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Entrevista: “Uma coisa são as chances; outra é a capacidade das cervejarias de abraçá-las”

Gustavo Barreira, CEO da CBCA, revela no Guia Talks motivações para últimas ações da companhia no setor

A retomada das atividades sem restrições traz a expectativa de que o setor de artesanais recupere as perdas sofridas nos momentos mais duros da pandemia do coronavírus, mas é necessário estar pronto para aproveitar as oportunidades. O alerta foi feito durante o 13º episódio do Guia Talks, na entrevista com Gustavo Barreira, CEO da CBCA, a Companhia Brasileira de Cervejas Artesanais.

Os períodos mais graves da crise sanitária, aliás, não impediram a CBCA de se movimentar, em uma preparação para a recuperação da economia e do segmento cervejeiro. Afinal, se mais recentemente acertou a fusão com a Startup Brewing, incorporando a marca Unicorn, a companhia já havia recebido o aporte de novos investidores semanas antes. Afinal, o Grupo Maubisa havia se associado à CBCA, o que deve ajudar a acelerar a sua expansão.

Esses movimentos de mercado foram tema do Guia Talks, programa de entrevista em vídeo do Guia, com Gustavo Barreira. Nela, o executivo explicou as razões que motivaram a junção com a Startup Brewing, que possibilita a expansão da capacidade produtiva e a maior presença no mercado paulista, assim como relata as possibilidades de melhora na gestão a partir do acordo com o Grupo Maubisa.

Além disso, na entrevista, Gustavo Barreira comenta os planos da CBCA para o restante de 2022, depois de tantas movimentações no mercado. “Estou enxergando com muito otimismo o segundo semestre. Uma coisa são as oportunidades que o mercado vai trazer. Outra coisa é a capacidade das cervejarias de abraçar essas oportunidades”, diz.

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Confira os principais trechos da entrevista do Guia com Gustavo Barreira, CEO da CBCA:

O que motivou a fusão da CBCA com a Startup Brewing?
O projeto já previa uma expansão nas áreas de atuação, como os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. E quando começaram as conversas com a Startup, estávamos buscando capacidade produtiva. E eles buscando um parceiro estratégico para acelerar o projeto. Então, adquirimos a Startup, trazendo também a marca Unicorn para o nosso portfólio. Somou a necessidade da Startup de acelerar com a nossa, de ter mais capacidade produtiva. E que também pudesse ser expandida, que é uma das belezas da fábrica da Startup. No futuro, ela pode chegar a produzir 400 mil litros mensais.

A CBCA já contava com a Leuven, que tem uma fábrica em Piracicaba (SP), e agora incorporou a Startup Brewing, com a unidade produtiva em Itupeva (SP).  Com essa fusão, então, o mercado paulista se torna o principal foco da CBCA?
São Paulo é um estado que requer atenção especial. Tem uma cultura cervejeira estabelecida, além de consumidores de cervejas especiais e produtos artesanais. Existe uma cadeia logística muito sólida, com cidades que cresceram tanto que já se transformaram em regiões metropolitanas, com São Paulo, Campinas, Piracicaba… Então, está virando um cinturão só. Tem o oeste do estado, com São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Araçatuba, além da região de Ribeirão Preto e o litoral. É o segundo estado com o maior número de cervejarias do Brasil, muito perto do Rio Grande do Sul. E, por outro lado, a fábrica da Leuven tem uma capacidade produtiva menor do que a da Schornstein, em Santa Catarina. Então, precisávamos de um reforço. Se elas fossem iguais, não teríamos essa urgência.

O que a incorporação da Unicorn acrescenta ao portfólio da CBCA?
A Unicorn se apresenta como uma marca de entrada. Ela tem um portfólio para pessoas que são iniciantes no mercado cervejeiro. Ela tem alguns estilos que não contávamos no nosso portfólio, como Pale Ale. Então, entra com esse complemento de portfólio, tendo um price index muito parecido ao da Schornstein, mas se posicionando como produto de entrada e bastante presente nas redes de supermercados. Ela agrega canais, produtos que não tínhamos no portfólio e com preços levemente diferentes aos da Schornstein, que hoje é o nosso cavalo de batalha. Além disso, há o fato de já existir uma carteira de vendas em São Paulo capital, onde é bastante presente. E aí um bar que não recebia CBCA e só tinha Unicorn, também pode passar a contar com as nossas cervejas.

