Com ações em diferentes frentes, indústria avança na adoção da energia renovável

Setor cervejeiro já conta com parque de geração eólica no Ceará e vai ter outro na Bahia

O processo de descarbonização da indústria cervejeira no Brasil passa, em grande parte, pela adoção da energia renovável. Conhecedora dessa necessidade, as empresas componentes do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) têm investido em soluções que envolvem a transição das fontes energéticas.

As iniciativas fazem parte do plano desses representantes da indústria cervejeira de redução das emissões dos gases do efeito estufa em 30% até 2030. Assim, Ambev e Grupo Heineken vêm atuando, principalmente, com o foco voltado para quatro frentes: geração de energia, produção, distribuição e fomento aos consumidores e ao varejo.

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Para isso, também se aproveitam das características do Brasil, um dos países mais ricos em energia renovável, um recurso fundamental dentro de um objetivo mais amplo e coletivo, de zerar as emissões de carbono da cadeia de valor até 2040. “Hoje temos tecnologia a preços competitivos e compromisso das empresas com a redução da emissão de carbono”, diz Luiz Nicolaewsky, superintendente do Sindicerv.

Na geração de energia eólica, já há um parque, do Grupo Heineken, em funcionamento no Ceará, na cidade de Acaraú, com 14 turbinas. E ele terá, em breve a companhia de outro parque eólico, nesse momento em construção, na Bahia, pela Ambev, em uma área de 1,6 mil hectares.

Com essas estruturas, o objetivo é alcançar os 202 mil MWh/ano para a produção e fornecimento de energia nas fábricas. Assim, com todo esse potencial em uso, o Sindicerv estima que deixarão de ser emitidas 32 mil toneladas de CO2 por ano, o que corresponde à retirada de circulação de mais de 50 mil veículos.

Esses investimentos, evidentemente, vão causar impacto na produção, tanto que Ambev e Grupo Heineken já anunciaram a meta de ter 100% das suas fábricas abastecidas com energia limpa até 2023, quando também se prevê zero emissões de carbono relativas à energia comprada. Assim, vão ser zeradas as emissões de carbono em todo o processo produtivo.

Isso vai se tornar possível pela substituição de fontes de energia de combustíveis fósseis, como o gás natural, ou mesmo a elétrica não renovável por opções renováveis, casos do óleo vegetal, do biogás e da biomassa, que já é, inclusive, utilizada nas caldeiras das cervejarias, a partir de cavaco de madeiras de reflorestamento certificadas.

E a substituição da energia é facilitada no Brasil pelas características do território. Afinal, a proporção de fontes renováveis na matriz energética do País é de 48,4%, bem acima da média mundial, de 14,9%, segundo informações do Ministério das Minas e Energia. “O Brasil tem larga disponibilidade de elementos naturais para aumentar essa produção, com sol, vento e água”, lembra Fábio Ferreira, gerente jurídico do Sindicerv.

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Essa expansão, inclusive, está em andamento na indústria cervejeira, com 3 fábricas das empresas componentes do Sindicerv já sendo completamente abastecidas por energia renovável. Além disso, são adotadas ações para diversificar a energia, com a substituição da elétrica por eólica, solar e térmica. “Na geração e na produção, estamos mais bem avançados do que a média (da indústria nacional). E somos uma indústria que já é de baixa carbonização quando você compara com outras áreas”, avalia Ferreira.

Iniciativas para além da produção
Mas como a produção é só uma das etapas da cadeia cervejeira, há atenção e iniciativas para otimizar o transporte de cargas pela indústria, com foco na redução das emissões de carbono. Para isso, no fim de 2021, foram incorporados mais de 220 caminhões elétricos à frota das companhias. Em outra frente, as empresas estão comprometidas com um projeto de conversão de caminhões a diesel para elétricos para que se atinja, em 2025, a meta de 2,6 mil veículos movidos à energia elétrica.

Outro projeto foi iniciado nos centros de distribuição das companhias, com a troca das empilhadeiras movidas a combustíveis fósseis por empilhadeiras elétricas, com o uso de baterias de lítio, o que também contribuirá para a redução das emissões de CO2. A meta é de que 100% da frota de empilhadeiras seja abastecida por essa tecnologia até 2025. Já até 2023, a previsão é de que 124 centros comerciais de distribuição em todo o Brasil sejam abastecidos com 100% de energia limpa e via certificados de energia renovável.

Em outra frente, as empresas que compõem o Sindicerv também buscam engajar os parceiros, como o varejo, e os consumidores, o que inclui a apresentação de soluções. Elas são oferecidas a partir de parcerias que a indústria cervejeira possui com plataformas que facilitam a conexão para o acesso à energia limpa. Assim, os pequenos e médios pontos de venda passam a ter a possibilidade de adotar a fonte renovável, bem como o consumidor.

Ainda envolvendo os estabelecimentos, as companhias adotam a política de aquisição de refrigeradores que seguem padrões globais de eficiência, o que provoca redução de 50% no consumo de energia e nas emissões de carbono, na ponta, de acordo com estimativa do Sindicerv. Isso é possível porque os equipamentos contam com sensores que podem acionar o modo stand-by.

A indústria cervejeira percebeu que sozinha não vai mudar o rumo do País. Não basta olhar para a sua linha de produção. Foi isso que motivou a ideia de levar energia limpa para as residências dos consumidores e os estabelecimentos. Você fideliza o consumidor na sua marca com um produto bacana e que ainda oferece vantagens

Fábio Ferreira, gerente jurídico do Sindicerv

Assim, se é impossível controlar o comportamento dos parceiros e consumidores, a indústria cervejeira faz a sua parte com o incentivo, conectando os elos do ecossistema para ampliar o uso da energia renovável. “O ponto final, de consumo, é o único onde a indústria não tem 100% de controle. Então, buscamos atuar dando o exemplo”, conclui Nicolaewsky.

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