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Entrevista: O que motivou a Noi a investir em destilaria e a incorporar a W*Kattz

Bianca Buzin relembra trajetória familiar para explicar investimento da marca carioca em bebidas destiladas

Se os últimos meses do segundo semestre do ano passado marcaram um período de retomada das atividades sem maiores restrições para cervejarias, bares e restaurantes, a Noi buscou acelerar a sua recuperação já no fim de 2021 ao colocar em prática algumas estratégias que, espera, vão pavimentar o seu crescimento em 2022. Assim, ao mesmo tempo em que olhou para outra vertente da indústria de bebidas ao lançar a sua marca de gin, chamada Ion, também incorporou uma cervejaria ao seu portfólio, a W*Kattz.

A criação do gin confirmou a vocação da Noi de ser muito mais do que apenas uma cervejaria. Afinal, se surgiu como restaurante, reunindo hoje mais de uma dezena de estabelecimentos espalhados pelo estado do Rio de Janeiro, essa origem gastronômica se mistura com uma produção artesanal de bebidas ainda antes da chegada da família, de descendência italiana, às terras fluminenses.

A inspiração abriu caminhos para o surgimento da destilaria da companhia, onde, estima-se, serão fabricados 12 mil litros mensais de gin, atendendo a uma perspectiva, apresentada por Bianca Buzin, diretora de vendas e marketing da Noi, em entrevista para o Guia. Para ela, existe uma demanda crescente do mercado por produtos artesanais. “Há uma tendência para o que se produz artesanalmente, com cuidado, um produto do qual o cliente tem acesso a informações dos ingredientes”, diz.

Essa relação com o meio artesanal, definido por Bianca como “genuína”, também contribuiu para a Noi fechar a incorporação da W*Kattz, O acordo prevê que a produção, distribuição e comercialização das cervejas da artesanal de Niterói (RJ) seja feita pela Noi. Já as decisões estratégicas para o futuro da marca serão tomadas em conjunto.

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Essa incorporação, os próximos passos da destilaria e os planos da Noi para 2022 são alguns dos temas da entrevista de Bianca Buzin ao Guia. Confira abaixo:

Como surgiu a ideia de a Noi ter uma destilaria?
Essa decisão vem desde 2018. Foi quando a gente adquiriu os tanques, que chegaram em 2019. Mas a pandemia travou esse processo de lançamento do nosso gin, que ocorreria em 2020. A única coisa boa foi ganhar tempo para fazer o rótulo mais bonito possível, pesquisar bastante e realizar um trabalho de marketing bem legal, uma coisa diferenciada. Não tem o nome Noi, embora seja um produto nosso, da destilaria. A gente fez um jogo, uma brincadeira com isso. E a ideia de ter a destilaria é porque não vamos lançar só o gin.

Por que produzir o gin e quais são os próximos passos da Noi nesse mundo das bebidas destiladas?
Na Noi, a gente é amante de bebidas em geral. Meu pai produzia cachaça no Rio Grande do Sul com o meu avô. Eles consumiam e vendiam para os vizinhos. E o vinho, eles produziam só para consumo próprio. Então, isso está muito na nossa história. Tem muita gente lançando gin no Brasil, algo que se fala como se fosse uma tendência. Eu vou mais para o discurso de que há uma tendência para o que se produz artesanalmente, com cuidado, um produto do qual o cliente tem acesso a informações dos ingredientes. É um movimento de mercado voltado para conhecer o que se está bebendo. Isso vai de acordo com o gin e com a nossa história. Nossa história é muito forte com a bebida unindo pessoas e famílias em torno de uma mesa, com um vinho, uma cerveja ou uma cachaça. O alambique proporciona a possibilidade de se produzir cachaça, uísque e acho que até vodca. Essas três estariam com certeza dentro da destilaria, mas não sei qual será a primeira.

