Como a indústria da cerveja promove diversidade, inclusão e equidade internamente

Cervejarias têm agido para construção de ambiente de trabalho mais acolhedor, combatendo preconceitos

A promoção da diversidade, da inclusão e da equidade de gênero é fundamental para uma empresa que pretende ser socialmente responsável. E ações para que isso aconteça ganham mais relevância quando colocadas em prática pelas associadas do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Ambev e Grupo Heineken, líderes no setor e referências com milhares de funcionários que devem ser impactados por iniciativas internas que estimulam a diversidade.

Cientes da importância de agirem de modo inclusivo, sendo modelos, essas cervejarias têm agido para a construção de um ambiente de trabalho mais acolhedor, combatendo o preconceito e abrindo as portas para a ampliação do espaço de grupos minoritários em seus departamentos.

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De acordo com a Ambev, suas ações são idealizadas para combater ativamente a homofobia, o racismo, o machismo e a objetificação da mulher no universo da cerveja, trazendo diversidade para a estrutura de trabalho.

“A Ambev acredita que é por meio de um ambiente diverso que as pessoas se sentem mais confiantes e à vontade para propor novas ideias. A relação entre os diferentes pontos de vista estimula a inovação e resulta na qualidade das decisões tomadas. Por isso, coordenamos programas internos, que envolvem a valorização das mulheres na empresa, equidade racial e de gênero, grupos de diversidade e respeito à comunidade LGBTQIAP+”, destaca Haigo Porto, gerente de diversidade e inclusão da Ambev.

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No Grupo Heineken, Vetusa Pereira, líder de diversidade, equidade e inclusão, aponta o respeito e o cuidado como valores que guiam a busca por um ambiente seguro e diverso. “Com o nosso grupo de afinidade ‘Além do Colorido’, trabalhamos constantemente na sensibilização e troca de conhecimento e experiências para que as pessoas se sintam acolhidas e inclusas, além de combater o preconceito. Além disso, disponibilizamos o ‘Conta Comigo’, um canal que oferece apoio psicológico a todos que desejarem, 24 horas por dia, sete dias por semana”, enfatiza.

Retificação de nomes
Para aplicar esses conceitos, Ambev e Grupo Heineken passaram, recentemente, a realizar iniciativas que apoiam a mudança dos nomes civis de funcionários que se identificam como trans e travestis. As companhias tomaram essa decisão para os colaboradores se sentirem mais incluídos no ambiente de trabalho e na sociedade.

“Um projeto recente, que tenho o orgulho de falar, é a ação de retificação de nomes civis das pessoas trans e travestis da companhia. Com o nome ‘Me chame pelo meu nome (e pronome também!)’, estamos oferecendo, gratuitamente, todo o apoio necessário (jurídico e financeiro) para os interessados em realizar o processo”, afirma Porto, sobre a ação da Ambev.

O Grupo Heineken, por sua vez, já havia realizado uma iniciativa, com a Amstel, uma das suas marcas de cerveja, ao levar o serviço de cartório às ruas de São Paulo, na Feira Cultural da Diversidade da Parada LGBTQIAP+, ajudando mais de 800 pessoas a retificarem seus nomes. E passou a adotar a ação para seus funcionários.

“Recentemente, oferecemos também o benefício de retificação do nome e apoio para pessoas transgênero. Essa ação começou externamente na Parada do Orgulho LGBTQIAP+, por meio da nossa marca Amstel, e depois acabou sendo implementada internamente para os colaboradores que desejassem”, recorda Vetusa.

Além disso, o Grupo Heineken vem trabalhando para captar pessoas LGBTQIAP+ para o seu time de colaboradores: “Por meio da Feira DIVERS/A atuamos com um programa de mentoria de voluntários durante seis meses, oportunidades de vagas para diversas áreas da companhia e workshops”, revela.

O engajamento da Ambev também pode ser visto com a adesão a comitês inclusivos. “Nos últimos anos, também aderimos a alguns fóruns e comitês de diversidade e inclusão, como o Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIAP+, Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU, 10 Compromissos das Empresas com a Promoção da Igualdade Racial e o MOVER (Movimento Pela Equidade Racial)”, enfatiza o gerente da companhia.

