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Entrevista: “O que fará as pessoas irem a uma feira de negócios é o conteúdo”

À frente da Brasil Brau e do Mondial, Gabriel Pulcino avalia que a oferta de experiências é a tendência para eventos

Um dos eventos mais conhecidos dentro do segmento cervejeiro, a Brasil Brau – Feira Internacional de Tecnologia em Cerveja – precisou esperar três anos para voltar a acontecer. O hiato entre a edição de 2019 e a de 2022, que se encerrará na próxima semana, foi provocado pela pandemia do coronavírus e serviu para moldar mudanças que poderão ser percebidas por quem for à São Paulo Expo entre segunda (30) e quarta-feira (1).

Olhando para o futuro dos eventos e as tendências advindas da crise sanitárias, os organizadores da edição de 2022 da Brasil Brau entenderam que a disseminação do conhecimento se tornou fundamental para que esse tipo de encontro se tornasse relevante, como argumentou, no Guia Talks, Gabriel Pulcino, gerente sênior de eventos e parcerias da GL Events, responsável pela organização da feira e do Mondial de la Bière.

Acompanhe, em vídeo, a entrevista

A ação, porém, também representa uma volta ao passado, pois a Brasil Brau surgiu a partir do Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia Cervejeira. E sem esquecer da apresentação das novidades, agora os organizadores ampliaram o foco no congresso, que hoje integra a Brasil Brau, a ponto de contar com o apoio do Instituto da Cerveja Brasil em sua realização, como curador da programação.

A importância dessa parceria, as dificuldades de preparar a feira em meio à pandemia e aos desafios socioeconômicos brasileiros foram alguns dos assuntos comentados por Pulcino durante a sua entrevista ao Guia. Além disso, ele revelou que o Mondial de la Bière chegará a uma nova cidade em 2022.

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Confira o Guia Talks com o responsável pela organização da Brasil Brau:

Em função da pandemia, a Brasil Brau não é realizada desde 2019. O que de diferente os participantes vão encontrar na edição de 2022 do evento?
Com a pandemia, a gente entendeu muito a nova dinâmica dos eventos. Muitos eventos aconteceram durante a pandemia de maneira virtual e as próprias empresas, tanto cervejarias como aquelas do segmento industrial e de tecnologia, se renovaram e encontraram outras formas de apresentar os produtos e as inovações. Então, a Brasil Brau mantém essa característica de apresentar os novos produtos, mas hoje a gente também olha com mais atenção para o conteúdo, que foi como a Brasil Brau começou. A gente está com uma parceria com o ICB, que é o novo curador do Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia Cervejeira. Estamos contando com a expertise dos profissionais que compõem a diretoria do ICB para nos auxiliar na construção da grade de conteúdo. Estamos trazendo grandes nomes do mercado internacional para falar sobre malte, lúpulo, fermentação, equipamentos e processos em geral. A gente está muito focado nesse resgate do conteúdo, olhando muito para os eventos que a gente tem como referência fora do Brasil, como a BrauBeviale, a DrinkTec e a Crafters Brewers Conference, que são exemplos muito interessantes para as discussões em torno da cerveja.

Em 2022, o congresso promovido pela Brasil Brau tem curadoria do ICB. Qual é o impacto dessa parceria?
É um namoro antigo, a gente já se conhece há bastante tempo e queria renovar o evento. Sempre tivemos a curadoria da Cilene Saorin, uma profissional ímpar, que agradeço muito pelo que aprendi com ela. A gente queria trazer a tradição que existe, mas com novas caras, mostrando que o mercado se renova. A ideia foi trazer novas temáticas para dentro do congresso e, com isso, trazer outros resultados, mudando um pouco a dinâmica, não só do congresso, mas também do conteúdo e dos congressistas. E estamos com uma grade bem interessante. Estamos falando sobre insumos, sobre tecnologia, mas também falando sobre diversidade e inclusão no mercado cervejeiro, algo que precisa estar em pauta.

O objetivo principal dessa parceria com o ICB é dar mais atenção ao conteúdo. Quando a gente olha para a história da Brasil Brau, a gente vê que ela nasceu a partir de um congresso. E a troca de informações é o que faz com que o mercado seja mais forte. Se a gente pegar exemplos como o mercado americano, a quantidade de estudos e de compartilhamento de conhecimento que são promovidos em inúmeros eventos, é impressionante.  Eu acredito muito na Brasil Brau como feira para troca de informações e apresentação de tecnologias. E que o crescimento dela na América Latina se dará a partir do conteúdo.

