fbpx
breaking news New

Janeiro Seco: Conheça o movimento e sua influência no mercado cervejeiro

Adoção da abstinência no primeiro mês do ano tem sido estimulada por campanhas que reforçam importância do consumo moderado

Ficar um mês sem consumir bebidas alcoólicas. A iniciativa, adotada informalmente por milhares de pessoas pelos mais diversos motivos, ganhou, há dez anos, um movimento, o Dry January, ou Janeiro Seco, em uma tradução livre, adotada no Brasil. E com uma década de existência, tem movimentado o mercado, amparado pela propagação do consumo consciente, assim como pelo aumento da procura por cervejas sem álcool.

A ideia do Dry January surgiu por um dos diversos motivos que levam uma pessoa a ficar algum tempo sem consumir bebidas alcoólicas: a preparação para uma prova física. Foi o que aconteceu com Emily Robinson, às vésperas de uma maratona. Posteriormente, ela foi a responsável pela criação da iniciativa quando estava na Alcohol Concern, hoje Alcohol Change UK, realizando o primeiro “Janeiro Seco” no mês inicial de 2013.

A campanha não era inédita, tanto que existem relatos de outras iniciativas parecidas, como na Finlândia, nos anos 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial. Mas fato é que o Dry January do grupo britânico que trabalha para reduzir os danos do álcool ganhou mais notoriedade, inclusive fora do Reino Unido.

Leia também – Como será 2023 para a indústria da cerveja? 9 empresas opinam

“Essa não foi a primeira vez que o termo Janeiro Seco apareceu. Houve uma campanha chamada Sober January (Janeiro Sóbio, em português), em 1942, feita pelo governo da Finlândia. Mas a mais forte é dessa ONG britânica e que também chega aos Estados Unidos com muita força anos atrás. Também vem chegando aos poucos aqui no Brasil”, diz Luis Celso Jr., sommelier e fundador do Bar do Celso.com.

No Reino Unido, o programa inicial teve a adesão de 4 mil pessoas, número que saltou para 130 mil no ano passado. Nesse período, a Alcohol Change UK também lançou um aplicativo, o Try Dry, mesmo nome do guia oficial para um mês sem álcool para as pessoas inscritas, que podem receber e-mails diários sobre o tema. Além disso, algumas pesquisas mostraram que participantes do Janeiro Seco passaram a consumir álcool de forma mais saudável.

Com o sucesso local, o Dry January não mais se restringiu ao Reino Unido. O programa tem parceiros oficiais em diversos países, com alguns deles tendo lançado campanhas próprias, como França, Suíça, Noruega e Islândia. Os Estados Unidos também aderiram ao Janeiro Seco.

“O legal dessa campanha é que ela foi abraçada por muitas cervejarias e se espalhou pelo mundo, já que hoje existe muita variedade de oferta de cervejas sem álcool. Claro que as cervejarias americanas enxergaram uma oportunidade nisso. Nos EUA, o Dry January ganhou força e foi incorporado ao marketing buscando aqueles consumidores que se identificam com o conceito chamado wellness – bem-estar físico e mental”, diz Rodrigo Sena, sommelier, responsável pelo canal Beersenses e colunista do Guia.

Publicidade

No Brasil, marcas também estão atentas a essa possibilidade, que coincide com o crescimento do consumo de cervejas sem álcool.  Apesar de ainda representar uma parcela discreta do consumo total do mercado, a categoria de cerveja sem teor alcoólico foi considerada uma das mais bem-sucedidas nas vendas ao varejo em 2021. Segundo levantamento da empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International para o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, esse segmento registrou volume de 284,6 milhões de litros, um aumento de 44% em relação ao ano anterior.

O número de pessoas que se interessam por assuntos ligados a esse conceito só aumenta e as cervejarias passaram a lançar produtos para esse público. Além disso, é também uma baita oportunidade das cervejarias apresentarem seus rótulos sem álcool para aqueles consumidores que não estão tão ligados nisso. Por isso o Dry January ganhou tanta força

Rodrigo Sena, sommelier e responsável pelo canal Beersenses

Não à toa, muitas cervejarias ampliaram seus portfólios de cerveja com opções não alcoólicas, caso da Doktor Bräu, que possui a Isotonic Fruitbeer, e da Paulistânia, que lançou, no último fim de semana, um rótulo não alcoólico, a Interlagos.

“Esse movimento foi impulsionado pelo aumento da busca pela saúde e do consumo consciente e traz mais oportunidades de atuação para cervejarias. A Doktor Bräu, percebendo essas mudanças no mercado, investiu pesado em tecnologias de última geração e passou a produzir cervejas sem álcool”, diz Nuberto Hopfgartner, um dos fundadores da da Doktor Bräu.

Inclusive, na visão de Sena, o Janeiro Seco forçará adaptações nas estratégias das cervejarias, sob risco de perda de participação no mercado. “Acredito que é um movimento que veio para ficar e a cada mês de janeiro terá mais força aqui no Brasil. Faz todo o sentido, pois além de ser uma boa oportunidade de aumentar o volume de vendas, ainda contribui diretamente para o branding da cervejaria. Quem não estiver atento a isso ficará para trás”, alerta.

Além disso, campanhas como a do Janeiro Seco podem reverberar durante o restante do ano – e não apenas para aqueles que aderiram à abstinência temporal. Afinal, reforça a importância do consumo moderado, uma prática que tem sido destacada por outras iniciativas, assim como amplia as opções de bebidas a serem oferecidas ao público.

“Isso estimula a produção de cerveja sem álcool, que é um tema que está super em voga hoje. Então você pode, sim, consumir uma cerveja sem álcool, matando a vontade. Outra coisa que há de se pensar é que não adianta nada ficar janeiro inteiro sem beber e beber nos outros meses tudo o que não se bebeu nesse período. O importante é valorizar a moderação”, diz Celso.

O grande impacto no mercado é começarmos a pensar em moderação sem se abster 100% da cerveja. E a cerveja sem álcool é um ótimo exemplo

Luis Celso Jr., sommelier e fundador do BarDoCelso.com

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password