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Inclusão de negros e antirracismo
As empresas também vêm reforçando a atuação para a inclusão de pessoas negras, com a oferta de oportunidades. Por isso, a Ambev lançou neste ano o Dàgbá, um programa de aceleração de líderes negros da companhia, com profissionais que já estão em cadeiras de liderança tendo o desenvolvimento estimulado. “O programa é centrado na pessoa negra e que olha para o futuro, desconstruindo ainda mais nossos vieses, fortalecendo nosso potencial e negritude, gerando visibilidade e construindo um futuro realmente com mais razões para brindar”, afirma Porto.

Já para combater o preconceito, a Ambev investe em treinamento antirracista para 100% dos seus líderes, “expandindo essa conscientização sobre diversidade e inclusão a todos os terceiros do nosso ecossistema”.

A Ambev tem consciência de que é apenas o início de uma longa jornada, mas já colhe alguns frutos das suas iniciativas, como a superação do número de colaboradores negros nos cargos de liderança – a meta previa a contratação de 200 profissionais entre janeiro e dezembro de 2021. Até hoje, foram incorporados mais de 500 profissionais negros e negras ao quadro de líderes

Haigo Porto, gerente de diversidade e inclusão da Ambev

O Grupo Heineken, por sua vez, se associou em 2021 ao MOVER e estabeleceu o compromisso de trabalhar junto com outras grandes companhias em prol do objetivo de ajudar a alçar 10 mil negros a cargos de liderança até 2030, assim como impactar 3 milhões de pessoas pretas com cursos de capacitação ou profissionalizantes.

“Internamente temos como meta ter 40% de negros em cargos de liderança até 2030. Para alcançarmos essa meta atuamos em duas frentes: desenvolvimento e contratação. No primeiro caso desenvolvemos colaboradores que já estão no nosso quadro de pessoas por meio de treinamento, workshops e palestras. Já na frente de contratação entendemos que primeiro precisaríamos dar um letramento para toda a liderança, o que fizemos em parceria com o ID_BR, e depois trabalhar em vagas afirmativas para aumentarmos o número de colaboradores negros, principalmente para cargos de liderança”, explica Vetusa, revelando ainda que a empresa já conseguiu 27,5% de sua meta de possuir pessoas negras em seus postos de liderança.

Busca por maior representatividade feminina
Para promoção da diversidade e a inclusão, o crescimento da representatividade feminina é outra pauta importante para a indústria da cerveja. O Grupo Heineken revelou, em março de 2021, o compromisso de ter 50% de mulheres em cargos de liderança até 2026 e de buscar 50% de finalistas do gênero feminino em processos seletivos para aumentar as contratações de pessoas deste sexo. Vetusa ressalta que a empresa trabalha por meio de diversos projetos para tentar “ressignificar o mercado de cerveja”, ainda dominado por uma maioria de homens.

Há cinco anos, a empresa sextuplicou de tamanho e, desde então, nós nos organizamos internamente, analisamos e entendemos nosso quadro de funcionárias para, no ano passado, criarmos metas que endereçassem questões importantes de diversidade. Atualmente, cerca de 32% de nossa liderança é composta por mulheres, partindo da premissa de que habilidades não têm gênero, e a indústria cervejeira é predominantemente masculina, nós decidimos desafiar esses preconceitos

Vetusa Pereira, líder de diversidade, equidade e inclusão do Grupo Heineken

Atuando nessa frente, a Ambev possui o programa WEISS, sigla em inglês para Women Empowered Interested in Successful Sinergies (Mulheres Empoderadas Interessadas em Sinergias de Sucesso), criado para promover o aumento progressivo de representatividade feminina em cargos de liderança.

No campo da diversidade e da inclusão, a empresa ainda possui outros três grupos de discussão que também têm nomes inspirados em estilos de cerveja: LAGER (Lesbian and Gay and Everyone Respected); BOCK (Building Opportunities for Colleagues of all Kinds) e IPA (Improve People Accessibility). “Eles nos ajudam a balizar nossas políticas internas de curto, médio e longo prazo que contribuam para a evolução do quadro geral”, pondera Porto.

A Ambev também conta com o programa Homens Aliados, criado com o objetivo de reeducar a liderança masculina na busca pela equidade de gênero, tratando de temas como paternidade, machismo, masculinidade tóxica, assédio e papéis de gênero. “Este projeto é integrado ao SOMOS, uma mentoria para mulheres focada em empoderamento e sororidade (empatia e união) entre pessoas deste gênero da alta liderança”, conclui o gerente de diversidade e inclusão da Ambev.

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