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Entrevista: “O sommelier é o relações públicas do universo cervejeiro”

sommelier cerveja
Bia Amorim é organizadora do Guia de Sommelieria de Cervejas, livro com textos produzidos por 28 profissionais do setor

O sommelier de cerveja agora é uma das 2.269 ocupações reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Há cerca de duas semanas, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) trouxe atualizações na sua lista, incluindo o trabalho do sommelier, tema de mais uma edição do Guia Talks, agora com Bia Amorim.

A sommelière de cervejas, escritora e fundadora da Farofa Magazine é a organizadora do Guia de Sommelieria de Cervejas, livro publicado pela editora Krater, com textos produzidos por 28 profissionais do setor, do Brasil e de outros países. A obra é um manual prático visando complementar a formação dos profissionais, além de buscar ajudar a reduzir a carência desse tipo de publicação no país.

No Guia Talks, Bia Amorim comentou sobre o processo de concepção do livro e o que ela considera ser a função primordial de um sommelier: atuar como um relações públicas da cerveja. Além disso, a especialista também apontou a entrada da profissão no CBO como um passo inicial para atender demandas de quem realiza essa função.

E, com a experiência de quem atua no mercado há anos, ela aposta que o setor vai produzir cervejas melhores neste ano, em todos os aspectos, diante da propagação do conhecimento entre os profissionais que atuam diretamente com as artesanais.

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Confira os principais trechos da conversa do Guia com Bia Amorim:

Como foi a concepção do Guia de Sommelieria de Cervejas?
A Editora Krater, em dezembro de 2019, me ligou, falando do projeto do Guia. Eles já tinham um projeto muito amarrado, algumas sugestões de nomes. E a gente começou a fazer os convites, comigo funcionando como uma ponte. Na produção, buscamos refletir sobre qual é o papel do sommelier.  A gente deixou muito aberto para as pessoas escreverem da sua maneira. E ainda tivemos o desafio de escrevê-lo em meio à pandemia. Eu diria que este livro é um resultado muito importante para o mercado cervejeiro do Brasil.

Existe um público-alvo para o livro? Qual seria?
É um livro que é fácil de ser lido. Eu não sei se a gente pode rotular como sendo para o geek cervejeiro, o nerd cervejeiro. É para o cervejeiro, a pessoa que gosta de ler para buscar aprofundamento. Foi feito, também, para todos os sommeliers que já se formaram e vão poder fazer uma reciclagem. E para as pessoas terem uma fonte para consultas.

Como você enxergou a entrada do sommelier de cervejas no CBO? O que muda para os profissionais?
Eu acho que o CBO é uma ótima provocação. Não muda muita coisa no mundo, mas muda que você sai de um lugar quase inexistente para um lugar existente. O CBO foi importante porque você acaba tendo ali quais são as funções do sommelier, quais são as outras profissões que estão conectadas ao seu ambiente. E, às vezes, a burocracia é uma forma de registro. Ainda tem novos passos a dar, coisas para acontecer, inclusive até sobre quanto se ganha e sobre um plano de carreira. Acho que são questões para as escolas, os cursos de formação, a mídia e os profissionais também discutirem.

O setor de artesanais ainda tem uma participação diminuta no mercado. Qual é o papel do sommelier de cervejas para ajudá-lo a crescer?
O sommelier é como um relações públicas da cerveja. É quem ajuda o consumidor a fazer essa travessia entre uma forma de consumo antiga, um pouco restrita em questões de escolha de sabores e experiências pessoais, para um lugar onde, provavelmente por uma questão econômica, a pessoa vai ter que fazer melhores escolhas, mas também para uma forma diferente de consumo, porque em geral ela deveria beber menos. Como eu escolho, por quais parâmetros? O sommelier tem o papel de ajudar o consumidor a entender o que gosta, o que é bom. É a pessoa que dá a mão dos dois lados, para a cervejaria e para o consumidor. É muito legal você vivenciar isso e entender o que o consumidor quer. E, às vezes, é preciso ajustar a narrativa.

E o que o sommelier precisa fazer para alcançar isso?
A gente precisa chegar muito mais perto da gastronomia como mercado. A gente precisa de menos sommelier de cerveja e de mais garçons e garçonetes que entendam do produto. A gente não precisa rotular tanto. Parece que às vezes o sommelier virou um status. Eu acho que ele é algo muito maleável. Você está sommelier, não é um conhecimento que conseguiu atingir.

Quais são as tendências do mercado nesse momento?
Fazer cerveja boa. Isso pode parecer o primeiro passo, mas eu digo isso porque tenho visto muita gente se especializando, fazendo cursos, muitos cursos abrindo. Estourou a bolha das escolas particulares, muito nichadas. Tem muita gente entendendo mais e melhor a cerveja. É um mercado que tem mais autocrítica para que se possa fazer cervejas melhores. E a cerveja melhor não é somente a cerveja boa. É uma cerveja eficiente, que não tem desperdício, com mais sustentabilidade. É a cerveja onde a cervejaria trabalha melhor, entendendo quem é o seu público. A tendência é olhar mais para os dados que o mundo digital nos trouxe. É preciso cada vez mais encontrar quem é o público da minha cervejaria. Assim, você vai fazer um trabalho melhor. Saber qual é a pessoa que está atendendo, ainda mais que agora as pessoas vão beber mais localmente.

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