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Balcão olímpico: Japas leva a cultura nipo-brasileira aos EUA

Yumi Shimada, Maíra Kimura e Fernanda Ueno criaram a marca que exalta a cultura nipo-japonesa desde 2014

Em janeiro de 1908, o navio Kasato Maru entrou para a história da relação entre Brasil e Japão ao trazer da nação asiática milhares de pessoas, sendo considerado até hoje um marco do fluxo contínuo de imigração entre os dois países. Mais de 110 anos depois, um dos frutos da relação entre essas nações, com a troca de influências culturais, se tornou produto de “exportação”: as cervejas da Japas, marca influenciada em sua concepção por essa união e que tem conquistado espaço nos Estados Unidos.

Exportação, de fato, não é o termo mais correto para explicar essa chegada a um dos mais importantes mercados de artesanais do mundo, pois a Japas levou também a sua produção ao solo norte-americano. É lá, hoje em Chicago, que a cervejaria tem feito seus rótulos de forma cigana.

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A marca paulistana tem associação clara em sua identidade visual e em diversas receitas com o Japão, país que recebe a Olimpíada de Tóquio, iniciada nesta quarta-feira. Mas ela não se resume a isso. Maíra Kimura, cervejeira da marca paulistana, esclarece que a Japas tem a preocupação de não ser vista como uma cerveja somente associada ao país asiático, mas com a cultura nipo-brasileira.

“No início, tínhamos muito a preocupação de ter a presença de ingredientes japonês, algo muito tangível ao país. Hoje, usamos mais a cultura japonesa. Fizemos uma cerveja, por exemplo, com framboesa e amora, mas com a representação no rótulo da Kawaii, que é uma cultura do povo, só que do nosso jeito. Então, transformamos a cultura japonesa em coisas que a gente usa”, explica Maíra ao Guia.

É dessa forma que a Japas tem conquistado seu espaço, em uma trajetória iniciada em 2014. Da união de três mulheres – Maíra, Fernanda Ueno e Yumi Shimada –, algo raro no setor, a marca surgiu como quase todas as histórias do segmento: como um projeto paralelo. E, testando ingredientes típicos da culinária japonesa com estilos de cerveja, uniram a APA com o wasabi, por exemplo.

Do convite para a brassagem e produção dessa receita na Cervejaria Nacional, seguido pelo êxito da produção inicial, a ideia despretensiosa se transformou na formalização da Japas. Desde então, a sua produção passou por outras marcas que são referência quando se fala em artesanais no estado de São Paulo: a Invicta e a Dádiva, chegando a ter produções mensais.

Chegada aos EUA
Essa fabricação em série fez com que a Japas lançasse, desde a sua criação, mais de 30 cervejas – ainda que, claro, muitas delas sazonais. Entre as criações, está incluída a Kasata Maru, uma New England IPA. O marco da chegada dos japoneses no Brasil, homenageado em uma cerveja, não está na produção da Japas nos Estados Unidos. Mas o sentido parece ser o mesmo.

Está bombando mais lá do que aqui. Eles nos veem como uma proposta muito diferente, mesmo sendo um mercado super maduro. O sistema de imposto é diferente, a artesanal não é tão mais cara. A gente consegue entrar em outros lugares com uma cerveja feita por três mulheres e nipo-brasileiras

Maíra Kimura, cervejeira da Japas

A chegada da Japas nos Estados Unidos se deu por uma produção cigana em Nova York, em 2019. Mas foi preciso mudar de casa, para Chicago, por um bom motivo: o interesse de estabelecimentos que eram muito distantes. “A gente estava em uma costa, em Nova York, e tinha gente na outra costa querendo comprar, então tivemos que mudar”, conta Maíra.

Hoje, a Japas está presente em sete estados norte-americanos: Califórnia, Flórida, Maine, Massachusetts, Oregon, Michigan e Nova York. Por lá, o público cervejeiro pode encontrar a Matsurika (Bohemian Pilsener com jasmim) e a Oishii (Witbier com casca de laranja e gengibre), sendo que a Neko (IPA), recentemente lançada no Brasil, chegará em breve ao mercado dos Estados Unidos e leva em seu nome o “gato da sorte” japonês. Assim, a Wasabiru (American Pale Ale com wasabi) é o único rótulo “exclusivo” para os consumidores brasileiros.

Só que o público dos Estados Unidos deverá, em breve, perceber ainda mais claramente a presença da união nipo-brasileira nos rótulos. A ideia, como relata Maíra, é juntar esses mundos de ingredientes em cervejas específicas para esse mercado. E a primeira, ainda que sem uma data definida, deverá ser uma IPA com cacau e yuzu.

“Queremos misturar as coisas brasileiras com as japonesas, pensando no mercado norte-americano. Estamos colocando isso até porque acham que somos japonesas. E não é a ideia. É um processo de descoberta. A ideia é primeiro lançar lá fora, até porque aqui todo mundo faz cerveja com ingredientes brasileiros. Lá seria mais interessante”, justifica Maíra.

Mas a atuação da Japas não tem se resumido às cervejas ou ao mercado brasileiro e dos Estados Unidos. Como alternativa em meio à queda nas vendas provocada pela pandemia do coronavírus, a marca também lançou a Arigatou, definida por Maíra como “lojinha de coisas legais”, com a maior parte dos seus produtos, hoje, sendo de vestuário, como camisetas, mas ainda com abridores de garrafas e pins, refletindo a cultura que elas homenageiam e exibem nos seus rótulos. Além disso, seu portfólio inclui o highball, uma bebida típica do Japão, em dois estilos: clássico e saborizado.

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