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Ambev valoriza 13% na B3 em julho e nível de vendas no 2º tri empolga; veja 5 análises

ambev julho
Após três meses de perdas, papel da multinacional cervejeira começou 2ª metade do ano em alta

O mês de julho foi de recuperação para a Ambev no mercado financeiro brasileiro. Após perdas de 13,1% no primeiro semestre de 2022, a ação da multinacional cervejeira reverteu o cenário de queda e apresentou expansão de 11,42% no período, fechando a sessão da última sexta-feira (29)  na B3, a bolsa de valores brasileira, cotada a R$ 14,93.

Embora ainda apresente desvalorização de 3,18% no ano, o desempenho em julho representa uma recuperação para a Ambev, que vinha de três meses consecutivos de perdas no mercado financeiro. A expectativa, agora, é de como se consolidará o desempenho após a divulgação do balanço do primeiro semestre, na última quinta-feira (28).

Afinal, no dia em que o resultado financeiro foi apresentado, o papel chegou ao valor de R$ 15,10, a sua cotação mais elevada desde 25 de abril. Na sexta, porém, recuou aos R$ 14,93, ficando R$ 0,05 mais barata do que na véspera da divulgação do seu balanço.

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O resultado financeiro da Ambev apresentou lucro líquido de R$ 3,064 bilhões no segundo trimestre de 2022, uma alta de 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado. E ele foi puxado pelo crescimento no volume de produtos vendidos, de 6,1%. Apenas considerando a cerveja no Brasil, a expansão ficou em 8,5%.

Analistas de mercado financeiro apontaram o êxito das vendas da Ambev, com o Credit Suisse intitulando o seu relatório sobre o balanço com a expressão “máquina de volume”. A XP Investimentos também aponta a alta das vendas pela companhia como um destaque o segundo trimestre, ainda mais em um cenário de inflação global, mas com o desempenho também sendo ajudado pelo funcionamento sem restrições de bares e restaurantes.

“Com o retorno das atividades fora de casa, a AmBev conseguiu aumentar o volume e os preços na maioria de suas unidades, estratégia a ser valorizada em momentos de inflação global, embora as margens sigam pressionadas diante de custos altos e o aumento das despesas em vendas e marketing tenha impulsionado as despesas de SG&A”, diz.

Na teleconferência para apresentação de resultados, Jean Jereissati, CEO da Ambev, explicou como a companhia lidou com os preços no primeiro semestre. “O foco é sempre encontrar a elasticidade ideal entre o volume e a receita líquida por hectolitro. Fizemos um aumento tático do preço, menor e mais granular, em algumas regiões e produtos, sendo, em média, de 2,5%, tanto em bares quanto no varejo”, dia Jean Jereissati, CEO da Ambev.

A alta média dos preços de 2,5% ficou em consonância com o índice apurado pelo IBGE para o primeiro semestre, que apontou elevação de 2,31% para a cerveja no domicílio (varejo e supermercados) e de 2% fora do domicílio (bares e restaurantes).

A equipe de analistas do Bank of America, porém, estima que a elevação dos preços pela Ambev foi menor do que a adotada pelo Grupo Heineken, especialmente no varejo, e alerta que poderá haver perda de mercado quando os preços das duas principais concorrentes no mercado nacional se alinharem.

“A empresa se beneficiou da contínua reabertura do on-trade. No entanto, notamos que a Heineken aumentou os preços mais do que a Ambev neste trimestre, principalmente no off-trade, de modo que a participação de mercado pode ser impactada quando a Ambev convergir para isso no terceiro trimestre”, avalia.

Porém, para a Ambev, o primeiro semestre, já considerado positivo, deverá ser superado em desempenho pelo segundo. E os motivos para o otimismo envolvem a realização da Copa do Mundo em novembro e dezembro, quando espera aproveitar a alta do consumo e acelerar o seu crescimento com suas soluções digitais, como o Zé Delivery e o BEES, preparando terreno para uma performance ainda melhor em 2023.

Estamos todos com muita expectativa para a Copa. Os próximos três meses serão de polarização política, mas a Copa trará o alívio para unir o País. Estamos muito preparados em termos de logística e marketing. Uma Copa do Mundo no verão depois de dois anos de pandemia vai ajudar bastante no resultado do ano. Mas a questão será a estruturação das marcas e plataformas para que os benefícios permaneçam para 2023

Jean Jereissati, CEO da Ambev

A XP Investimentos, inclusive, apontou que o resultado do segundo trimestre poderá ser emblemático para uma fase ainda mais positiva para a Ambev, avaliando que vai se beneficiar da sua plataforma B2B – o BEES – e da tendência de queda das commodities para alavancar sua margem de lucro na metade final de 2022.

“Com o ambiente macro ainda desafiador, vemos o 2T22 da AmBev como chave para uma mudança positiva nas percepções de curto/médio prazo, já que os preços das commodities estão com tendência de queda e devem descomprimir as margens sequencialmente, permitindo uma recuperação já esperada, a qual acreditamos que possa ser acelerada pelo BEES”, diz.