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Em março, o Grupo Maubisa se tornou investidor da CBCA. O que esse acordo trouxe de benefícios para a companhia?
Esse foi um movimento bastante relevante, que está na nossa história. A Maubisa liderou um grupo de investidores, que muito além do aporte financeiro, está trazendo muito conhecimento, know-how e networking. E vem nos ajudando em tomadas de decisão que nos encurtam os caminhos do que queremos fazer. Estou bastante contente. Houve aprimoramento de governança, das decisões estratégicas do dia a dia. Como já disse, a CBCA é um projeto. E a Maubisa entra com o intuito de nos ajudar a acelerá-lo. Hoje, a gente vive um dilema interno que é a busca do ponto ótimo, entre aceleramos, mas não de forma a tirar o trem do trilho. Enxergamos boas oportunidades, bons movimentos no mercado de crescimento, até de forma orgânica, reforçando a capacidade das fábricas. Mas, ao mesmo tempo, não podemos acelerar tanto sob o risco de perder a mão do volante. A Maubisa traz ótimas reflexões e visões que complementam e nos ajudam na tomada da melhor decisão.

Também neste ano, Leo Sewald deixou o dia a dia da Seasons, passando a morar nos Estados Unidos, atuando como um consultor da marca que fundou. Como fica a Seasons em meio a essa mudança?
A marca ganhou vida própria. Cada vez mais tende a ser uma marca que fala por si, com muita inovação, mantendo essa característica irreverente, de ser pioneira em alguns movimentos. Lançamos em 2021 a linha Legado, com produtos como o café e o cacau da Amazônia, certificados, orgânicos, de agricultura familiar. Então, ela traz essa pegada e preocupação de combinar inovação com o senso de responsabilidade social. Agora, devem surgir parcerias com cervejarias de fora do País. E estamos com uma linha que liga o rock and roll com a marca. A ideia é privilegiar o nacional, o sustentável, o pequeno e sem perder a irreverência. É a mesma concepção que o Leo pensou para ela.

Depois de tantas movimentações, quais são os planos e próximos passos para a CBCA?
Estamos com muito foco na arrumação da casa. Fazer a integração de uma nova empresa é bem complexo. Estamos como quatro pessoas em um time de integração, que está alocado na Startup, focado em levar para lá os padrões e a forma de operação da CBCA. Estamos agora no segundo semestre, que representa historicamente 60% das vendas no ano. É uma época de rampa, de muito cuidado com a operação, fora coisas periféricas. Daqui para frente é só aceleração. Estaremos na Oktoberfest de São Paulo. Até o final do ano, nosso foco é total na operação. A partir do início de 2023, voltamos a avaliar crescimento orgânico, com investimento necessário para isso, e possibilidades de novos movimentos que envolvam aquisição ou fusão com outra cervejaria. Isso é mais uma agenda para o 2º ou 3º trimestre de 2023.

Com o abrandamento da crise sanitária, chegou o momento da recuperação do setor de cervejas artesanais?

Sou otimista por natureza, mas com um olhar cuidadoso. O que vejo é um segundo semestre muito forte, lembrando que tivemos janeiro e fevereiro complicados, com o carnaval e grandes eventos sendo cancelados. Ainda houve alguma insegurança sobre como seria o restante do primeiro semestre. Então, apesar de termos conseguido atingir nossas metas, ficamos 5% abaixo do nosso orçamento deste ano no primeiro semestre. Estou enxergando muito otimismo com o segundo semestre. Mas uma coisa são as oportunidades que o mercado vai trazer. Outra é a capacidade das cervejarias de abraçar essas oportunidades

Gustavo Barreira, CEO da CBCA

Quais são os desafios para as cervejarias aproveitarem esse momento de retomada?
A dificuldade número 1 é o capital de giro. Todo mundo consumiu estoque, transformou o que tinha em liquidez nos momentos mais difíceis. E as cervejarias sempre ficam com o caixa negativo. Primeiro você paga a matéria-prima, depois são 30 dias só para produzir. Depois, tem mais 15 ou 20 dias do produto no estoque. E ainda mais 15 ou 20 dias para receber. Então, existe uma demora para o dinheiro voltar. E toda vez que a gente acelera, existe uma demanda natural de capital de giro. O dinheiro está caro e não está abundante, então são dificuldades para o meio cervejeiro tirar proveito desse cenário positivo que vem pela frente. De qualquer forma, acho que vai ser um segundo semestre bastante bom, melhor do que o do ano anterior.

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