7 mudanças que vieram para ficar no setor cervejeiro
O setor cervejeiro e a relação das marcas com o consumidor passaram por significativas mudanças nos últimos anos. Sacudido pela pandemia do coronavírus, por desafios macroeconômicos e dinâmicas sociais, o segmento chega ao final de 2023 substancialmente diferente do início desta década.
As cervejarias, por um lado, adaptaram-se aos desejos das novas gerações, ampliando a diversidade de rótulos e estilos em seus portfólios. Este movimento, influenciado pelas preferências dos consumidores, resultou em uma reconfiguração do mercado.
No entanto, outras mudanças também ocorreram devido a fatores externos, como desafios macroeconômicos, levando os componentes do setor cervejeiro a buscarem mais parcerias para garantir sua sustentabilidade e até sobrevivência.
Para compreender as tendências consolidadas no setor cervejeiro, o Guia conversou com diversos especialistas, incluindo profissionais de grandes grupos, administradores de marcas artesanais e dirigentes de associações.
Leia também – Aprovação de reforma intensificará debate sobre Imposto Seletivo na cerveja
Confira 7 mudanças que vieram para ficar no setor cervejeiro:
1) Público em busca de novas experiências
As cervejarias responderam à crescente demanda por novas experiências cervejeiras, ajustando seus portfólios. “O consumidor brasileiro está cada vez mais em busca de novas experiências cervejeiras e, por isso, os rótulos artesanais e premium, que oferecem variedade de aromas e sabores, têm conquistado cada vez mais fatia do mercado”, diz a diretora de insights, inovações e design do Grupo Heineken, Daniela Pereira.
2) Crescimento da cerveja zero álcool e do consumo consciente
A conscientização sobre a saúde e o bem-estar impulsionou uma demanda crescente por cervejas sem álcool. De acordo com pesquisa realizada pela Euromonitor para o Sindicato Nacional das Indústrias de Cerveja (Sindicerv), as vendas de cervejas zero álcool devem ultrapassar o volume de 480 milhões de litros no Brasil em 2023, representando um crescimento de 24% em relação ao ano passado.
“Há pesquisas que indicam que o consumo de cerveja zero entre jovens triplicou nos últimos quatro anos”, afirma o diretor de marcas globais da Ambev, Felipe Cerchiari. “O que percebemos como tendência é um consumo mais consciente. Beber menos procurando rótulos diferenciados”, acrescenta a coordenadora de marketing da Companhia Brasileira de Cerveja Artesanal (CBCA), Luciane Rosa.
3) Procura por cervejas sem glúten e low carb
A busca por estilos de vida mais saudáveis e adaptados às restrições alimentares impulsionou a popularidade das cervejas sem glúten e low carb. As cervejarias, percebendo essa tendência, investiram em inovações que atendem a uma clientela preocupada em unir diversão e saúde.
“Há uma procura também por cervejas sem glúten ou de baixa caloria, e aí entramos com soluções e muita tecnologia envolvida, como é o caso da Stella Pure Gold. Sendo assim, buscamos sempre inovar com edições especiais das cervejas, novas edições e projetos verdadeiros, que correspondam àquilo que o nosso consumidor espera”, comenta Cerchiari.
4) Foco no custo-benefício entre as artesanais
Até por restrições financeiras, consumidores buscam uma relação mais equilibrada entre qualidade e preço, desafiando as cervejarias a oferecerem produtos premium sem comprometer a acessibilidade, o que tem levado algumas marcas a apostarem em estilos com processos produtivos menos onerosos.
“O preço tem feito mais diferença do que nunca. Percebemos que tem saída melhor as cervejas com um custo-benefício maior e custo final mais baixo do que produtos de alto valor agregado. Mas, apesar de mais difíceis de vender, esses produtos de maior valor agregado são extremamente necessários para o público fiel das artesanais e acabamos não tendo outra saída senão fazer um mix desses produtos no portfólio”, diz o sócio e mestre-cervejeiro da ØL Beer, Eduardo Vosgerau.
5) Fusões e parcerias no setor
Diante das pressões macroeconômicas, as cervejarias têm buscado fortalecer sua posição no mercado por meio de acordos com outras marcas. “Quando falamos em ajustes vemos empresas se restabelecendo por meio de fusões e parcerias impulsionadas pelo horizonte mais positivo”, comenta o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Gilberto Tarantino.
“A principal mudança foi um certo encolhimento no número de empresas. Muitas não resistiram à pandemia, fazendo com que de certo modo a dinâmica do mercado mudasse um pouco. As empresas que resistiram se fortaleceram, mas tem um espaço de mercado que ficou órfão, com clientes ainda sem saber a que serviços recorrer”, acrescenta o CEO da Alpendorf, Gabriel Thuler Costa.
6) Aproximação dos consumidores
A dificuldade de acesso ao público durante as fases mais críticas da pandemia modificou a lógica de muitas cervejarias, antes mais focadas em acordos com outros estabelecimentos, mas que passaram a ter um olhar atento para o consumidor. “Novos canais de venda, novos produtos e uma nova comunicação foram fundamentais na nossa estratégia e ditaram os últimos meses do mercado”, comenta William Pacheco, um dos sócios da Mad Brew.
7) Consolidação do consumo residencial
A crise sanitária levou a cerveja para dentro das residências e ela não mais saiu de lá, com o consumo residencial se mantendo elevado mesmo com o fim das restrições, o que obriga as marcas a redefinirem estratégias, acompanhando essa tendência.
“A pandemia levou a um aumento significativo no consumo de cerveja em casa, impulsionado pelo fechamento de bares e restaurantes e esse aumento se manteve mesmo após a flexibilização das restrições, indicando que o consumo de cerveja em casa se tornou uma tendência consolidada”, afirma a diretora de insights, inovações e design do Grupo Heineken.
0 Comentário