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Balcão do Rodrigo: Corrida energética

Foi difícil escolher um título desta vez. Inclusive, o paralelo com a “corrida espacial” é certamente exagerado, mas acredito que é uma das melhores formas de trazer um dos temas mais relevantes de sustentabilidade: a fonte de energia que faz a sua cerveja!

Sem entrar em detalhes técnicos, mas um dos pilares mais importantes quando se fala em efeito estufa e, consequentemente, em mudanças climáticas é a quantidade de energia utilizada e, principalmente, se a fonte energética é renovável ou não renovável. Mesmo entre as fontes renováveis, analisa-se aquelas que geram mais ou menos impacto. Embora a energia gerada no Brasil seja preponderantemente hidrelétrica, uma fração é termoelétrica, portanto, utiliza combustíveis fósseis e emite gases do efeito estufa.

A pegada de carbono referente ao consumo energético é avaliada em diferentes escopos, sendo que o escopo 1 abrange, por exemplo, o consumo de óleo diesel para alimentar geradores de energia elétrica de edifícios e o combustível consumido nos veículos da frota própria. Já as emissões de gases efeito estufa de escopo 2 representam a aquisição de energia elétrica específica de cada fonte de geração da eletricidade que a organização escolheu adquirir e consumir.

Ufa, fechado o preâmbulo, mais uma vez trago o consumidor para o centro da conversa, pois é ele que vai decidir se prevalecerão as cervejarias que se preocupam em reduzir ou zerar seus impactos negativos que afetam as mudanças climáticas. E a mensagem é simples e clara: as pessoas irão consumir cada vez mais daquelas que estão realmente engajadas em não impactar o meio ambiente.

Quando falamos de impacto energético, percebemos um movimento recente de grandes cervejarias para alterar as fontes primárias de suas fábricas. Em 2019, enquanto a Heineken anunciava produção de energia eólica para 30% do consumo dos seus rótulos de cerveja, a Ambev apresentava seu plano de 100% de abastecimento por energia solar, trazendo a marca Budweiser como anfitriã desta evolução.

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Pouco depois, a Heineken também anunciou plano para 100% de uso de energias renováveis e, agora, traz a marca Sol como representante deste movimento. Este ano a Ambev anuncia a construção de 48 fazendas solares, estende seu compromisso para centros de distribuição e ainda inicia um projeto piloto para fornecer energia limpa a clientes de Minas Gerais.

É interessante destacar que empresas com décadas de atuação no mercado percebem a necessidade de mudança e fazem essa “corrida energética” neste momento, buscando o protagonismo em ser agente de mudança e, naturalmente, mitigando o risco de perder o timing e ficar para trás na preferência de um consumidor cada vez mais crítico e consciente.

Existem dois temas muito importantes diretamente ligados à pegada de carbono que gosto de destacar: primeiro é a utilização de embalagens retornáveis ou com material reciclado em substituição de embalagens de uso único. Quando usamos uma embalagem retornável, evitamos que mais de 20 embalagens de uso único sejam produzidas – portanto é uma economia incrível de energia!

Neste campo, um exemplo antigo que deve ser reforçado são as garrafas de 600ml retornáveis, usadas de forma igualitária e democrática entre cervejarias que retoma protagonismos neste momento! A segunda frente refere-se ao impacto logístico de veículos movidos a combustíveis fósseis em um país prioritariamente rodoviário e de escala continental como o Brasil.

Sabemos que a distribuição de cerveja por todo país tem uma pegada de carbono pesada, consequentemente a evolução da frota para veículos elétricos, como anunciada pela Ambev, certamente a coloca alguns passos à frente nessa corrida por energia limpa.

Nesta corrida existe apenas um vencedor: o consumidor. Mas, certamente, alguns perdedores: aqueles que ainda não perceberam que um terço do planeta já é habitado pela geração Z, aquela que já não consome de quem não está engajado, de verdade, na agenda do combate às mudanças climáticas.

Rodrigo Oliveira é CEO da Green Mining, startup de logística reversa que atua no processo de coleta e reciclagem de embalagens

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