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Especial Vidro: Iniciativas buscam driblar desafios para ampliar reciclagem

Acondicionamento correto das embalagens de vidro é fundamental para permitir sua reciclagem

Ampliar a reciclagem de vidro ainda é um desafio no Brasil. Com, aproximadamente, 3 de cada 4 embalagens de vidro sendo destinadas aos aterros sanitários, os diversos componentes da cadeia de logística reversa têm buscado reforçar elos para impulsionar o reaproveitamento de um material que é 100% reciclável.

Essa necessidade de incremento da reciclagem foi estipulada pelo Decreto Federal 11.300/2022, que regulamenta a logística reversa de vidro no Brasil, determinando que o índice de reciclagem das embalagens de vidro em 2023 deve chegar a 27,25%, saltando para 40% até 2032. Além disso, definiu que o percentual de matéria-prima reciclada usada na fabricação de novas embalagens deve subir dos atuais 26% para 35% nos próximos dez anos.

Leia também – Especial Vidro: Da cor ao peso, garrafas se adaptam para atrair público

Porém, não é apenas a meta que estimula a ampliação da reciclagem. Fazê-lo, afinal, traz vantagens para a própria indústria, como destaca Gabriela Ditt, analista de relações institucionais e sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), assim como para a sociedade, pois a utilização de cacos reciclados na produção de vidro reduz o consumo de energia e a emissão de gases.

“A sua reciclagem, além de evitar resíduos sólidos no meio ambiente, tem diversos benefícios: diminui a extração de matéria prima virgem do meio ambiente, diminui a emissões de gases efeito estufa nas fábricas e tem economia de energia em seu processo”, comenta.

Para se ter uma ideia, a cada 10% de caco utilizado na produção de embalagens de vidro, pode-se reduzir 5% de CO2 emitido, assim como diminuir em 2,5% o consumo de energia no processo de fabricação. “Isso significa que a reciclagem desse resíduo contribui não só com o meio ambiente, mas fomenta a economia, incluindo todos os agentes da cadeia de reciclagem”, comenta Quintin Testa, diretor geral da Verallia para a América Latina.

Além disso, a presença do caco ajuda a melhorar a produtividade do forno. “Para reciclar, não é preciso que o vidro esteja intacto. Apenas com a utilização de cacos na produção de novas embalagens já é possível reduzir o consumo de energia, extração de recursos naturais e a emissão de CO2”, acrescenta o executivo da Verallia.

Mas mesmo com todo esse interesse da indústria de vidro em ampliar o uso do caco, existem alguns desafios para aumentar a reciclagem, relacionados a uma cadeia que tem seus desafios, especialmente relacionados aos custos de todas as etapas desse processo, assim como da adoção de cuidados na captação do material, como resume Cristiane Foja, presidente-executiva da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe).

“É uma cadeia com desafios. O peso do vidro vira custo, além da necessidade de maiores cuidados no manuseio. É preciso ter uma triagem específica, treinamento e uso de EPIs. Além disso, para se ter uma linha de triagem, é preciso preparar e incentivar, muitas vezes complementando o valor.  Há peculiaridades, inclusive, que variam de uma localidade para outra”, diz a presidente da Abrabe.

Como lidar com os desafios do vidro

As soluções para esses desafios passam, necessariamente, por união com os agentes da cadeia de logística reversa e conscientização, na avaliação dos especialistas, como para lidar com as dimensões continentais do país, que dificultam os processos de transporte e logística, os tornando bastante custosos.

Para promover práticas sustentáveis e incentivar a reciclagem de garrafas, é necessário um maior engajamento nesse tema. O desenvolvimento de projetos que vão ao encontro dessa temática é fundamental, mas mais do que isso, é preciso que todos os atores trabalhem em conjunto, juntando esforços para a viabilizar a reciclagem do vidro. Apesar dos desafios, é possível e necessário que se aumente os índices de reciclagem no país, e para isso os esforços também precisam crescer

Gabriela Ditt, analista de relações institucionais e sustentabilidade da Abividro

Outro ponto importante envolve a conscientização do consumidor sobre como ele pode contribuir para a reciclagem do vidro, algo pouco inserido na cultura da população. “É fator chave para que a reciclagem possa acontecer de maneira correta, não apenas no vidro, mas de todos os materiais. É necessário que os consumidores separem corretamente seus resíduos e os destinem no lugar correto”, comenta Gabriela.

