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Balcão da Fabiana: Tretas cervejeiras – Onde nascem, do que se alimentam, para que servem afinal?

Já deu pra perceber que não costumo fugir de polêmicas. Já levantei algumas por aqui, inclusive, que renderam discussões acaloradas nas dezenas de grupos cervejeiros e redes sociais que rodeiam nosso Brasil. Mas, confesso que de uns tempos pra cá tenho sentido necessidade de me distanciar um pouco de temas que se transformam em polarizações inúteis e pouco saudáveis para o mercado.

Tretas cervejeiras, por exemplo. Houve um tempo em que elas se resumiam a um sommelier X que criticava o Y, a uma pessoa que se arvorava a ser especialista e saía falando besteiras publicamente com lições erradas sobre qualquer coisa, a cervejarias que criticavam influencers acusando-os de só querer beber de graça. Eram pequenas bobagens que até nos divertiam em acompanhar.

Só que desde a pandemia, quando diálogos racistas e homofóbicos dentro de um grupo cervejeiro que contava com mais de 200 membros vieram à tona, a modalidade “ treta cervejeira” descambou para questões muito mais sérias, beirando crimes previstos em nossa legislação. Aí, não dá mais para chamar simplesmente de treta, não é?

Não dá para comentarmos fatos graves expostos nas redes sociais usando o indefectível meme de Michael Jackson (o músico) comendo pipoca no cinema. Isso é uma simplificação nociva.

A última batalha, da qual escolhi não fazer parte em nome da minha sanidade mental, foi a do processo judicial movido por uma escola contra uma associação para definir quem tem o direito de usar o nome de um concurso cervejeiro. Primeiro porque, embora eu tenha acompanhado desde o início o desenrolar do referido processo impetrado como resposta a outro movido pela associação contra a escola (o famoso chumbo trocado), não me senti apta a opinar sobre a questão. Não entendo de marcas, não entendo de princípios de colidência, não sei nada sobre o que nossa legislação determina.

E, para ser muito sincera, pouco me interessa o nome de um ou de outro concurso cervejeiro! 

Em segundo lugar, decidi não entrar numa discussão que corre na Justiça. Ou seja: do que vale a minha opinião, ou a sua, ou a de qualquer ser vivente? Opinião é um direito, gente, não é um dever. Não somos obrigados a opinar sobre tudo a todo o tempo em qualquer lugar.

E por último, escolho hoje entrar apenas nas batalhas que valem a pena, as que possam mudar o rumo da minha vida para melhor. Como player de um mercado, luto para que as condições de trabalho, de suas relações interpessoais sejam melhores. Faço isso através do meu trabalho sério, correto, honesto e ético, esperando que esse meu comportamento influencie o de outros, tipo corrente do bem, sabe?

No mais, é briga de egos. E desta, eu, definitivamente, escolho ficar de fora.


Fabiana Arreguy é jornalista e beer sommelière formada em 2010, pela primeira turma Doemens no Brasil, através do Senac SP. Produz e apresenta, desde 2009, a coluna de rádio Pão e Cerveja, sendo editora de site com o mesmo nome e autora de livros. É curadora de conteúdo, consultora de cervejas especiais, proprietária da loja De Birra Armazém Cervejeiro, além de professora do Science of Beer Institute e do Senac MG, assim como juíza dos principais concursos cervejeiros brasileiros e internacionais.

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