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Entrevista: Os próximos passos da Dogma com fábrica própria, franquias e bitcoin

Leonardo Satt comenta estratégias da Dogma para se aproximar mais do consumidor final, sem deixar de lado seu DNA

Fábrica, franquias, bitcoin… O que não faltou nos últimos meses para a Dogma foram novidades. Vista como uma das referências do segmento de artesanais, a marca paulistana deixou de ser cigana em meio à pandemia, passou a contar com franquias na cidade de São Paulo e agora aceita receber pagamentos pelos seus rótulos através da criptomoeda bitcoin.

São novidades que vão moldando os caminhos da Dogma e foram tema de entrevista do Guia com Leonardo Satt, cofundador e sócio-proprietário da marca. Ele destaca que embora tenha sido uma mera coincidência, abrir a fábrica em meio a um período de crise acabou sendo importante para a companhia conseguir lidar com um dos grandes problemas atuais, a inflação, pois permitiu reduzir custos com a produção em meio a um crescimento dos preços de insumos em meses mais recentes.

A fábrica, na Vila Buarque, foi seguida pelo início da operação das franquias da companhia, nos bairros Jardins, Pinheiros e Itaim, ajudando a dar vazão à produção e indicando o começo de uma cuidadosa expansão da companhia, pois, como relata Satt, há planos de levar a Dogma para outras regiões de São Paulo e cidades.

A ideia é oferecer ao público uma experiência completa da marca, reconhecida por suas receitas lupuladas, complexas e ousadas. Um DNA que a Dogma nunca pretende abandonar, mas que, agora, controlando a produção em casa, poderá ser compartilhado com a fabricação de estilos mais simples, como o Pilsen, ou mesmo cervejas da escola inglesa.

A grande novidade é que o consumidor que for beber essas cervejas em qualquer das franquias da Dogma poderá pagar sua conta com bitcoins, criptomoeda independente de governos e instituições bancárias. O seu valor varia pela oferta e demanda no mercado, como o de um ativo. Mas o número limitado evitaria grandes desvalorizações, na visão dos seus defensores.

E a criptomoeda, inclusive, inspirou o último lançamento da Dogma. A marca apresentou recentemente a Satoshi, uma Hazy IPA de 6,5% de teor alcoólico feita com os lúpulos Bravo, Citra e Strata, O nome escolhido foi uma homenagem a Satoshi Nakamoto, o suposto criador da bitcoin.

Leia também – Dogma passa a aceitar bitcoin como pagamento nas suas franquias

Confira na entrevista de Leonardo Satt ao Guia as razões que levaram a Dogma a apostar na criptomoeda e os próximos passos da cervejaria paulistana:

Na sua avaliação, em que momento está o mercado? O público já voltou a consumir como antes da pandemia?
No momento que abriu o mercado, em agosto, o pessoal saiu, estava com sede, começou a ir para os bares. E teve uma melhora geral no faturamento e nas vendas. Mas o que tem acontecido de uns tempos para cá é que as pessoas não estão consumindo tanto quanto elas consumiam pré-pandemia. O que acho que está acontecendo é a inflação mesmo, que pegou todo mundo. Houve uma impressão astronômica de dinheiro na pandemia, e isso foi direto para os preços. Eu senti isso nos preços dos insumos que compro para a fábrica, alguns cresceram 100%. As pessoas estão com um custo de vida maior, estão podendo gastar menos.

Como a Dogma tem lidado com a inflação, especialmente dos insumos?
Até maio, a gente era uma empresa cigana. Toda a nossa produção era terceirizada. Em maio, a gente começou a fazer a produção própria. Isso já deu um ganho, pela redução do custo. Então, na média, a gente ficou no 0 a 0, porque teve, por outro lado, o aumento nos insumos. E, assim, o nosso preço não mudou. Agora, com a produção própria, a gente tem um custo muito mais apurado na mão. A gente sabe o que dá mais resultado com menos preço, o que a gente consegue trabalhar melhor. Falo para os distribuidores que cada lote pode ter uma variação de preço. A gente também consegue fazer um mix de produtos.

