Prorrogação da validade de barris para pubs britânicos coloca Heineken em polêmica
A permissão de reabertura dos pubs britânicos foi seguida por uma polêmica entre uma grande multinacional do setor e os comerciantes locais. Assim que passaram a receber os barris de cerveja da Heineken, os empreendedores a criticaram por estender a data de validade registrada nos recipientes.
O fato chama ainda mais atenção pois, em junho, com o prolongamento das restrições ao funcionamento de pubs, a British Beer & Pub Association (associação que representa os pubs e cervejarias do Reino Unido) articulou uma campanha para flexibilizar as regras de descarte de bebida fora da data de validade, ajudando os pubs a se livrarem da cerveja vencida – e também pleiteando a devolução do imposto pago por ela.
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“Tenho clientes que passaram dias descartando 30 barris de cerveja e, quando receberam sua primeira entrega na semana passada, a data original de validade era anterior à dos que foram descartados”, afirma uma fonte envolvida na cadeia de fornecimento à revista The Grocer.
A diretriz dizia que, excepcionalmente durante a pandemia de Covid-19, não era necessário o testemunho de um representante da cervejaria no momento do descarte. A iniciativa foi apoiada pelas grandes empresas do setor, como AB Inbev, Coors, Carlsberg e a própria Heineken.
Em resposta, a Heineken ressaltou que a cerveja que estocada era de qualidade e sem qualquer risco para o consumo. “A cerveja em barril que temos em nosso estoque foi mantida em condições ótimas e foi analisada em comparação a amostras de referência para termos certeza de que ainda está em seu máximo de qualidade”, afirma a companhia.
“Sabemos que nossas bebidas em barril são tão estáveis quanto as engarrafadas e enlatadas, que têm validade estipulada de mais de um ano. Estamos sendo bastante transparentes sobre a extensão da data de validade de nossos barris”, acrescenta a Heineken.
Segundo a companhia, 95% dos barris costumam retornar vazios à fábrica para serem limpos e reabastecidos em, no máximo, três semanas – portanto a data de validade nunca teria sido alvo de discussão ou preocupação. Mas ela admite que o cenário advindo da pandemia pode ter alterado, em parte, esse cenário.
“A data nos barris ajuda os revendedores em suas estratégias para girar o estoque, e isso funcionou por anos. Dadas as circunstâncias atuais, precisamos reavaliar”, afirma a companhia.
Mas para James Calder, chefe-executivo da Society of Independent Brewers (SIBA), entidade que representa as cervejarias independentes do país, a remarcação da data de validade não é uma medida apropriada para garantir a confiança dos consumidores no produto.
“Se as cervejarias globais estão remarcando barris antigos com novas datas de vencimento, isso significa uma imensa quebra de confiança em relação aos donos de pubs aos consumidores”, aponta Calder.
(Com Inside Beer e The Grocer)
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