fbpx

Balcão da Matisse: Os pubs ingleses e a peste negra

A história dos pubs ingleses começa há mais de 2 mil anos com as invasões das tropas romanas. No seu caminho, elas iam construindo estradas, cidades e, ao longo delas, as tabernae (plural de taberna, que virou tavern), lojas que abrigavam diversas atividades econômicas, entre as quais a venda de refeições, vinho e pão.

Rapidamente, essas tavernas se adaptaram para suprir os locais com a sua bebida favorita, a ale, cerveja fermentada a temperatura mais alta e, na época, sem adição de lúpulo (o lúpulo foi sendo introduzido gradualmente entre os séculos XIV e XV). Por isso, passaram também a ser chamadas de alehouses.

Os pubs ingleses, como conhecemos hoje, são, segundo Robert Tombs, professor de história da Cambridge University, um efeito colateral inesperado da peste negra. Após o trauma que atingiu o país em 1348 e matou milhões, seguiu-se um período de salários mais altos em consequência da escassez de mão de obra. Os ganhos aumentaram e os preços caíram, elevando o poder aquisitivo da classe trabalhadora e, consequentemente, o consumo de cerveja.

A cerveja costumava ser fabricada por mulheres em casa, porque a água nem sempre era segura para beber, então cerveja fraca era a bebida padrão. Mas, com a maior procura e as tavernas se tornando lugares dedicados principalmente ao consumo da bebida, algumas dessas mulheres se tornaram cervejeiras em período integral e passaram a suprir esses locais, que eventualmente eram suas próprias casas convertidas em casas públicas, onde as pessoas podiam beber, talvez comer e certamente socializar.

Com o tempo, as tavernas ou alehouses foram se adaptando e sendo regulamentadas, passando a suprir comida e bebida aos viajantes, enquanto os inns ofereciam acomodações. Alehouses, inns e taverns passaram a ser referidos coletivamente como “public houses” (pubs).

A necessidade de socialização que se seguiu ao grande período de reclusão imposto pela peste negra não foi passageira, acabou se tornando um costume. Com o passar dos anos, esses locais públicos continuavam lotados, não só por trabalhadores, mas também por políticos e artistas, como mostram as imagens de Honoré Daumier publicadas em janeiro de 1864.


Mario Jorge Lima é engenheiro químico e sócio-fundador da Cervejaria Matisse

2 Comentários

  • JOCA Reply

    17 de abril de 2020 at 11:43

    Muito bom texto….

  • Julio César Reply

    17 de abril de 2020 at 11:55

    Se continuar assim, bares fechados, o meu APART PUB, que até então era frequentado apenas por amigos e familiares, vai acabar virando uma forma de ganhar algum trocado …

Deixe um comentário

Login

Welcome! Login in to your account

Remember me Lost your password?

Lost Password