Além de lançar o gin, a Noi terminou 2021 como a incorporação da W*Kattz, de Niterói. Como se deu esse processo?
O nosso relacionamento com o meio artesanal sempre foi muito saudável, muito genuíno.  A gente participa muito de eventos desde o nosso início, já se criando uma comunidade. A concorrência não é prejudicial, a gente olha o outro para fazer o melhor. O meu concorrente não é um vilão. Essa marca é da minha cidade, a gente sempre foi muito próximo a eles. E aí surgiu a oportunidade, que foi boa para eles e para a gente, de ter essa incorporação. Não é só um simples aumento de portfólio. É uma incorporação, com a gente tendo a força dessa marca artesanal na cidade (Niterói).

Como funciona essa incorporação da W*Kattz?
A gente vai incluir as cervejas principais deles no portfólio, já estão sendo produzidas, inclusive. Vamos incluir em todas as nossas frentes de venda, inclusive nos nossos restaurantes teremos torneiras deles. Os fundadores estão ativos na continuidade do trabalho com a gente. A W*Kattz é a vida deles, como é a Noi para nós. Pode haver lançamentos, porque é da nossa cultura e é da cultura deles.

Você considera que incorporações vão se tornar uma tendência no segmento de cervejas artesanais?
Eu não sei se é uma tendência que vai continuar, mas são um resultado do que aconteceu na pandemia, que trouxe desafios, pois deixou em estado crítico muitos empresários e comércios. Eu não vejo como uma tendência contínua daqui para a frente de aumento desse tipo de fusão ou que seja algo que irá ficar estrutural.

Além da cervejaria e, agora, da destilaria, a Noi tem uma rede de restaurantes. Como é administrar um negócio que envolve bebidas alcoólicas e gastronomia?
Existem vários modelos de negócio na cerveja. Existe quem produz como “barriga de aluguel” para terceiros, tem quem possui a marca própria… Contar com a marca própria e o restaurante é outro modelo de negócio. E da mesma forma como eu tenho um modelo de negócio diferente, eu trato com uma gestão totalmente diferente de quem tem só fábrica. Então, não é trivial, não é um negócio que eu posso dizer que é fácil de administrar se você não tiver uma herança de serviço ou adquirir a competência de alguém que tenha, porque o setor de restaurante é muito específico, a gestão é muito diferente de você vender um produto para gôndola de mercado. Eu vejo potencial se você tiver as competências agregadas corretamente. Você está fazendo um serviço com o cliente, que não diferencia o restaurante do produto. E se acontecer alguma coisa errada é a mesma marca para o cliente. Então, ao mesmo tempo que pode ser muito positivo, é muito vulnerável.

Que avaliação a Noi faz da pandemia e, mais especificamente, do ano de 2021?
2020 foi um ano para esquecer. Graças a Deus, a nossa empresa permaneceu saudável. A gente tinha uma gestão de capital de giro, se movimentou, fez drive-thru, entregou muito PET, foram mais de 150 mil, no total. Agora, 2021, também teve uma queda (em relação a 2019). O resultado vai vir em 2022. A gente está se movimentando, comprou chopeira recentemente e barril. Estamos investindo, mas o resultado melhora, a gente imagina, a partir do meio do meio do ano.

E quais são os planos da Noi para 2022?
O plano é sempre crescer, crescer, crescer, crescer. As estratégias começaram em dezembro, com o gin e essa fusão já apontando que que a gente está com o movimento acelerado para crescer em 2022, não só em litragem mensal, que já vai aumentar, com os destilados, mas também em faturamento. Sobre as casas, a gente vai analisando pontualmente o crescimento delas, temos recebido muitos pedidos de abertura de franquias, algo que é outra frente do nosso grupo. Em 2021, mesmo com toda a crise, inauguramos duas lojas, então, das 11, estamos com três franquias. Podemos também abrir mais alguma casa e trabalhar bastante em eventos, no que a retomada permitir.

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