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Pandemia freia expansão e adia consolidação de São Paulo como referência do setor

Com expansão de 200% em um ano, São Paulo passou a ser a segunda cidade com mais cervejarias no Brasil, mas crise gera incerteza

A produção de cervejas na maior cidade do Hemisfério Sul começou 2020 em alta. São Paulo passava por expansão relevante da oferta de rótulos produzida localmente, somada ao crescimento exponencial na quantidade de estabelecimentos cervejeiros em todas as regiões do município. A capital paulista caminhava, assim, para se consolidar como uma das referências do setor de artesanais no Brasil. Mas, com os desafios provocados pelas medidas de isolamento social em função da pandemia da Covid-19, o segmento paulistano está agora diante de um momento de incerteza.

“A Júpiter foi muito impactada pela quarentena. Antes da pandemia chegar ao Brasil, a maior parte de nossas vendas era em chope para bares. Com a limitação das operações desses estabelecimentos ao delivery, o consumo caiu bastante. Também pesa muito o fato de muitas pessoas enfrentarem redução de rendimentos, seja porque suas empresas faturam menos, seja porque perderam empregos”, diz David Michelsohn, mestre-cervejeiro da Júpiter, uma das referências do setor em São Paulo, exemplificando as dificuldades enfrentadas nesse momento de crise.

A história da produção profissional de cerveja na capital paulista começou ainda na Era Imperial, quando o alemão Louis Bücher convenceu o empresário Joaquim Salles a usar sua fábrica de gelo, chamada Antarctica, para produzir a primeira Lager nacional. Eram feitos 6 mil litros de cerveja por dia na indústria improvisada no bairro Água Branca. O negócio prosperou e, alguns anos depois, novos investidores entraram na sociedade e uma fábrica maior na Mooca foi construída.

Mas a expansão urbana no século XX levou São Paulo a restringir atividades industriais no município, através de leis ambientais e de zoneamento. Com isso, após o fechamento da fábrica da Brahma no bairro do Paraíso em 1980, a cidade viveu cerca de 30 anos sem produção local.

Somente com mudanças na legislação e implementação de novos modelos comerciais no setor, a capital paulista voltou a sentir o cheiro do malte virando cerveja. A partir de 2010, os brewpubs ganharam força na cidade. Estes estabelecimentos conseguiram as permissões ambientais e de zoneamento necessárias para produção de cerveja. Até marcas de fora do Brasil, como a Goose Island, começaram a fazer rótulos em São Paulo.

Com isso, a produção paulistana tem expandido ano após ano. Em 2018, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), havia nove cervejarias registradas em São Paulo. Já em 2019, a cidade fechou o ano com 27 empresas reconhecidas pelo Mapa, uma expansão de 200%, muito superior ao crescimento nacional, que ficou em 36% nesse período.

Leia também – Infográfico: Brasil passa de 1.200 cervejarias em 2019

Esses números fizeram São Paulo se tornar a segunda cidade com mais cervejarias no Brasil, atrás apenas de Porto Alegre, que possui 39, e superando cidades como Nova Lima, Caxias do Sul e Curitiba, que tinham mais cervejarias do que a capital paulista.

Incertezas da crise
No último aniversário de São Paulo, em janeiro, o Festival das Cervejarias Paulistanas contou com 13 empresas de diferentes bairros, com oferta de produção de ótima qualidade, além de grande variedade de rótulos.

Com esse crescimento, aliado ao enorme mercado consumidor e à característica cosmopolita da cidade, parecia iminente a consolidação de São Paulo como referência em cerveja artesanal no Brasil. Mas o cenário da pandemia da Covid-19, com o isolamento social e o fechamento dos bares, freou essas pretensões.

“O problema é que não temos perspectiva de quando irá voltar o mercado. No mercado de eventos, mesmo quando voltar, as pessoas vão ter medo de aglomerações. É uma coisa inacreditável o que está acontecendo no mundo”, afirma Gilberto Tarantino, sócio da cervejaria com maior volume de produção na cidade, a Tarantino.

Além disso, qualquer novo projeto que estava em desenvolvimento para ser implementado foi suspenso. “Fomos impactados com a suspensão de projetos especiais. Receitas que desenvolvemos com exclusividade tiveram sua produção adiada. Bares e empórios suspenderam ou recusaram pedidos feitos. Outro custo que estamos carregando é o do estoque, que havia sido reposto na primeira semana de março, pouco antes da quarentena se iniciar”, acrescenta Michelsohn, da Júpiter.

Agora, os empresários locais estão se adaptando e promovendo ações que permitam a retomada após o fim do isolamento. “Temos nove anos de história e já passamos por muitas situações, nada parecido com o que estamos vivendo agora, claro, mas estamos nos mantendo fortes e otimistas para enfrentarmos tudo isso”, conta Beatriz Cury, gerente de marketing e vendas da Cervejaria Nacional.

Contudo, Rogéria Xerxenevsky, sócia proprietária da cervejaria X Craft Beer, exibe esperança de que o setor saia fortalecido da pandemia. “Nós vamos chegar lá. Vai ser um ano mega apertado, difícil, mas nós vamos chegar lá do outro lado. Mais fortalecidos, talvez, com o público conhecendo mais sobre cerveja artesanal”, finaliza ela.

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