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Spaten melhor puro malte: Jurados detalham como foi avaliação de cervejas

Competição promovida pelo Estadão teve triunfo da Spaten sobre outras 12 marcas

Bastante comuns no universo da cerveja, as competições envolvem grandes desafios. Afinal, diversos pontos precisam ser levados em consideração na hora de avaliar uma bebida. E seus resultados são vistos como balizadores de qualidade, mesmo que nem sempre correspondam ao senso comum, além de gerarem grande repercussão. Foi assim com a recente disputa promovida pela editoria Paladar, do jornal O Estado de S. Paulo, que avaliou 13 cervejas vendidas em supermercados, elegendo a Spaten como a “melhor puro malte”.

A Spaten, assim, superou marcas conhecidas e populares, como Heineken, Brahma e Bohemia, para levar o título de “melhor puro malte do Brasil”, com a Amstel ficando em segundo lugar e a Império sendo a terceira colocada. Em função da curiosidade despertada pelo resultado, o Guia conversou com dois dos cinco jurados da competição para saber o que eles acharam da experiência de avaliar cervejas mais populares, algo menos costumeiro em competições do segmento.

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“Não fiquei surpreso com o resultado. Participei de muito teste oculto quando publicitário, trabalhando para cervejarias, e acho que a marca tem uma grande influência na experiência de consumir a cerveja”, conta Junior Bottura, técnico cervejeiro e fundador da cervejaria Avós.

Bottura pondera, no entanto, que o resultado a que ele e os demais jurados chegaram não tem validade científica. “É somente a opinião de cinco pessoas do mercado. O resultado deveria ser tratado como um parâmetro interessante de comparação com a opinião pessoal do consumidor”, diz.

Em campeonatos, as marcas participantes são as responsáveis pela inscrição das amostras e seu envio aos organizadores, algo diferente do ocorrido na disputa promovida pelo Estadão, em que as cervejas foram adquiridas em supermercados.

Os especialistas destacam que as competições oficiais adotam tal expediente para que a avaliação das amostras seja equânime, pois aspectos como data de fabricação, validade, armazenamento, transporte e o manuseio do líquido podem influenciar no sabor final da bebida.

“Em campeonatos oficiais, como os que já participei, geralmente quem manda as amostras são as cervejarias. Isso é para você garantir que a cervejaria mandou o melhor que ela tinha e o mais fresco para o campeonato”, explica Guto Procópio, sommelier de cervejas e sócio do Let’s Beer, bar que sediou a disputa.

Assim, os jurados reconhecem que as condições das amostras podem ter influenciado na avaliação das cervejas. “Após a revelação de cada uma das marcas, vimos as datas de validades nas latas e o local de produção, e ficou claro que o tempo de envase e o transporte influenciam muito no resultado”, diz Bottura. “Você pode ter uma excelente cerveja deteriorada pelo armazenamento e pelo transporte, então não define a qualidade exata da cerveja”, acrescenta Procópio.

No teste, os jurados avaliaram uma marca de cada vez. As cervejas chegaram geladas às mesas, depois sendo reservadas para uma avaliação à temperatura ambiente, condição que ajuda a evidenciar defeitos das bebidas – caso eles existam.

As marcas avaliadas foram: Amstel, Bohemia, Brahma, Cerpa Prime, Eisenbahn, Heineken, Império, Itaipava, Original, Petra, Stella Artois, Spaten e Skol. Os profissionais deram notas em características como cor, estabilidade de espuma, brilho, aroma e sabor, de 0 a 10. De acordo com o Estadão, a Spaten, eleita a melhor puro malte do Brasil, teve 8,96 como média.

Procópio pondera que nem todas as cervejas participantes eram Premium Lager, o que pode ter provocado discrepâncias na avaliação às cegas do júri. “O que me surpreendeu mais foi a presença de cervejas que não são Premium Lagers no meio. As cervejas que não são puro malte não podem ser avaliadas pelo prisma de uma cerveja premium”, diz.

“Dificilmente você poderia falar muito bem de uma cerveja que você espera um pouco mais de intensidade, sendo que ela foi feita para ser menos intensa.  Então, às vezes, não é uma questão de qualidade. É a questão de não se encaixar no estilo que os juízes estavam esperando”, acrescenta o sócio do Let’s Beer.

A disputa promovida pelo Estadão também colocou em disputa cervejas que raramente se inscrevem para concursos sob a avaliação de conhecidos especialistas. Para o fundador da Avós, realizar a avaliação de American Lagers é até mais difícil do que outros estilos, por suas características.

As diferenças são muito sutis e os defeitos aparecem com mais facilidade. Gostaria de repetir a experiência fazendo o mesmo teste com cervejas que acabaram de sair do envase, pós-pasteurização, todas transportadas e armazenadas da mesma forma. Fica uma dica de teste e minha disponibilidade para participar

Junior Bottura, fundador da Avós

Além de Bottura e Procópio, o concurso também teve Edu Passarelli, professor do Instituto da Cerveja Brasil e dono do Escarcéu Bar, a sommelier de cervejas Bia Amorim e Julia Leme, consultora de hospitalidade e gestão de restaurantes e bares, como jurados.

“As avaliações gerais foram compiladas em uma só”, explica Bottura. “Muito do que está ali não foi a opinião de cada um, mas um resumo da maioria da opinião dos cinco. Vale destacar que houve algumas divergências”, acrescenta o fundador da Avós, marca artesanal conhecida pela produção de Lagers.

A experiência de degustação às cegas, organizada pelo Estadão, aconteceu no Let’s Beer, bar localizado no bairro Vila Mariana, em São Paulo, e definido pelo seu sócio, como uma “escola”, pela possibilidade de aprendizado sobre cerveja e seus estilos.

“Recentemente, passamos por um grande período fazendo confrarias nas quais trazíamos cervejas, principalmente nos Estados Unidos, e fazíamos um grande compartilhamento de garrafas. É o lugar ideal para quem gosta de experimentar cerveja e aprender sobre o estilo”, relata Procópio.

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