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Crise poderá mudar setor cervejeiro e terá impacto maior na Ambev, dizem analistas

Bradesco BBI e BTG Pactual apontam que Ebitda da Ambev pode sofrer redução de até 14% por conta da crise

A crise provocada pela pandemia do coronavírus poderá ter efeitos duradouros no setor cervejeiro e afetar negativamente os próximos meses da Ambev, a marca líder do segmento no Brasil. Trabalhos de analistas apontam que o fechamento de restaurantes e bares, adotado em função das medidas de isolamento social, afetará especialmente as marcas da multinacional. E esses efeitos poderão ser prorrogados por causa da mudança comportamental dos consumidores advinda da quarentena.

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Material do Bradesco BBI alerta para a possibilidade de alterações do hábito da população caso o período de isolamento social se prorrogue por mais tempo. A publicação lembra que a Sars, ocorrida no início dos anos 2000 e que teve a China como epicentro, mudou alguns comportamentos das pessoas.

“A epidemia de Sars entre 2002 e 2004 levou a um aumento significativo nas assinaturas de banda-larga e a um impulso duradouro para o e-commerce”, afirma o estudo assinado por Leandro Fontanesi. O documento também cita uma pesquisa realizada pela Nielsen na China que diagnosticou o desejo dos seus moradores de fazerem agora mais refeições em suas residências do que antes da pandemia do coronavírus.

Avaliando a possibilidade de um cenário de queda de 50% no consumo de alimentos e bebidas fora de casa, o Bradesco BBI estima uma redução de 21% na venda de cervejas no Brasil, enquanto o consumo de bebidas não alcoólicas aumentaria 11%. Isso porque 58% das pessoas têm preferência pelo consumo de cerveja quando estão longe do domicílio, porcentual que cai para 19% na residência.

Nesse cenário mais extremo, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Ambev sofreria redução de 14%. E a queda ficaria em 11%, 8%, 6% ou 3% caso o consumo externo caia 40%, 30%, 20% ou 10%, respectivamente, de acordo com a análise do Bradesco BBI.

Dependência de bares
Essas dificuldades para a Ambev também são apontadas em relatório do BTG Pactual. A avaliação de Thiago Duarte e Henrique Brustolin é de que a multinacional será a empresa mais afetada pela crise no setor por ter maior dependência das vendas em bares e restaurantes.

A análise segue a mesma vertente do material produzido pelo Bradesco BBI, que aponta um dado expressivo: 62% das vendas da Ambev são para esses estabelecimentos, acima da média brasileira.

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O BTG Pactual também avalia que a crise do coronavírus se junta a outros cenários considerados desfavoráveis para a Ambev, como “menor consumo fora do domicílio, aumento da concorrência e mudança da preferência do consumidor de marcas tradicionais”.

Além disso, a crise do coronavírus, somada ao clima turbulento provocada pela grave crise política, tem reforçado a desvalorização do real frente ao dólar, que fechou a última sexta-feira  cotado a R$ 5,59. “(A crise) pode não apenas reduzir volumes, mas também prejudicar ainda mais as margens devido a um canal pior de variedade de produtos”, conclui o estudo.

Os efeitos da crise do coronavírus sobre a Ambev poderão começar a ser contabilizados na próxima semana, em 7 de maio, quando a empresa vai divulgar o balanço financeiro do primeiro trimestre de 2020.

1 Comment

  • JOCA Reply

    27 de abril de 2020 at 10:28

    Tenho insistido na mudança de comportamento do consumidor, em especial os de brejas. O mercado será renovado por hábitos e produtos. Fica claro no artigo que a Ambev vai puxar estas tendências. Temos a enorme oportunidade de poder analisar os cenários prováveis e nos ANTECIPAR com medidas, estratégias e planejamentos de SUCESSO. Joca – Cervejoca Eventos Cervejeiros.

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