Assim, o processo passa por conectar todos os elos da cadeia para que a captação das embalagens de vidro para reciclagem ganhe volume, como destaca Marcos Nascimento, diretor comercial da Coopercaps, cooperativa de coleta seletiva situada em São Paulo.

“A indústria cria a demanda por reciclados, o que ajuda a gerar valor aos resíduos. Um resíduo sem saída comercial não entra na cadeia recicladora. As pessoas que trabalham como catadores são agentes fundamentais nessa cadeia, mas muitas vezes ficam à margem. Todo o sistema precisa estar alinhado, em uma ação ganha-ganha”, diz.

Atuando desde 2003 diretamente na reciclagem, a Coopercaps conta com 6 centrais de triagem e 350 pessoas cooperadas. Além disso, estima que dois terços de toda a coleta seletiva da reciclagem da prefeitura de São Paulo passem por ela. Com esse extenso trabalho e estando em uma ponta fundamental para a reciclagem do vidro, a cooperativa ressalta como detalhes de manejo são importantes para que o processo tenha êxito.

“Em 2022 direcionamos cerca de 22 mil toneladas de resíduos, desse montante 30% é vidro, um volume muito alto. Entendemos a importância ambiental por ser um resíduo 100% reciclável, porém o cuidado com o manejo e a logística são fatores complicadores. O vidro mal acondicionado no descarte causa acidentes, por isso preconizamos que o descarte seja feito nos PEVs ou diretamente nas cooperativas”, explica Nascimento.

Frentes para ampliar reciclagem do vidro

Uma das várias frentes para ampliar a reciclagem de vidro no Brasil foi lançada recentemente pela Verallia e que atende a essa preocupação de que o material seja descartado em locais adequados. A fabricante de vidros criou o Programa Vidro Vira Vidro, que desde 2022 vem operacionalizando a instalação de pontos de entrega voluntária (PEVs) em diversos municípios por todo o País. A meta é chegar a 1,5 mil contêineres instalados até 2025.

As iniciativas de logística reserva, aliás, acontecem no setor já há algum tempo, como o Glass is Good, liderado pela Abrabe e que soma mais de uma década de realização. A associação estima que o programa já permitiu a reciclagem de mais de 162 mil toneladas, estando presentes em 17 estados e no Distrito Federal. “São mais de 78 mil megawatts de energia economizados e 86 mil toneladas de CO2 a menos na atmosfera”, enumera a presidente-executiva da Abrabe.  

Além disso, com foco no consumidor, tem aumentado o número de iniciativas que buscam ampliar a educação ambiental. Liderada pela Abividro, a iniciativa “É Puro É Vidro” é uma plataforma digital, presente no Instagram e com site próprio que tem como objetivo se comunicar com o consumidor final, incentivando o uso de embalagens de vidro, dando dicas de reciclagem e reutilização, além de receitas e curiosidades que envolvem o material.

“A Abividro desenvolveu recentemente um projeto de educação ambiental chamado ‘Ecoa Circular’, que apesar de não se tratar apenas do vidro, é uma iniciativa destinada para a conscientização e desenvolvimento de jovens em relação a temas como economia circular, reciclagem e consumo responsável. O material é 100% gratuito e destinado para instituições de ensino do Ensino Fundamental II”, relata a analista de relações institucionais e sustentabilidade da Abividro.

Tudo isso tem um só objetivo: fazer com que o vidro utilizado para a produção de uma embalagem retorne para a fábrica.

Quando todos se juntam em um projeto, você consegue, através de ajustes e organizações, fazer o caco voltar para a fábrica de vidro

Cristiane Foja, presidente-executiva da Abrabe

2 Comentários

  • Humberto Alencar Sampaio Reply

    25 de maio de 2023 at 06:26

    Existe alguma linha de crédito para ajudar na implantação de uma unidade de reciclagem e trituração do vidro para o DF.
    Tenho interesse.

  • Francisco Osmar Reply

    29 de maio de 2023 at 22:11

    Alguma empresa que reciclar vidro no estado do Ceará?

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