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A gente tem projetos para estender esse conteúdo para outras plataformas, para outros momentos, já que a Brasil Brau acontece de dois em dois anos. Estou fazendo algumas análises para entender como a gente pode continuar com esse conteúdo, não necessariamente dentro da Brasil Brau, mas em outros fóruns e em outras plataformas.

A Brasil Brau não terá, em 2022, o Prêmio de Gestão de Negócios em Cerveja. Por qual razão?
São inúmeros prêmios que existem no setor para o líquido. Mas, dentro desse segmento, a gente não vê uma valorização das iniciativas profissionais. Se olha muito para o produto final, mas existe todo um processo pra chegar a ele, em uma cadeia extensa. A gente está falando desde o agricultor, passando por toda a fase industrial, depois a gente tem a fase de comercialização e especialização, até chegar ao bar. E o prêmio de gestão da Brasil Brau foi criado justamente focado nisso. A gente está fazendo uma Brasil Brau diferente em 2022, também por algumas dificuldades impostas por esse período de pandemia. Sendo bem franco, eu acho que essa iniciativa é tão valiosa e tão importante que ela precisa de tempo para as próprias empresas inscreverem suas iniciativas e os seus cases. Então, a gente optou por não realizar esse ano. E essa é uma das atividades que comentei que a gente entende que podem ser desgarradas da feira, podendo acontecer anualmente.

Quais impactos da pandemia poderão ser sentidos na Brasil Brau?
O primeiro impacto que a gente sentiu negativamente na feira foi uma baixa na participação de empresas internacionais. É algo que eu tenho avaliado e analisado nos eventos em geral como normal. A China, por exemplo, é grande fornecedora, mas a gente não vai ter nenhum expositor chinês pela primeira vez, pois as empresas estão proibidas de sair de lá. E isso é um impacto grande dentro da área de exposição. Porém, não é só o cenário mundial, mas o nosso cenário socioeconômico e político. Na parte de visitação, acho que os altos custos que a gente tem no Brasil também vão dificultar um pouco.

Mas eu acho que a gente se reinventa, assim como as próprias empresas, como elas fizeram com as tecnologias e a maneira de apresentação do conteúdo. E os eventos não vão deixar de existir. Você tem novas maneiras de trabalhar o seu produto e o seu marketing, mas os eventos continuam sendo essenciais. No caso da Brasil Brau, tem tecnologias que você precisa ver ao vivo. Além disso, cerveja é sensorial, então você precisa conversar sobre lúpulo e malte, por exemplo. E a cerveja é um produto de conexão.  

A pandemia mudou a sociedade e, como você mesmo já disse, a percepção das pessoas sobre os eventos. Estando à frente da Brasil Brau e do Mondial de la Bière no país, como essas tendências afetam o trabalho de organização desses encontros?
Os eventos precisam gerar uma experiência marcante. Você precisa voltar para casa e pensar naquele evento. A pessoa precisa ter extraído alguma experiência marcante. No caso da Brasil Brau, eu acho que está muito ligado ao conteúdo, que é a importância que estamos dando ao congresso. O que vai fazer com que a pessoa vá a uma feira de negócios e o evento a marque, é o que você vai absorver, quais discussões vão ser construtivas para você, com aplicação no seu dia a dia. No Mondial, qual é o diferencial que você encontra? É uma experiência de entretenimento. O Mondial, nessa nova fase, tem o objetivo de criar experiências mais marcantes. Ele jamais pode deixar de ter sua importância dentro do mercado e a sua atenção nos produtos, mas a gente precisa gerar mais entretenimento, mais experiências marcantes.

Como está o processo de preparação do Mondial para 2022?
Eu vou jogar uma água no chope. Infelizmente, a gente não vai realizar a edição de São Paulo nesse ano. Seria muito curto e a gente quer fazer um trabalho de excelência, como a gente faz no Rio. Mas tem uma outra novidade, que é uma nova praça, a gente vai realizar um terceiro Mondial no Brasil, em uma nova cidade. Sobre o Rio de Janeiro, a gente vai melhorar muito a experiência. Sabemos que houve dificuldades no ano passado. E o nosso primeiro passo é entregar o evento com excelência, como todo mundo conhece. Para isso, a gente vai continuar investindo nessa característica de festival, trazendo novas ativações de música e de gastronomia, melhorando ainda mais o serviço de cerveja ao redor do evento.

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