fbpx

8 avaliações sobre o futuro do setor cervejeiro a partir da pesquisa do Guia

Os desafios enfrentados pelo setor recentemente e os gargalos que ainda impedem uma recuperação mais consolidada da pandemia foram constatados no levantamento “O Ano de 2022 para as Cervejarias“. No entanto, esses obstáculos não ofuscam as perspectivas de um futuro promissor, na visão de especialistas e representantes do setor cervejeiro ouvidos pela reportagem do Guia.

Após um ano de ajustes, a indústria ainda se depara com desafios e precisa aproveitar oportunidades que impulsionarão seu crescimento. Segundo esses profissionais, essa expansão passa pela necessidade de uma reforma tributária adequada, redução da burocracia e dos custos operacionais.

Os especialistas ponderam que, para tornar o crescimento sustentável, é necessário também fazer o dever de casa, com investimento na qualificação da gestão das cervejarias e dos profissionais que atuam diretamente no mercado.

Além disso, há perspectivas de mudanças nos tributos para impulsionar o setor cervejeiro, permitindo melhorias na operação das empresas. Nesse sentido, a reforma tributária é vista como uma medida essencial para o desenvolvimento do segmento.

Leia também – Venda de cerveja no Brasil deve crescer 4,5% em 2023, estima pesquisa

Confira a seguir as perspectivas de oito profissionais do setor cervejeiro com base nos resultados do levantamento “O Ano de 2022 para as Cervejarias”:

Abracerva (Gilberto Tarantino, presidente)
Cerveja artesanal é uma paixão e continua sendo um segmento muito promissor e atrativo. Por isso, acreditamos que o setor continuará crescendo em share, em volume e em quantidade de empresas e empregos gerados. O desafio é que isso aconteça com sustentabilidade econômica, social e ambiental. Por isso, nossa luta por justiça tributária, melhores oportunidades dentro da cadeia de distribuição e PDVs e os esforços de qualificação da gestão das cervejarias e dos profissionais do mercado.

Abralatas (Guilherme Canielo, relações corporativas)
O futuro é, sem dúvidas, promissor. Em 2022 tivemos um ano de ajustes, que foi o pós-pandemia, mas entendemos que esse momento passou. Estamos em meio a importantes ajustes econômicos no Brasil, principalmente tributários, que tendem a melhorar o cenário de consumo geral e dar fôlego às empresas. O acesso a insumos e a embalagens mais adequadas para os variados gostos, adequados para os consumidores modernos e que se preocupam com o meio ambiente e a sustentabilidade, certamente estarão mais favoráveis e permitirão seguir com a expansão histórica e identificada na pesquisa.

Abrasel (Paulo Solmucci, presidente-executivo)
O futuro tende a ser melhor, mas nós precisamos equacionar a questão do custo, promovendo pequenos ajustes de preço, de maneira que o setor possa encontrar uma sustentabilidade. Por fim, o setor de alimentação fora do lar precisa de ajuda, com o refinanciamento de dívidas para micro e pequenas empresas, inclusive de cervejarias. Estamos negociando para que a nova rodada do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) venha com prazos maiores para pagamento das dívidas. Isso pode ser o caminho para ajudar os empreendedores que estão inadimplentes a voltarem a operar em lucro.


ANR (Fernando Blower, diretor-executivo)
Nossa visão é que 2023 ainda será um ano complicado por trazer reflexos dos anos anteriores, porém é um momento que tende a levar para uma recuperação. Assim como em todos os setores, a tendência é de uma volta à normalidade, onde as pessoas saem de casa e vão voltar com seus hábitos de consumo.

