Produção de alcoólicas cresce 5,4% em julho e descola da indústria; veja análise
Depois de registrar estagnação em junho, a fabricação de bebidas alcoólicas no Brasil aumentou 5,4% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2021 e descolou do ritmo lento da atividade industrial brasileira.
O último balanço do IBGE confirmou que a produção industrial nacional subiu 0,6% no sétimo mês do ano na confrontação com junho. E na equiparação com julho de 2021, na série sem ajuste sazonal, houve recuo de 0,5%. Já no acumulado do ano, a queda é de 2%, enquanto no amontoado dos últimos 12 meses a retração aferida é de 3%.
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Em meio a este contexto de subida tímida da indústria e de perdas a longo prazo, a fabricação de bebidas alcoólicas reagiu de forma significativa em julho, eliminando parte dos recuos anteriores. Embora tenha aumentado mais de 5% em julho, o ritmo da produção em 2022 ainda é negativa em 2%. Já nos 12 meses imediatamente anteriores, a queda é de 4,9%.
Em análise divulgada na sequência da divulgação da Pesquisa Industrial Mensal, a XP Investimentos, no Monitor da Indústria de Bebidas, destaca que esperava uma expansão maior da produção de bebidas alcoólicas em julho. Ainda assim, mantém o otimismo para a sequência do segundo semestre.
“A produção de bebidas alcoólicas ficou um pouco abaixo das nossas estimativas (-1,1%), e uma vez que aplicamos a sazonalidade as estimativas para o 3T e 4T diminuem em 1,2%”, diz. “Entendemos que há novos fatores a serem considerados além dos dados históricos (ou seja, auxílios governamentais, eleições, Copa do Mundo) e, portanto, continuamos otimistas quanto ao consumo de cerveja no 2S22.”
O levantamento do IBGE confirmou expressivo crescimento na fabricação de bebidas não alcoólicas, que em julho saltou 20,7% na comparação com o mesmo mês de 2021. E no acumulado do ano a subida já é de 11,6%. Além disso, a elevação nos últimos 12 meses está em 2,8%.
Ao mesmo tempo, os analistas da XP relatam surpresa com a expressiva alta da produção de bebidas não alcoólicas em julho, ampliando suas projeções para o decorrer de 2022.
“A produção de bebidas não alcoólicas surpreendeu e ficou 6,6% acima das nossas estimativas, aumentando significativamente as estimativas para os meses seguintes ao aplicarmos a sazonalidade”, destaca.
Na produção de bebidas em geral, que leva em conta o somatório das com e sem álcool, o aumento contabilizado para julho foi de 12,7%. No amontoado dos primeiros sete meses de 2022, a subida é de 4,2%. Já nos 12 meses imediatamente anteriores, o índice fica negativo em 1,3%, sendo que na comparação entre julho e junho deste ano ocorreu redução produtiva de 0,7%.
Produção de alimentos ajuda a puxar crescimento tímido
A pesquisa do IBGE revela que houve alta na produção de duas das quatro grandes categorias econômicas e em 10 dos 26 ramos investigados. O instituto destaca que a influência mais positiva foi constatada na fabricação de produtos alimentícios, com subida de 4,3% em julho. Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com um incremento de 2%, e indústrias extrativas, com 2,1%, também se sobressaíram no período.
Da mesma forma, produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com elevação de 10%, de metalurgia (2%), de celulose, papel e produtos de papel (2,1%) e de outros equipamentos de transporte (5%) deram contribuições importantes.
Apesar disso, o setor industrial ainda se situa em um nível de atividade que está 0,8% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e é 17,3% inferior ao recorde produtivo atingido em maio de 2011.
“O setor industrial ao longo do ano de 2022 vem mostrando uma maior frequência de resultados positivos. São cinco meses de crescimento em sete oportunidades. Nesses resultados observa-se a influência das medidas governamentais de estímulo e que ajudam a explicar a melhora registrada no ritmo da produção. Mas vale destacar que ainda assim a produção industrial não recuperou as perdas do passado”, explica o gerente da pesquisa do IBGE.
Antes de crescer 0,6% em julho, a produção industrial nacional havia caído 0,3% em junho, quando interrompeu quatro meses consecutivos de altas que acumularam expansão de 1,9% neste período. Entretanto, não há motivo para qualquer euforia, já que houve registros de índices negativos em 16 dos 26 ramos industriais pesquisados. “É um crescimento que se dá de uma forma muito concentrada neste mês de julho”, ressalta Macedo.
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