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A Dogma abriu suas franquias em meio à pandemia. Já é possível avaliar os primeiros resultados desses novos estabelecimentos?
As lojas abriram em dezembro, em janeiro e em agosto. Eu consigo comparar a minha loja da Santa Cecília (onde está a fábrica hoje) pré-pandemia com o pós-pandemia. E o nosso faturamento praticamente não caiu. Isso significa que nós ganhamos mais clientes nas outras unidades. A gente percebeu que tem muita gente nas franquias que nunca visitou a loja da Santa Cecília. Então, a gente conseguiu desenvolver um público novo, que até conhecia a Dogma, mas nunca tinha ido à loja. E agora ele acaba indo por localização geográfica ou por se identificar melhor com o bairro.

É possível imaginar a Dogma abrindo novas franquias e em outras cidades?
A gente acredita que caiba mais algumas lojas na cidade de São Paulo. A gente tem algumas regiões para explorar: zona norte, zona leste e até a zona oeste depois do rio Pinheiros. Tem algumas grandes cidades do estado de São Paulo que podemos explorar, como Ribeirão Preto, Araraquara, Campinas, Piracicaba, que são pontos estratégicos. E aí, depois, ir para as capitais, nesse crescimento, como Vitória, Belo Horizonte, Curitiba. Mas não há pressa nesse processo.

Como surgiu a ideia de passar a aceitar pagamentos em bitcoin nas franquias da Dogma?
Eu gosto de estudar, não só a parte técnica em si, mas toda filosofia por trás, toda parte da economia, a parte de investimento, a história do dinheiro. Bitcoin é um produto escasso e apesar de ter a sua inflação diária ela já é programada. É até deflacionária, porque tem gente perdendo chave privada. Você tem uma moeda que mantém o poder de compra, as coisas vão ficar mais baratas. Agora, imagina isso acontecendo com tudo. A fome acaba no mundo inteiro.  Por isso, eu falo que é um negócio muito mais ideológico. As pessoas vão ficar mais ricas, não em valores absolutos, mas em poder de compra.

Onde a Dogma espera chegar com essa decisão de receber pagamento em bitcoins?
Isso mais cedo ou mais tarde vai chegar no Brasil. Por que a gente não pode ser o primeiro a divulgar? A gente acredita na tecnologia. E se todo mundo quiser pagar assim, a gente tem estratégias. Hoje, eu vou ter que transformar isso em real para poder pagar meus fornecedores. Mas isso vai virar, o caminho é esse. É uma questão de divulgação para a marca, mas não é só isso. A gente está recebendo, saiu na frente e acaba divulgando. A bitcoin não é só para a Dogma ou eu usar, é para todo mundo.

Quais são os próximos passos da Dogma?
Estamos nos ajustando com a fábrica, temos que estabilizar as franquias, vamos divulgá-las melhor. Queremos estar mais próximos do consumidor final. O nosso desejo é oferecer ao cliente final a melhor experiência. E a melhor experiência é levar o pessoal para as nossas lojas, porque lá tem a apresentação, tem o foco. E a gente gostaria de ter mais lojas para poder atender o pessoal. A gente já tem uma organização no Brasil hoje, a gente está praticamente em todos os estados. Se for possível, for viável, a gente vai atender as demandas. A gente também está trabalhando em uma linha de produtos, de cervejas um pouco mais baratas, que foi um mercado que a gente nunca teve, pela produção antes ser cigana, com as Pilsens, por exemplo. Também começamos a fazer cervejas inglesas.

Como você imagina o ano de 2022 para o mercado cervejeiro?
Eu acho que para ver o mercado real é só olhar para a bolsa de valores. E eu acredito que a bolsa está barata. Eu acho que ela vai começar a subir. E a partir do momento que ela começa a subir, o mercado real melhora. É ano de eleição, vai ter muitos gastos. Então, acho que 2022 vai ser bom. Acho que o mercado volta forte em março.

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