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Balcão Xirê Cervejeiro: Mulheres Negras Cervejeiras – Continuidade dos passos que vêm de longe

Neste Julho das Pretas, celebramos com muita alegria a história de mulheres negras que há muito tempo vêm tencionando o mundo por um bem viver. “Nossos passos vêm de longe”, pontua Jurema Werneck. Seguimos na luta pelo reconhecimento dos nossos saberes, e é nessa toada que seis mulheres negras, atuando em diversos setores e no mercado cervejeiro, ousam mais uma vez trazer ao mercado a cerveja “Tereza de Benguela”, criação do coletivo “Tereza de Benguela Cervejeiras”.

Origem do Julho das Pretas
O dia 25 de julho é o marco em que as mulheres negras latino-americanas e caribenhas utilizam para lutar pelas vidas das mulheres negras, latino-americanas e caribenhas em busca do bem viver. É também o Dia da Mulher Africana e de Tereza de Benguela. As mulheres negras, em qualquer lugar do mundo, são as que mais sofrem todos os tipos de violências e são as que menos recebem atenção do poder público. As políticas públicas não alcançam esses corpos e, por essa razão, em 25 de julho de 1992, aconteceu o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. Nesse encontro, a discussão permeou as temáticas do machismo, racismo, sexismo e as violências direcionadas aos corpos de mulheres negras. Além de denunciar, foram propostas formas de combater as desigualdades, permitindo surgir uma rede de mulheres que permanecem unidas até hoje.

O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi reconhecido pela ONU ainda em 1992. Em 2014, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei Federal 12.987/2014, que instituiu o Dia de Tereza de Benguela, uma demanda antiga dos movimentos de mulheres negras e inspirada no encontro de 1992 em Santo Domingo. Quando a lei surgiu, quem estava à frente da pasta da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial era a ministra Luiza Helena de Bairros, uma das maiores defensoras das mulheres negras.

Inspirado nessas mulheres, em 2022 surgiu o coletivo Tereza de Benguela Cervejeiras, composto por Adriana Santos, Cinara Gomes, Daniele Lira, Daniele Souza e Sara Araujo. Em 2024, juntou-se ao coletivo Karla Danitza, sendo que todas elas estão envolvidas no mercado cervejeiro.

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A primeira ação do coletivo ocorreu em julho de 2022, com o Festival Tereza de Benguela Cervejeiras, que reuniu diversas pessoas do mercado no Torneira Bar. O festival contou com palestras sobre a história da cerveja, o papel da mulher negra no mercado, os desafios enfrentados, além de harmonização entre cerveja e comida, muita música e poesia. Foi um verdadeiro sucesso.

Em 2023, o coletivo, em colaboração com a Goose Island Brew Pub e contando com apoio financeiro da Ambev, fez sua primeira cerveja, uma Red Ale com ameixa e baunilha kalunga. Em contrapartida, o coletivo promoveu junto aos funcionários do grupo Ambev palestras sobre letramento racial.

Em 2024, o coletivo lançou a segunda edição da cerveja, desta vez em colaboração com a cervejaria Dádiva. Parte da renda obtida com a venda das cervejas será destinada a celebrar esse movimento. O objetivo neste momento é continuar se colocando como uma referência para outras mulheres negras que desejem ingressar no mercado cervejeiro.

Um brinde às mulheres negras cervejeiras.


Sara Araujo é graduada em Ciências Jurídicas pela Instituição Toledo de Ensino Bauru (SP) e atua na área de execução penal. É graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (PR), pós-graduanda em história da África e da Diáspora Atlântica pelo Instituto Pretos Novos do Rio de Janeiro, sommelière de Cervejas pela ESCM/Doemens Akademie e criadora e gestora do @literaturanobar.

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