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Livro explora relação entre sociedade e álcool: “Faz parte do tecido da vida”

Embriagados, de Edward Slingerland, utiliza abordagens multidisciplinares sobre relação com álcool

A literatura em língua portuguesa que aborda a interação da sociedade com as bebidas alcoólicas ganhou recentemente uma adição significativa com o lançamento do livro “Embriagados”, de autoria de Edward Slingerland. O trabalho tem potencial para ampliar os debates sobre a possibilidade de um consumo saudável de álcool e como ele pode trazer benefícios ao ser humano. “O álcool é uma substância prazerosa que faz parte do tecido da vida tradicional em todo o mundo”, afirma o autor.

Agora disponível no mercado brasileiro por meio da editora Krater, “Embriagados” apresenta, em seu subtítulo, pistas sobre os temas abordados e a visão de Slingerland a respeito da relação da sociedade com o álcool: “Como bebemos, dançamos e avançamos em direção à civilização”.

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O trabalho consiste em cinco capítulos, além de introdução e conclusão, nos quais são explorados diversos tópicos, como as razões que levam as pessoas a se embriagar, a relação entre a intoxicação e as origens da civilização e do mundo moderno, bem como o papel da bebida na criatividade e nas interações humanas. Além disso, o livro aborda o lado sombrio da bebida, incluindo o problema do alcoolismo.

A versão em português de “Embriagados” é apenas uma das muitas edições já publicadas em dez idiomas diferentes. Nesta obra, o filósofo norte-americano expande seu campo de atuação para investigar a complexa relação entre a humanidade e as bebidas alcoólicas, recorrendo a abordagens multidisciplinares que envolvem arqueologia, história, psicologia e neurociência para encontrar explicações para a afinidade da sociedade por essas substâncias.

Ao enfatizar a importância cultural das bebidas alcoólicas, incluindo rituais sociais e religiosos, Slingerland argumenta que elas desempenharam um papel fundamental na formação de comunidades humanas. Além disso, defende o consumo moderado e socialmente responsável de álcool, destacando a dimensão social desse ato. Segundo Slingerland, uma das motivações para escrever o livro é demonstrar que existem aspectos positivos associados ao álcool, pois, caso contrário, ele não teria persistido ao longo da história da evolução humana.

“Parte do ponto de ‘Embriagados’ é desbancar essa visão que tem sido dominante, de que nosso gosto pelo álcool é um erro evolutivo,” diz. “E mostrar que, na verdade, ele tem funções, como redução do estresse, aumento da criatividade, promoção de vínculos sociais e confiança. E isso é o que manteve o gosto pelo álcool em nossos repertórios genéticos e culturais por milhares e milhares de anos”, acrescenta.

Slingerland também advoga por uma mudança na abordagem governamental em relação ao álcool. “Um erro é que o álcool é tratado puramente do ponto de vista do risco à saúde. Portanto, quando o governo diz que não há nível seguro de consumo de álcool, o que eles estão dizendo é que o impacto fisiológico líquido em você de consumir álcool é negativo,” diz. “Parte do problema é essa perspectiva de mitigação de risco. E depois o outro é o fato de que o álcool é tratado como se fosse apenas um vício sem sentido, como nosso gosto por nicotina ou comida junkie ou pornografia,” acrescenta.

O autor acredita que é necessário compreender profundamente os efeitos do álcool, não apenas para gerenciar seus riscos, mas também para promover uma cultura saudável de consumo de álcool, em que a ênfase seja colocada na moderação.

“Precisamos entender as funções, porque é intrigante que nós, como espécie, bebemos essa substância perigosa e temos feito isso pelo tempo em que temos feito qualquer coisa,” comenta. “Acho que a resposta não é a regulamentação do governo. É emular culturas saudáveis de consumo de álcool”.

Vantagens do álcool
Para Slingerland, o álcool possui vantagens em relação a outras substâncias intoxicantes, devido ao conhecimento claro de seus efeitos, que são consistentes entre diferentes pessoas, e à rapidez com que eles aparecem e se dissipam.

“É a cronometragem de como metabolizamos o álcool que o torna uma droga social perfeita, porque você pode bebê-lo durante uma refeição, experimentar os efeitos da intoxicação leve. E, quando estiver pronto para ir dormir, ele já saiu do seu sistema. Portanto, existem outras substâncias intoxicantes e elas têm vantagens, mas nenhuma delas, há uma boa razão pela qual o álcool foi escolhido pela evolução cultural para ser a principal droga social,” conclui o autor de “Embriagados”.

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