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5 avaliações sobre a pesquisa Participação de Pessoas Negras na Indústria Cervejeira

A pesquisa “Participação de Pessoas Negras na Indústria Cervejeira“, acessível pelo link, revela um panorama preocupante, mas não surpreendente. Essa foi a avaliação predominante entre os profissionais do setor consultados pela reportagem do Guia, indicando que o levantamento destaca um cenário caracterizado pela falta de diversidade.

Especialistas apontam que os resultados refletem a realidade da sociedade brasileira e alertam para o desconhecimento sobre os impactos positivos das políticas de inclusão, equidade e representatividade na comunidade cervejeira.

Para esses profissionais, a ampliação do espectro étnico na indústria cervejeira é uma necessidade urgente. E ignorar esse compromisso pode resultar não apenas em repercussões negativas, mas também afetar a própria existência dos negócios cervejeiros, independentemente de seu porte.

A falta de consciência histórico-social é identificada como um dos principais desafios para que isso se torne realidade, com os dados da pesquisa alertando para a urgente necessidade de reparação para a população negra, além da conscientização, especialmente em um cenário de pequena presença de lideranças negras nas cervejarias e de uma parcela considerável que não reconhece a relevância da inclusão.

Confira as avaliações sobre os resultados da pesquisa Participação de Pessoas Negras na Indústria Cervejeira:

Cilene Saorin (sommelière, mestre-cervejeira e diretora da Doemens Akademie no Brasil)
Em geral, os resultados da pesquisa infelizmente não surpreendem, pois são simples reflexo do que normalmente se pode constatar nos mais variados ambientes cervejeiros. Das cervejarias aos congressos, dos bares aos festivais: um estreitíssimo espectro étnico (com cores, em escala EBC, tendendo a zero).

É um cenário triste de racismo estrutural e elevadíssimo desconhecimento sobre os impactos positivos que políticas de inclusão, equidade e representatividade trazem à sociedade e aos negócios.

A agenda ESG – modelo de gestão corporativa voltada à sustentabilidade ambiental, social e financeira – é marcadamente uma tendência global. A ampliação do espectro étnico da comunidade cervejeira é parte intrínseca desta agenda. E os negócios cervejeiros – de mega a nano porte – não podem meramente ignorar este compromisso. Isso possivelmente ditará a existência.

Eduardo Marcusso (consultor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
É um retrato fiel da sociedade brasileira, com discrepância na presença de pessoas negras em cargos de liderança e como funcionários. Essa dificuldade em perceber a necessidade de mudar esse cenário, como reparação histórica, é um dos principais desafios. A pesquisa mostra essa falta de consciência histórico-social que o Brasil vive. Os dados são importantes para avançarmos nas discussões e cada vez mais as pessoas perceberem que é urgente e necessário existir uma reparação histórica para a população negra.

Este é um debate que está ocorrendo em todo o mundo. A pesquisa coloca a discussão no trilho de fazer a reparação. Quantas histórias brilhantes não estão escondidas na discriminação e na falta de oportunidades para a população negra?

Eduardo Marcusso, consultor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Fabiana Arreguy (jornalista e sommelière de cervejas)
Os resultados não surpreendem. Refletem a nossa sociedade como um todo. Escancaram o racismo do qual uma enorme parcela da população é vítima. O segmento cervejeiro não se difere de outros setores produtivos que dão preferência a profissionais brancos em detrimento de pretos, independentemente da maior capacitação que esses possam apresentar. Existe um longo caminho a percorrer até haver uma real mudança de mentalidade em nosso setor, que, mais uma vez, se revela preconceituoso. Eu, sinceramente, não sou muito otimista em acreditar que essa mudança de mentalidade esteja próxima.

Paulão Silva (membro da Afrocerva e criador do projeto Black Fucking Beer)
Como em vários meios da sociedade, o setor cervejeiro acaba sendo um microcosmo da população brasileira, então reflete muito o que é a nossa sociedade mesmo. Acaba tendo pouca representatividade, como a gente tem em outros setores da nossa sociedade.

Talvez o racismo fique mais evidente no setor cervejeiro do que em outros por ser um meio mais branco do que outros, por questões socioeconômicas e de acesso, pois é preciso um investimento grande para entrar e ter uma cervejaria. No Brasil, esses meios econômicos não estão nas mãos de negros e historicamente o setor de indústrias está nas mãos dos brancos.

Pretas Cervejeiras
Os resultados revelados pela pesquisa trazem à tona uma realidade preocupante, há muito tempo denunciada por diversos membros da comunidade negra cervejeira, indicando uma série de desafios significativos relacionados à diversidade e inclusão no setor cervejeiro.

A sub-representação de profissionais negros nas cervejarias em um país como o Brasil sugere a existência de barreiras na contratação, retenção ou promoção de talentos negros no setor. Isso não apenas limita as oportunidades para indivíduos, mas também contribui para a escassez de diversidade de experiências e perspectivas em todo o ecossistema cervejeiro.

A ausência de lideranças negras destaca uma disparidade significativa nos escalões mais altos das organizações cervejeiras. A conjunção desses dois dados evidencia um comprometimento insuficiente das empresas do setor com a promoção de mudanças sociais significativas.

Chama atenção, igualmente, o fato de que uma parcela considerável (23%) declare “não acreditar que a inclusão de mais pessoas negras seja relevante para o setor”. Além de ignorar o papel social inerente a toda empresa, a falta de reconhecimento da importância da inclusão aponta para a necessidade de conscientização e educação sobre os benefícios da diversidade, como a ampliação de perspectivas e a capacidade de atender a mercados mais amplos e diversos.

Para nós, uma reflexão é fundamental: Agora que dispomos desses dados, faremos algo a respeito para mudar ou o setor seguirá ignorando o fato que 56% da população brasileira é composta por pessoas negras?

Pretas Cervejeiras

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