Sustentabilidade no Guia: “O que a indústria da cerveja faz no Brasil pode ser escalonado”

Sustentabilidade no Guia recebeu Fabio Ferreira, gerente jurídico e de sustentabilidade do Sindicerv

Terceiro maior produtor de cerveja do mundo, o Brasil pode ser exemplo não apenas em fabricação, com a atuação da sua indústria, mas também em sustentabilidade. Afinal, ações adotadas no País pelas produtoras da bebida, seja envolvendo o uso de energia renovável ou mesmo de embalagens, podem ser vistas como vanguarda e, principalmente, replicadas em outras partes do mundo.

Essa avaliação foi apresentada por Fabio Ferreira, gerente jurídico e de sustentabilidade do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) no primeiro episódio do Sustentabilidade no Guia. No programa, que tem o apoio do Sindicerv, Rodrigo Oliveira, CEO da Green Mining, recebe profissionais, executivos e pesquisadores para falar sobre sustentabilidade no setor (veja o vídeo completo do programa no final da matéria).

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Ferreira destacou que a relevância das ações sustentáveis da indústria no Brasil envolve uma série de iniciativas, que vão do processo produtivo até a cerveja chegar ao consumidor. “O portfólio de inovações, como as embalagens retornáveis, é muito maior do Brasil do que em outras regiões. Quando a gente fez algo positivo, isso é ampliado para o mundo, pode ser escalonado em outros lugares do mundo, como em um efeito cascata”, afirma.

Representados pelo Sindicerv, Ambev e Grupo Heineken dividem preocupações e inovações sobre sustentabilidade, como pontuou Ferreira. “Eles podem ser ferrenhos concorrentes na gôndola, mas quando passam pela nossa porta, trabalham em prol da categoria. Em termos de sustentabilidade, é quase como se tivéssemos uma competição saudável, para ver quem está mais engajado, tem mais inovação”, diz.

Leia também – Com ações em diferentes frentes, indústria avança na adoção da energia renovável

Confira a seguir os principais pontos abordados por Fabio Ferreira, gerente jurídico e de sustentabilidade do Sindicerv, no Sustentabilidade no Guia, sobre a atuação da indústria da cerveja no Brasil:

Acesso à energia renovável
“O Brasil é um país que tem uma matriz energética super limpa. Temos muito cuidado e muito carinho com esse tema, até porque, por exemplo, a água é o nosso principal insumo e mais de 90% do nosso produto. Então, temos o DNA de preservação ambiental, de estar cada vez mais engajados com essa questão. Temos hoje funcionando 3 cervejarias que são 100% abastecidas com energia renovável. Temos intensificado essa transição. Até 2030, projetamos ter 100% da energia renovável em toda a cadeia”.

Impacto da geração de energia renovável
“Cada vez mais focamos na energia solar, eólica, térmica em substituição àquela energia que é produzida pelos combustíveis fósseis, como o gás natural. Temos exemplos concretos de como isso funciona no Brasil. Uma das associadas já tem funcionando no Ceará um parque eólico com mais de 14 turbinas e que produz uma quantidade enorme de energia, são mais de 200 mil megawatt-hora/ano. Temos outro parque em construção na Bahia. Só deste parque do Ceará, há uma redução de mais de 32 mil toneladas de dióxido de carbono por ano que são retiradas da atmosfera. Isso representa a retirada de 50 mil veículos de circulação das ruas do País”.

Adoção de caminhões elétricos
“A gente tinha uma frota de caminhões que era 100% abastecida com diesel. E a onda de eletrificação das frotas que temos hoje no Brasil, também está presente na indústria da cerveja. Os caminhões elétricos estão cada vez mais se tornando realidade. Hoje, a gente já tem em funcionamento diversos caminhões elétricos distribuídos entre os associados e a meta é que seja 100% nos próximos anos. Isso faz muita diferença, até porque temos uma frota hoje de veículos que é bastante significativa”.

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Troca de refrigeradores
“Conseguimos trocar os refrigeradores para ter 100% deles seguindo os padrões globais de eficiência. Temos uma redução de 50% de energia e de emissão de carbono. Você ganha, porque tem a preservação ambiental e de economia de energia. Além de fazer essa transição de geradores, a gente colocou sensores que identificam horários de funcionamento. Temos aqueles modos stand-by com o qual você consegue otimizar ainda mais o consumo energético e, não só dentro da cervejaria ou da fábrica, mas também fora, dentro dos distribuidores”.

Fomento da sustentabilidade pela indústria da cerveja no Brasil

É legal pensar como existe uma transversalidade na cadeia. E como nas diversas etapas temos a participação de diversos fornecedores que estão em parceria, em absoluta sinergia conosco. Se eles não estiverem alinhados, é muito difícil acompanhar o desenvolvimento da própria indústria cervejeira. Hoje em dia, não basta você ter um produto final que seja adequado. Você tem que estar sempre convencendo a quem participa do seu dia a dia que as visões de mundo estão alinhadas

Fabio Ferreira, gerente jurídico e de sustentabilidade do Sindicerv

Estímulo aos pequenos produtores
“Existem programas de parceria e de treinamento que deixam esses agricultores familiares cada vez mais conectados, para que eles possam contar com uma estrutura financeira para desenvolver um plantio cada vez mais saudável. Sabemos que existem hoje técnicas de plantio direto, por exemplo, que são de uma agricultura mais avançada, que causa menos erosão e que, muitas vezes, essas técnicas tem que ser levadas e ensinadas para o agricultor familiar”.

Reciclagem de embalagens
“As embalagens de lata de alumínio têm uma taxa de reciclagem altíssima. O último número apresentado foi de 98,7% de taxa de reciclagem. É uma forma muito eficaz de levar o nosso produto final ao consumidor. O vidro também tem seus benefícios. É uma embalagem infinitamente reciclável e não danifica o meio ambiente, é composta basicamente de areia e materiais encontrados na natureza. Temos um portfólio muito focado nas embalagens retornáveis, aproximadamente 60%”.

O exemplo do setor cervejeiro
“A palavra da vez é transparência. Por isso, queremos dar visibilidade às nossas iniciativas. Buscamos separar as questões concorrenciais e mercadológicas do que é inovação ambiental, até para trazer mais pessoas para perto. Queremos cada vez mais mostrar o que fazemos não só para dentro, mas também para fora e para as pessoas terem essa dimensão do que que é feito. Elas pensam: ‘se grupos como a Ambev e a Heineken estão preocupadas em inovar e não estão acomodadas, o porquê eu, como pequeno cervejeiro, ou mesmo em outras áreas, não posso também me movimentar e procurar cada vez mais iniciativas que sejam positivas para o meio ambiente e que muitas vezes vão me trazer retorno financeiro e até de reputação?’”.

Concorrentes lado a lado
“Em termos práticos, um exemplo é a atuação na recuperação de embalagens em processos de logística reversa. Naturalmente, você nem sempre vai recolher 100% de uma só empresa. Então, a gente tem hoje comitês de vasilhames nos quais cada empresa organiza o material da concorrente, depois fazendo a troca”.

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