Com indústria e associações, trabalho coletivo busca ampliar reciclagem de embalagens

Reciclagem é fundamental para preservação de recursos usados para produção das embalagens

Embalagens dominantes no envase de cervejas, a lata e o vidro fazem parte de importantes ciclos para que a cadeia produtiva da indústria seja mais sustentável. Com o intuito de reduzir o impacto do seu uso, as fabricantes da bebida, os produtores dessas embalagens, associações e até os consumidores vêm atuando em iniciativas para aumentar a circularidade.

A reciclagem é fundamental para o meio ambiente, pela redução de resíduos aterrados e, claro, a preservação de recursos usados para a produção das embalagens que chegam ao consumidor. E, nesse aspecto, a indústria cervejeira tem papel importante na busca por uma sociedade mais sustentável ao ser o segmento que mais utiliza embalagens renováveis.

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Conhecido caso de sucesso no Brasil por unir diversas pontas da sociedade, a reciclagem de latas de alumínio está em nível muito avançado. O País fechou 2021 com um índice de 98,7% desse material reciclado, de acordo com a Recicla Latas, um número bem superior à média mundial, estimada em 71%. O porcentual representa 33 bilhões de latas recicladas em uma cadeia que gera renda para 800 mil catadores no Brasil.

“Com os nossos elevados índices de reciclagem, com média acima de 97% nos últimos 10 anos, evitamos a emissão de 15 milhões de toneladas de gases de efeito estufa e poupamos 10 milhões de toneladas de bauxita. A reciclagem ainda proporciona economia de 71% no consumo de energia elétrica em todo o ciclo da lata, o suficiente para abastecer por 1 ano todas as casas de um estado como Goiás, por exemplo”, afirma Cátilo Cândido, presidente da Abralatas, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio

Já o índice de reciclagem de vidro está em torno de 25%, sendo 40% o conteúdo reciclado presente nessas embalagens, de acordo com informações da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, a Abividro. E suas estimativas são de que as ações desenvolvidas pelo setor equivalem a 100 mil toneladas de CO2 que deixam de ser emitidas na atmosfera anualmente.

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Com tais números, há um consenso de que avançar na reutilização do vidro é fundamental para reduzir o consumo de energia e a emissão de CO2 na produção de novas embalagens, também evitando a retirada da matéria prima do solo e diminuindo o descarte de lixo, o que reduz os custos de coleta urbana e aumenta a vida útil dos aterros sanitários.

E como lembra Caroline Morais, coordenadora de relações institucionais e sustentabilidade da Abividro, esse material tem a importante característica de ser 100% reciclável. “Sem perdas, 1kg de vidro reciclado produz 1kg de novas embalagens, isso quer dizer que a reciclagem do vidro garante total aproveitamento do material e, ao mesmo tempo, o caco substitui integralmente a matéria-prima virgem, sem alterar as propriedades finais dos produtos”, comenta.

Desafios e ações do vidro
Os dados de reciclagem de vidro mostram que ainda há um caminho a ser percorrido para ampliar o reaproveitamento desse tipo de embalagem. E isso deverá acontecer a partir do momento em que a cadeia da reciclagem conseguir avançar. Para isso, será preciso se tornar mais barato utilizar vidro pós-consumo na produção do que matéria-prima. “Isso ainda acontece por dois fatores: os custos com as etapas de fabricação e distribuição estão previstos no preço final dos produtos, porém os custos com a logística reversa dos materiais, ainda não”, avalia Caroline.

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E a Abividro garante já enxergar o exponencial aumento do engajamento das cervejarias.

As indústrias cervejeiras possuem alguns programas de logística reversa que apoiam as etapas de triagem e logística. Temos percebido que quando as ações são desempenhadas em conjunto a eficiência é maior, por isso apoiamos e buscamos implementar ações em parceria com os usuários de vidro

Caroline Morais, coordenadora de relações institucionais e sustentabilidade da Abividro

Trabalhos de aperfeiçoamento
Ao mesmo tempo em que é necessário avançar na quantidade de vidro reciclado, há, na indústria, a preocupação em aperfeiçoar a busca pelas latas para manter os níveis elevados de reaproveitamento. Por isso, empresas e instituições que atuam com essa embalagem têm se movimentado em diferentes frentes.

Em 2021, por exemplo, foi criada a Recicla Latas, entidade gestora composta pelas empresas recicladoras e fabricantes da lata de alumínio para bebidas, fruto de termo de compromisso firmado com o Ministério do Meio Ambiente em 2020, em cumprimento ao marco regulatório da Política Nacional de Resíduos Sólidos, por iniciativa da Abralatas e da Associação Brasileira do Alumínio.

“O principal objetivo, ao mesmo tempo um grande desafio, é garantir a manutenção desse índice em patamar de 95%, diante de um mercado que cresce fortemente ano a ano”, diz o presidente da Abralatas. “Além disso, garante a compra de 100% da sucata disponível no mercado nacional, o investimento em capacitação de gestores públicos municipais e catadores de materiais recicláveis e em campanhas nacionais de educação ambiental”, acrescenta Cândido.

A Abralatas também aderiu ao programa mundial Cada Lata Conta, voltado para educação ambiental com foco no descarte adequado. Criada no Reino Unido em 2009, a campanha abrange 20 países. No Brasil, ações têm sido feitas, como no último desfile das escolas de samba do carnaval do Rio.

“O programa levou dezenas catadores para a Sapucaí e, durante os cinco dias de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, coletou e garantiu a destinação correta de 8 toneladas de latinhas consumidas no local, sempre com muita educação ambiental. Os catadores receberam diárias para coletar as latas, fazer a separação e transportar toda a sucata para as suas cooperativas”, diz Cândido.

A Abralatas também destaca a sinergia entre as indústrias de alumínio e cervejeira como importante fator para manter a reciclagem em níveis elevados.

Dois bons exemplos onde as indústrias da lata de alumínio e da cerveja participam e atuam por uma maior sustentabilidade para o setor, são a Câmara da Cerveja do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária e a Frente Parlamentar da Economia Verde. Esta última, inclusive, cumpre papel fundamental no Congresso Nacional de trabalhar propostas transversais para acelerar a transição para um modelo econômico de baixo carbono no Brasil

Cátilo Cândido, presidente da Abralatas
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