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Balcão da Luana: 2020 de saudades e novas experiências em eventos cervejeiros

Era só uma piada, mas acabou virando verdade. Em março, quando voltamos do Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau, e nos deparamos com o lockdown devido à pandemia da Covid-19, ríamos ao dizer “foi o último evento do ano”. Sim, foi. Quem ainda nutria uma ponta de esperança pela realização do Mondial de la Bière Rio em novembro, acabou de amargar a confirmação do adiamento para 2021.

Uma “tragédia anunciada”, afinal nem o mercado cervejeiro e nem o de eventos estão preparados para a retomada plena dessa atividade. Como controlar o distanciamento, evitar a contaminação através do serviço, rodar uma operação sem maiores impactos nos custos, garantir produtos para abastecer as torneiras e, ainda, gerar resultado para as cervejarias e os organizadores? Essa é uma equação que não tem como dar certo.

Em junho, o Ministério do Turismo publicou protocolos básicos e específicos para eventos, mas que claramente foram pensados para eventos de pequeno porte, corporativos e B2B. Não há regras – e nem condições – para a operação de eventos de grande porte e de entretenimento, como festivais de música e cervejeiros.

Resumidamente, os protocolos básicos trazem questões de higiene, medição de temperatura, renovação do ar com portas e janelas abertas e distribuição de álcool 70%. Já os protocolos específicos tratam de distanciamento nos acessos, corredores, estandes e CAEX (centro de atendimento ao expositor), tapete com produto desinfetante, entrega de máscaras e uso obrigatório por todos, além de corredores mais largos e de uma via só (quando possível).

Também há a proibição de oferta de alimentos e bebidas nos estandes, com exceção para amostras lacradas e higienizadas. E ainda sugerem uma “lista Covid”: um controle com todos os nomes e contatos dos participantes do evento a ser mantido por pelo menos um mês para que, caso algum deles teste positivo ou tenha suspeita de ter contraído o coronavírus, o organizador possa informar a todos os demais para que monitorem os sintomas por 14 dias.

Dá para imaginar um evento cervejeiro assim?

A saída foi partir para as telas. Assim, sommeliers criaram eventos online de conteúdo e degustação, cervejarias apostaram em lives musicais e organizadores de congressos também se adaptaram. Como o Craft Brewers Conference, que fez uma versão online em abril, com mais de 40 seminários, divididos em diferentes grupos de interesse. Já o Cervecon, realizado em setembro, apostou em uma plataforma de imersão, na qual os participantes “passeavam” por uma feira e por salas de conteúdo em 3D. Em dezembro, o Beer Summit vai reunir um time incrível de palestrantes, com nomes internacionais de peso, selecionados pelo Science of Beer.

Evento de conteúdo se resolve bem no digital. Difícil mesmo é levar a dinâmica da experiência dos festivais para este ambiente. Porque um festival de cerveja é terreno fértil para explorar toda a potência do live marketing, que, por conceito, deve ser presencial, promover o diálogo entre marca e consumidor, colocar o consumidor como protagonista, ativar os sentidos e gerar reverberação. Levá-lo para o digital requer adaptação do modelo de negócio, alinhamento de expectativas, criatividade e comunicação baseada na emoção.

Essa é a proposta do Great American Beer Festival (GABF), que acontece entre 1º e 18 de outubro. Com o passaporte do evento online, que custa US$ 20, o participante tem acesso a vantagens e promoções exclusivas, criadas pelas cervejarias em âmbito nacional, para uma experiência figital. Ou seja, durante esse período, os participantes podem aproveitar esses special deals para visitarem as cervejarias nas suas regiões, fortalecendo o drink local. Além disso, o passaporte dá acesso a dois dias de palestras, bate-papos, degustações e harmonizações virtuais.

No Brasil, nossos amigos do Mondial de la Bière prometem fazer um evento figital bem alinhado ao conceito do festival, com cervejas premiadas, shows, degustações e bate-papo com cervejeiros. Tudo isso no dia 12 de dezembro, no canal do YouTube do evento. Enquanto esperamos ansiosos por essa experiência de festival cervejeiro online, seguimos morrendo de saudades dos copos compartilhados, dos copos quebrando, dos abraços, sorrisos e rolês infinitos.


Luana Cloper é comunicóloga, especialista em Marketing, Gestão de Produtos e de Projetos. Dirigiu grandes eventos, em especial nos segmentos de food service e cerveja, como Sirha, Brasil Brau e Mondial de la Bière. É sommelière de cervejas, professora convidada do instituto Marketing Cervejeiro e sócia-fundadora da CMLC Consultoria Colaborativa.

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