fbpx
matisse

Balcão da Matisse: Speakeasy – História e tendências

Ninguém sabe quem inventou o termo “Speakeasy”, denominação genérica para bares clandestinos. Ele surgiu nos anos 1920 durante a vigência da lei seca nos Estados Unidos, provavelmente derivado de outros amplamente utilizados na época, tais como: “whisper! Speak easy! The police are watching!” Ou pode ter se inspirado na Inglaterra do século XIX, quando costumava-se rotular de “Speak Softly Shop” as lojas de fachada que vendiam produtos contrabandeados.

Mas os bares clandestinos ou escondidos sempre existiram, independentemente do fato de estar ocorrendo algo ilícito ou não. Muitas pessoas procuram esses estabelecimentos “speakeasy inspired” pela aventura ou prazer de estar em um lugar não convencional ou simplesmente para fugir do óbvio. Algo como visitar o Parque das Ruínas em vez do Pão de Açúcar ou comer uma salada de saião em vez de alface.

A atmosfera “underground” dos bares clandestinos também não deixou de ser atrativa e inspiradora. Um exemplo curioso é o Bathtub Gin & Co (Seattle, Washington, EUA). A começar pelo nome, que faz referência ao período da lei seca, em que muitos fabricantes clandestinos usavam a banheira de casa para produzir gin e vender aos bares igualmente clandestinos. Podemos imaginar a qualidade da bebida resultante. Sim, era horrível, por isso se misturava com frutas, especiarias, extratos e açúcar, dando origem aos drinques, como os conhecemos hoje.

Publicidade

O bar com salas baixas em vários níveis foi construído silenciosamente em 2009, em uma antiga sala de caldeira nos fundos de um edifício de tijolo. Embora a chegada seja por um beco escuro e pouco convidativo entre a primeira e a segunda avenida em Belltown, o bar dispõe de uma incrível variedade de bebidas de todas as partes do mundo, mesas e sofás confortáveis no nível inferior e até uma biblioteca.

Não precisamos ir tão longe para encontrar essas preciosidades. Elas estão por aí, embora nem sempre as enxerguemos. Em uma rua despretensiosa do centro de Niterói (RJ), por exemplo, passamos por um centro de saúde, uma borracharia, uma oficina e um grande portão marrom com galpões no interior, onde várias atividades ocorrem durante o dia. Mas em determinado momento as atividades cessam, as portas das cervejarias se abrem, as luzes se acendem e o local se transforma em uma vila cervejeira, com chopes fabricados pelas pequenas cervejarias artesanais ali instaladas, comida de boteco, drinques, música e muito espaço.

Com o avanço da vacinação e a consequente redução das restrições, as pessoas voltam a frequentar os bares, mas ainda com certa cautela, preferindo ambientes abertos e ao ar livre, o que deve se tornar uma tendência. Então, fica a pergunta: como serão os speakeasy do futuro? Mais no estilo do Bathtub Gin & Co ou da Vila Cervejeira? A minha aposta é que esses bares permanecerão meio que escondidos, mantendo o clima e o charme speakeasy inspired, mas com espaços abertos e ao ar livre.


Mario Jorge Lima é engenheiro químico e sócio-fundador da Cervejaria Matisse

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password