fbpx
breaking news New

Acordo entre Ambev e Cade: veja impactos no setor cervejeiro e nos bares

Termo assinado restringe entre 6% e 15% limite de acordos de exclusividade da Ambev com bares e restaurantes

O acordo firmado entre a Ambev e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com a intenção de limitar os contratos de exclusividade da empresa com pontos de venda de cervejas geladas, trouxe um novo cenário à disputa por espaço entre as fabricantes nos bares e restaurantes, um aspecto fundamental para as companhias que atuam nesse setor.

Para compreender o impacto dessa decisão, que impõe restrições de 6% a 15% aos acordos de exclusividade da Ambev com base em parâmetros de localização e volume dos estabelecimentos, o Guia conversou com associações de bares e especialistas do mercado financeiro.

Leia também – Consumo de cerveja em casa cresce impulsionado pelo público 50+

A avaliação geral é de que, embora o acordo possa ser considerado prejudicial à empresa, as restrições não terão um impacto significativo sobre a Ambev, resultando em perdas de volume de vendas de cerveja relativamente leves. A companhia, assim, permanecerá em uma posição vantajosa em comparação com seus principais concorrentes, conforme destacado pelo time de research da Ativa Investimentos em análise enviada à reportagem.

“Enxergamos esse acordo marginalmente negativo na visão de perda de volume, com impactos leves, mas que não mudam o fato de a Ambev ser a líder em seu segmento e apresentar amplas vantagens contra seus pares”, avalia.

Os analistas da Ativa enfatizam que a eficiência em termos de variedade de produtos, logística e a força das marcas da Ambev superam os desafios impostos pela redução dos acordos de exclusividade com bares.

“O fato de a Ambev ser a líder de mercado torna suas vantagens competitivas sólidas e resilientes. Hoje, o que esperamos é a recuperação da rentabilidade da empresa”, acrescenta a Ativa. A Ambev apresentará o seu balanço do terceiro trimestre de 2023 em 31 de outubro, na sequência de um recuo anualizado de 15,2% no seu lucro líquido no período de abril a junho.

Portanto, a visão predominante é que, devido às suas características e virtudes, a Ambev conseguirá se adaptar sem maiores problemas a esse novo cenário. “A Ambev, sendo uma empresa conceituada, com logística, com histórico, deve se adaptar a isso rapidamente e sua atuação não se sustenta numa restrição de acordo com estabelecimentos”, avalia Enrico Cozzolino sócio e head de análise da Levante Investimentos.

Neste momento, os desafios mais significativos para a Ambev estariam relacionados a outros fatores, como a diminuição do consumo de cerveja, que foi evidenciada no balanço do segundo trimestre, com uma redução de 2,5% no volume em comparação com o mesmo período de 2022.

“A empresa já vem sofrendo mais com dificuldades de venda no pós-pandemia, em voltar aos níveis anteriores de consumo, por inúmeros fatores que vão muito além disso”, afirma Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.

No geral, é um impacto negativo para a companhia, que está em linha com a mudança do hábito de consumo, com a demanda dos investidores. Vemos uma forte concorrência e os consumidores demandando novos produtos

Publicidade
Enrico Cozzolino sócio e head de análise da Levante Investimentos

Queda, mas pequena, da ação
Desde a última sexta-feira (13), primeiro dia após a homologação do acordo com Cade com a bolsa brasileira em funcionamento, a ação da Ambev sofreu desvalorização de 5,79%, caindo de R$ 13,29, na quarta-feira, para R$ 12,52, sendo que no período o Ibovespa caiu 2,6%.

No entanto, especialistas consideram que o impacto foi moderado. “A ação da empresa caiu, mas não machucou muito, não acredito que seja nada de demais, creio que o mercado tenha reagido bem”, avalia o sócio da Valor Investimentos.

As casas de análise acreditam que a pequena variação no preço das ações da Ambev se deve ao fato de o mercado já trabalhar antecipadamente com a possibilidade de imposição de alguma forma de restrição.

Afinal, no ano passado, no início da avaliação do caso, o Cade havia concedido uma medida preventiva para proibir novos contratos de exclusividade da Ambev para a venda de cerveja em bares, restaurantes e casas noturnas, os limitando a 20% dos estabelecimentos até o final da Copa do Mundo. E essa restrição foi posteriormente reduzida para regiões de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro até o encerramento do caso.

“Foi algo que já era relativamente esperado. O impacto no preço da ação da Ambev já tinha ocorrido, com pressão negativa, porque, no final das contas, isso é um acordo que regulariza aquela proibição do Cade”, afirma o sócio da Levante Investimentos.

Ainda assim, é inegável que o acordo mexeu com o mercado, tanto que a ação da Ambev foi o papel mais negociado no after-market da B3 na última segunda-feira (16), com volume financeiro de R$ 7,686 milhões, quando o giro total ficou em R$ 67,39 milhões.

Bares elogiam acordo
Em nota oficial enviada à reportagem, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), definiu o acordo como um acerto e o classifica como “um passo positivo na busca por um mercado justo e equilibrado”.

A associação também aponta que foi respeitado o poder de escolha dos bares e restaurantes pela instauração de limitações diferentes ao percentual de acordos de exclusividade que a Ambev pode firmar com os estabelecimentos.

“As restrições estabelecidas nestes novos contratos de exclusividade são inteligentes e suficientes para garantir a livre concorrência no setor, ao mesmo tempo em que preservam a capacidade de escolha dos estabelecimentos. A instauração de limites baseados em critérios como o número de pontos de vendas e o volume de cerveja vendido pela Ambev em cada região demonstra um compromisso com a diversidade e a pluralidade do mercado”, diz.

Até 2028, os acordos de exclusividade da Ambev devem se limitar a 6% nos PDVs dos estados, a 8% em capitais, cidades com mais de 1 milhão de habitantes e em Lauro de Freitas (BA) e a 15% em microrregiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Já a limitação de volume total é de 12% nos estados e de 20% em capitais, cidades com mais de 1 milhão de habitantes e em Lauro de Freitas.

A Abrasel acredita que esse acordo encerra um capítulo importante e coloca os interesses dos estabelecimentos de alimentação como os mais importantes no processo. A transparência e confiança na relação entre fornecedores e empresários do setor são cruciais, e estas mudanças nas regras dos contratos de exclusividade contribuem significativamente para esse objetivo

Abrasel

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password