Euromonitor (Rodrigo Mattos, analista de bebidas)
Acredito que o setor ainda deva se desenvolver mais. Temos um mercado muito concentrado em poucas empresas de grande porte, o que parece mostrar que existe espaço a ser roubado por empresas de médio porte que ofereçam um produto interessante e apelativo ao consumidor. Além disso, mesmo visualizando crescimento de volume, o share da categoria se mantém estável frente a cervejarias “normais” o que mostra que ainda falta uma capacidade de ganhar espaço frente as grandes. Por fim, acredito que exista um potencial legal a se explorar em explorar novas identidades para se ganhar “share of mind” entre os consumidores. Digo isso com alguns exemplos em mente, como a Japas Cervejaria, a Implicantes e outros exemplos. Assim, a proposta não é crescer nem ser um player do mercado, mas oferecer um produto a um nicho fiel que assim vai dar giro para a marca que vive principalmente de propósito.

Além disso, fora do escopo, eu ficaria de olho em questão de taxação, como não está claro ainda como vai ser o novo arcabouço fiscal e as novas políticas fiscais do governo, a possibilidade de um “sin tax” ainda ronda, mesmo que se simplificada, a taxação pode aumentar. Recomendo que isso seja discutido até em grupos de trabalho e se pense em como o setor vai responder: talvez seja positivo, porque as microcervejarias bem geridas ganhariam fôlego com um produto premium que manterá as margens, enquanto as grandes marcas de mainstream e low price podem ficar mais prejudicadas… Porém, ainda teremos mais impostos e o que devemos fazer para gerir bem a indústria?

Febracerva (Marco Falcone, presidente)
O setor ainda é uma incógnita nesse ano. Não sabemos o que vem pela frente de política econômica. Vem aí uma reforma tributária e estamos trabalhando para evitar que aconteça o pior, que seria a inclusão no imposto do pecado. A cerveja caminha junto com a evolução da sociedade humana, tem uma importância cultural, estando presente em eventos, além de contribuir para as relações sociais.

Existe perspectiva de crescimento em 2023, como constatado pela pesquisa, mas também estamos com um pé atrás por tudo o que vivemos na pandemia. Precisamos de uma carga tributária melhor para que ocorra o crescimento.

Ministério da Agricultura (Eduardo Marcusso, servidor público e consultor técnico da Câmara Setorial da Cerveja)
Todos os debates cervejeiros que participo acabam caindo na questão tributária, vejo que o crescimento e a força que o setor apresentou na última década necessitam de diferenciação tributária para manter esse patamar. A maioria dos países com tradição cervejeira e/ou grande mercado possuem política tributária diferenciada para micro e pequenas empresas ou específico para as cervejarias artesanais.

No Brasil, a reforma tributária é essencial para o setor, mas como ela foca na simplificação e não vai mexer no Simples Nacional, é fundamental que exista mobilização para aprovação dos projetos de lei que vão nessa direção, tanto na Câmara dos Deputados (PLP 108/2021), quanto no Senado (PLP 127/2021). Hoje o teto do Simples Nacional se tornou uma barreira para o crescimento das microcervejarias, o seu aumento iria impulsionar centenas de empreendimentos cervejeiros pelo país

Eduardo Marcusso, servidor público do Ministério da Agricultura

Sindicerv (Márcio Maciel, presidente executivo)
O setor cervejeiro segue otimista. É o primeiro ano cheio após a pandemia, marcado pela retomada do carnaval nas ruas, as festividades regionais (como São João e a Oktoberfest) e os principais eventos esportivos e musicais em todo o País. O Brasil ocupa posição relevante na produção de cerveja e somos um parceiro estratégico para a retomada do crescimento do país. No entanto, ainda temos o obstáculo do peso dos impostos, relatado pelos produtores como o principal desafio.

Para avançarmos mais no crescimento do setor, precisamos de uma reforma tributária que reduza a burocracia, o contencioso jurídico, a quantidade de impostos, a complexidade e o custo da sua operação. E que traga segurança jurídica para a indústria, sem aumento da carga tributária, uma das mais altas do mundo para a atividade produtiva. O impacto atual dos tributos no preço final da cerveja chega a 56%.

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password