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Fora da caixinha: Premiados, brasileiros apostam na inventividade a partir do centeio

centeio
Após conquistar medalha inédita nos EUA, quarteto de cervejeiros caseiros promete manter criatividade como meta em próximas receitas

Vista como um dos diferenciais das artesanais, mas nem sempre presente no mercado, a criatividade deu o tom quando um grupo de quatro cervejeiros decidiu criar a Onyris Ryewine. Eles optaram por substituir cerca de 50% do malte de cevada por malte de centeio para criar uma receita. E o resultado foi que a bebida acabou sendo recentemente premiada no National Homebrew Competition (NHC), promovido pela American Homebrewers Association (AHA), nos Estados Unidos.

O quarteto premiado e inventivo é composto por Danny Mattos, Jonas Geiss, Mauro Manzali Bonaccorsi – todos os três juízes da entidade norte-americana Beer Judge Certification Program (BJCP) – e Marco Antônio Lemos. A partir da concepção de uma cerveja wine de trigo, eles decidiram ir para uma com malte de centeio. E a denominaram Onyres Ryewine.

“Já tínhamos feito cervejas wine de trigo e queríamos fazer uma receita diferente. Então estudamos bastante e chegamos a conclusão que o centeio seria o ingrediente perfeito para uma cerveja com essa complexidade”, explica Danny Mattos, em entrevista ao Guia.

Leia também: Entrevista – Cerveja brasileira replica bem, mas precisa melhorar a criatividade

Mas o cervejeiro aponta que essa opção trouxe desafios, sobretudo pelas características do centeio, que é combinado com outros cinco tipos de malte nessa receita. “Sabíamos do desafio que seria usar 50% de malte de centeio devido à dificuldade de filtrarmos um ingrediente que não possui cascas, e é muito viscoso”, acrescenta.

Mattos explica que a Onyris Ryewine, cerveja que no nome faz referência ao seu estilo e aos deuses gregos do sonho, possui aroma maltado complexo com notas florais, tabaco e especiarias. Sua cor é âmbar escuro, com espuma densa e bege. E, no sabor, aparecem o malte complexo com notas picantes e o amargor médio-alto, que fazem o balanço com a complexidade dos maltes.

Densa e forte, com graduação alcoólica de 12%, a cerveja é uma High Gravity, opção que vai ao encontro do gosto do quarteto pelo ritmo lento de sua concepção. “Gostamos das cervejas High Gravity e do desafio que elas trazem, bem como cuidar do processo passo a passo, pois é uma cerveja que leva cerca de um ano para atingir sua maturidade”, aponta Mattos.

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Benefícios do prêmio
Foi, então, com uma receita que foge do óbvio que o quarteto desembarcou nos Estados Unidos, voltando com o importante prêmio da NHC na categoria Speciality Beer, após concorrer com outras 214 amostras.

A cerveja criada por eles foi tão criativa que precisou ser inscrita na categoria Alternative Grain Beer, embora tenha sido criada a partir de uma English Barleywine – mas sendo, de fato, um estilo ainda não reconhecido pelo BJCP.

Mattos detalha os benefícios dessa conquista até então inédita para brasileiros. “O premio é importante à medida que nos dá mais confiança para ir em frente, além de termos a certeza de estarmos no caminho certo, fazendo novas receitas com muito foco no processo. Em termos globais traz uma certa visibilidade, abre algumas portas e aumenta nossa responsabilidade e, assim, incentiva mais brasileiros a enviarem amostras para os próximos concursos”, diz.

Futuro
A receita da Onyris Ryewine foi pensada e executada sem testes em uma quantidade de 120 litros. A cerveja, porém, até por ser caseira, teve circulação restrita, apenas para degustação de amigos, um cenário que Mattos avalia a possibilidade de eventualmente alterar. “Estamos estudando uma forma de disponibilizar algumas garrafas para mais pessoas, quem sabe na festa da Acerva Mineira”, explica.

Unido para produzir essa cerveja premiada, que já havia recebido medalhas em eventos no Espírito Santo e em Minas Gerais, o quarteto costuma atuar separadamente no setor. Mattos e Marco Lemos possuem um pequeno projeto paralelo, com a produção cigana da Cerveja Brava Serena. Já Mauro Manzali é idealizador e proprietário do aplicativo Beer Guide, enquanto Jonas Geiss é nome constante em vários torneios de cervejas caseiras, sendo o único a não morar em Belo Horizonte, mas em São Paulo.

E a premiação nos EUA, somada a outros reconhecimentos, os impulsionará a criar novas receitas, de preferência pensando “fora da caixinha”. “Temos mais planos vindo por aí. Já estamos estudando o estilo e preparando uma data para que possamos fazer a brassagem’, comenta Mattos, ainda sem dar dicas sobre a surpresa que preparam.

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