Ambev acompanha Ibovespa em julho
A alta da ação da Ambev em julho seguiu a tendência da maior parte do mercado de ações brasileiro. Afinal, após recuar, aproximadamente, 6% no primeiro semestre, o Ibovespa recuperou parte das perdas em julho, tendo fechado a sessão da última sexta-feira em 103.165 pontos. Assim, valorizou 4,79% no mês, embora ainda esteja em queda, agora de 1,49%, em 2022.

Essa alta se deu mesmo em um contexto de dúvidas, com a inflação elevada nos Estados Unidos – o índice anualizado está em 6,8% – e da elevação da taxa de juros por lá, passando do intervalo de 1,5% a 1,75% ao ano para 2,25% a 2,5%. Além disso, a aprovação da PEC Kamikaze no Brasil, de caráter eleitoreiro, tende a causar mais desajuste fiscal.

Ainda assim, o Ibovespa teve alta, com a valorização de 62 das 90 ações que compõem o índice, incluindo a da Ambev. E o destaque foi a Via, com variação positiva de 25%, seguida por Positivo (23,6%), as ações preferenciais (22,27%) e ordinárias (21,02%) da Petrobras e a Locaweb (20,46%). Na outra ponta, Qualicorp (-11,66%) e Bradespar (-10,94%) tiveram as maiores perdas do mês.

Fora do Brasil
No mercado externo, as ações das principais cervejarias seguiram o mesmo ritmo da Ambev no Brasil e se valorizaram em julho. Foi o que aconteceu em Nova York, com o papel da própria companhia terminando a última semana cotado a US$ 2,82. Assim, subiu 12,35% no mês, revertendo a tendência de queda do primeiro semestre.

Na Europa, não foi diferente, com o papel da Heineken chegando aos 96,10 euros, se valorizando 10,46% em um mês. Já a ação da AB InBev agora está valendo 52,27 euros, uma alta de 1,71% em julho. Ela poderia, inclusive, ser maior, não fosse o tombo de 4,09% no pregão da última quinta-feira, na sequência da divulgação do seu balanço.

A companhia teve alta de 3,4% no volume de bebidas fabricadas no 2º trimestre, para 149,729 milhões de hectolitros, com o lucro líquido ajustado sendo de US$ 1,468 bilhão, menor do que o US$ 1,507 bilhão do mesmo período de 2021.

O Guia selecionou 5 análises sobre o balanço da Ambev, com avaliações e o preço-alvo para a ação após a divulgação do resultado financeiro do 2º trimestre no final de julho. Confira:

Ativa Investimentos – Preço-alvo: R$ 15,50 (Neutro)
Mais uma vez a Ambev reportou um resultado prejudicado pelo aumento no preço das commodities, que pressionou suas margens na maioria das suas principais operações. Entretanto, vemos a companhia entregando o melhor que poderia para compensar esse efeito, com suas iniciativas para impulsionar a ROL/hl e alavancando suas plataformas digitais. No curto prazo, no entanto, considerando os patamares atuais das commodities e o cenário macroeconômico mundial, ainda enxergamos um cenário de desafios e volatilidade pela frente.

Bank of America – Preço-alvo de R$ 18 (Neutra)
Esperamos que o desempenho da receita seja mais desafiador no 2º semestre, devido às duras comparações do terceiro trimestre, recuperação de preços, o que pode afetar a participação de mercado no Brasil, enquanto os custos devem acelerar em relação ao ano anterior. Para 2023, não esperamos uma redução significativa de custos no Brasil; portanto, as margens devem ser relativamente semelhantes aos níveis de 2022, enquanto há desafios em outros mercados, principalmente na Argentina devido à turbulência econômica.

Credit Suisse – Preço-alvo: R$ 16,50 (compra)
Repetidas vezes, a AmBev desafiou o status quo, apresentando resultados impressionantes mesmo diante de uma dinâmica de consumo mais fraca; este trimestre não foi diferente. Assim, a execução de vendas de alto nível da AmBev levou os volumes de cerveja do Brasil a crescer 8,5% a/a no 2T, ganhando participação de mercado e superando as expectativas de venda e compra de crescimento de baixo a médio dígito.

Citi – Compra
O crescimento do volume de cerveja no Brasil aproveitou o momento de reabertura e o clima favorável em junho e parece sustentável. O preço do LAS refletiu os aumentos de preços e o mix de marcas pode se sustentar, a menos que os ventos contrários da Argentina venham à tona. As principais questões para a gestão são a melhoria das perspectivas de margem com redução de custos de alumínio e aumento do mix RGB/on-trade.

XP Investimentos – Preço-alvo: R$ 18,80 (Compra)

Com mais de 85% dos clientes da AmBev já integrados ao BEEs, as vantagens de um processo de venda totalmente digitalizado estão se tornando mais aparentes. Os pequenos clientes do canal off-trade e on-trade (bares e restaurantes) estão recebendo não só um atendimento melhor e personalizado, com sugestões de portfólio e boas práticas de sell-out, mas seu sistema de gestão (principalmente estoque) já é feito dentro dos BEEs, permitindo mais previsibilidade para ambos os lados. A recente parceria com o GPA adicionará mais um lote de SKUs que estarão disponíveis para todos os clientes, o que confirma que a AmBev está à frente do jogo em vendas digitais de bebidas

Equipe de analistas da XP Investimentos

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