção da cerveja.

“O aumento na quantidade de chuvas, além de propiciar o desenvolvimento de doenças fúngicas, principalmente as da espiga como giberela e brusone, de difícil controle, aumentará também a probabilidade de pré-germinação  da semente ainda na lavoura, desqualificando o mesmo quanto ao uso na cervejaria”, acrescenta.

Além disso, segundo Minella, a infecção da produção por giberelas traz riscos para a segurança alimentar. “Associado ao aumento da giberela é possível prever-se aumento na produção das micotoxinas associadas e, por consequência, a segurança alimentar para consumo, seja humano ou animal”, avalia o pesquisador da Embrapa Trigo.

Na visão de Minella, os efeitos da mudança climática na produção do cereal também provocarão um efeito de diversificação no setor. Será possível ver as regiões Sudeste e Centro-Oeste conquistando proeminência na produção, que tradicionalmente vem se concentrando no Sul.

“A tendência é de que a redução da produção no Sul seja compensada pelo aumento nas regiões mais tropicais, como o Sudeste e o Centro-Oeste (nova fronteira de produção), sob o regime de irrigação na estação seca. Para estas regiões estão previstas nos cenários de mudanças climáticas aumento de temperatura e a redução na quantidade de chuva”, comenta o pesquisador.

Confira, nas próximas semanas, a sequência do nosso especial sobre aquecimento global, cevada e cerveja. E, se quiser indicar alguma demanda, escreva para nosso editor: itamar@guiadacervejabr.com.

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