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Boemia inclusiva: Ação em Pinheiros expõe importância social da reciclagem de vidro

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Goose Island se uniu à startup Green Mining para intensificar reciclagem de vidro, em ação que também melhora a vida de ex-catadores

A reciclagem de latas de alumínio e de garrafas pet tem o Brasil como referência mundial, mas o reaproveitamento de uma terceira embalagem ainda pode e deve evoluir: a de garrafas de vidro. Em uma ação para aumentar essa possibilidade, também a tornando financeiramente viável para os seus coletores, a cervejaria Goose Island se uniu à startup Green Mining para intensificar a reciclagem do material em São Paulo e, principalmente, no boêmio bairro de Pinheiros.

Embora os números tenham crescido em anos recentes, o Brasil ainda não consegue reciclar 50% dos recipientes de vidro, mesmo que eles sejam totalmente reaproveitáveis. E a avaliação de especialistas é de que três aspectos do material impedem a elevação mais acelerada desse porcentual: o baixo valor agregado, o alto custo logístico e a dificuldade em trabalhá-lo.

Para alterar essa lógica que deixa a reciclagem dos recipientes de vidro em segundo plano, a Goose Island decidiu ser ativa e buscou liderar o processo de coleta, como destaca Thiago Leitão, gerente de marketing da cervejaria. E, a partir disso, ele crê que a iniciativa poderá transformar o modo como a vizinhança de Pinheiros lida com os resíduos.

“Ao invés de esperar que as pessoas tragam o material, nós buscamos, de forma ativa, as garrafas de vidro nos bares e restaurantes e levamos diretamente para o local de descarte. Queremos conscientizar as pessoas com nossas ações, não apenas nas palavras”, conta Thiago ao Guia.

Parcerias em Pinheiros
Conhecido por suas atrações boêmias, o bairro de Pinheiros traz com essa fama um inconveniente para o meio-ambiente: a dificuldade, por parte de bares e restaurantes, para descartar corretamente embalagens e garrafas de vidro, algo que também motivou a iniciativa.

Há, também, um vínculo afetivo para que a Goose Island realize a ação em Pinheiros. Afinal, embora tenha origem em Chicago, nos Estados Unidos, a marca instalou a sua brewhouse – bar que fabrica a própria cerveja – no bairro, na região do Largo da Batata – a iniciativa já vem sendo realizada na Vila Olímpia, outro bairro paulistano conhecido pela agitada vida noturna.

Assim, a Goose Island aproveitou a proximidade com os estabelecimentos comerciais do seu bairro de “origem” em São Paulo para apresentar a iniciativa de reciclagem, buscando que eles se associassem ao processo e minimizassem o desconforto da geração excessiva de resíduos, particularmente o de garrafas de cerveja.

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“Fazemos o mapeamento dos pontos de venda que comercializam produtos em embalagem de vidro e realizamos uma aproximação junto com nossas equipes. Esse trabalho ainda está no início, mas buscamos engajar desde o proprietário, gerente, garçons, até a equipe que realiza a limpeza diariamente”, aponta Thiago.

Esse processo foi iniciado em março a partir da aliança com o conhecimento e a expertise da Green Mining, startup que desenvolveu um sistema de otimização de hubs para a coleta de vidro. Isso ocorre efetivamente com a participação de um coletor, em uma bicicleta adaptada, que percorre o bairro coletando as garrafas de vidro dos estabelecimentos parceiros.

Em seguida, ele as leva para uma central de recebimento no centro do bairro. Com os recipientes armazenados, então, a Goose Island os envia para o centro de reciclagem da Ambev no Rio. Todos os passos do processo estão inseridos em um sistema de certificação.

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“A Green Mining foca seu trabalho em um processo de logística reversa inteligente. Para ter o máximo de eficiência na recuperação de embalagens pós-consumo, a iniciativa é sustentada em três pilares: sistema de identificação eletrônica da geração concentrada de recicláveis pós-consumo; coleta ativa com sistema de rastreamento de pontos de geração e gerenciamento da central de recebimento de recicláveis; e sistema de certificação da cadeia de reciclagem”, explica Thiago, detalhando qual é o papel da startup na parceria.

Inclusão social
Embora a primeira preocupação seja com o impacto ambiental provocado pela reciclagem, a Green Mining destaca que sua iniciativa também possui uma tarefa social: empregar pessoas que já estavam envolvidas com a coleta de materiais, mas que agora atuam formalmente nesse processo.

“Nossa atuação é totalmente voltada para reciclagem, portanto o pilar ambiental é o que nos move. No entanto, acreditamos que o pilar social é nosso principal alicerce”, ressalta Rodrigo Oliveira, CEO da Green Mining.

“A maior parte de nossos funcionários que fazem o recolhimento são ex-catadores, ex-carroceiros ou cooperados que já trabalhavam com coleta de materiais, mas de maneira informal, sem receber nem um salário mínimo, férias, 13º, etc. Hoje, eles têm carteira assinada, com todos os impostos recolhidos e direitos respeitados”, acrescenta Rodrigo, reforçando a importância da iniciativa.

Futuro do projeto
O foco da coleta tem sido os estabelecimentos participantes, mas os coletores também têm recolhido material em outras áreas, em condomínios. E os números vêm crescendo: se 35 bares e restaurantes foram impactados nas cinco semanas iniciais, com a iniciativa tendo juntado mais de 7,8 toneladas de garrafas de vidro, a Green Mining já contabilizava 150 toneladas de vidro coletadas em 167 estabelecimentos no início de julho.

Além disso, ela trabalha com o desejo de ter mais 10 hubs em São Paulo e de realizar operações fora do Estado. “Nosso sonho é chegar em 1.000 hubs e mais de 2.000 catadores contratados”, revela o CEO da Green Mining, apontando que a redução nos custos da reciclagem permitirá a expansão da iniciativa, além de gerar mais empregos a partir do momento em que o reaproveitamento desse resíduo se tornar mais atrativo.

“A grande dificuldade hoje é que a cadeia logística do vidro é muito onerosa e o valor pago não é interessante para o catador. Através de tecnologia e um custo enxuto, tornamos viável essa coleta e envio, por isso acreditamos que conseguimos romper as dificuldades e vamos ajudar a aumentar muito a quantidade de vidro reciclado no país”, aposta Rodrigo.

Em um aspecto mais particular, a união da Green Mining com a Goose Island traz um impacto para a detentora da marca, a Ambev. Afinal, a gigante multinacional cervejeira possui no Rio uma fábrica que produz garrafas de vidro a partir da reciclagem de cacos, que são 50% da matéria-prima utilizada na Ambev Vidros.

“Ou seja, de cada dez garrafas que produzimos, cinco são fabricadas totalmente com material reciclado. Isso representa uma economia anual de mais de 127 mil toneladas de material virgem”, afirma o diretor de marketing da Goose Island, também apontando outros importantes aspectos econômicos e ambientais gerados por essa estrutura.

“Por diminuir o número de etapas do processamento do material, a reciclagem de vidro resulta em uma economia de 35% de energia para a fusão no forno. A Ambev Vidros conta também com um equipamento capaz de purificar o gás gerado no forno removendo até 99,95% de poluentes”, conclui Thiago, lembrando que o vidro reciclado tem as mesmas características daquele produzido somente com matérias-primas originais.

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