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Cervejaria é criticada após “homenagear” ilha devastada por testes nucleares

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Texana The Manhattan Project batizou seu novo rótulo de Bikini Atoll, uma referência ao Atol de Bikini, localidade usada para testes nucleares

A obsessão por dar nomes bacanas, provocativos ou que demonstrem a “cultura geral” de seus criadores, mais uma vez, foi longe de mais. Dessa vez o papelão foi da cervejaria texana The Manhattan Project, que batizou seu novo rótulo de Bikini Atoll, uma referência ao Atol de Bikini, nas Ilhas Marshall, localidade usada para testes nucleares norte-americanos durante a Guerra Fria. A “criatividade” custou críticas da comunidade cervejeira e das autoridades do país.

Entre os anos de 1946 e 1958, nada menos que 23 testes com bombas nucleares foram realizados no atol. Todos os 167 habitantes da localidade foram removidos pelo governo dos EUA para ilhas próximas antes dos testes, com a promessa de voltarem para suas casas posteriormente.

O atol, no entanto, nunca mais foi o mesmo: dentre tantas bombas acionadas no local, a Bravo, usada em 1954, foi a mais potente bomba detonada pelos EUA e a segunda mais forte da história. Ela tinha a força de destruição mil vezes maior do que as bombas que devastaram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

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Os efeitos na geografia e na natureza do local foram trágicos. Os níveis de radiação tornaram tanto o atol como as ilhas mais próximas inabitáveis, ao passo que as famílias foram impedidas de voltar e foram indenizadas pelo governo norte-americano.

Ao longo de décadas, estudos mostraram altos índices de radiação no local, considerado até hoje inapropriado para a habitação, enquanto moradores de outras ilhas do arquipélago também foram diagnosticados com problemas de saúde decorrentes da radiação.

Ideia infeliz
A “homenagem” ou “lembrança” causou desconforto para as autoridades das ilhas Marshall. O secretário de Saúde e Serviços Humanos do país, Jack Niedenthal, escreveu uma carta à diretoria da cervejaria sugerindo que levasse em consideração o sofrimento causado pelos testes.

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“Em última instância, é seu produto fazendo piada com uma situação horrível aqui nas ilhas Marshall – uma situação que, eu te garanto, ainda está acontecendo – para fazer dinheiro para a sua companhia. Isso é inaceitável”, escreve ele.

Internautas se juntaram a Niedenthal e criticaram o mau gosto da escolha, que poderia ser interpretada como uma “celebração” aos testes nucleares e não uma ação de conscientização, já que não há referência alguma no material da marca à história e à destruição causadas.

Além de seu próprio nome, The Manhattan Project tem, em seu portfólio, diversos outros rótulos que fazem referências a termos ligados à ciência nuclear, como Plutonium-239 e Particles Collide – mas nenhuma, até então, com referência a locais devastados.

A companhia reagiu às críticas dizendo, via Twitter, que não tem a intenção de fazer piada com a situação, e sim de “chamar atenção para os impactos e implicações dos programas nucleares norte-americanos e para esse momento crucial da história que é sempre deixado de lado”. Em seu comunicado, a cervejaria diz ainda que alguns de seus funcionários chegaram a receber ameaças de morte pelo ocorrido – mas que não vai tirar a cerveja do mercado e nem mais tocará no assunto.

Mas, justiça seja feita, essa não é a primeira homenagem que a localidade recebe. Quatro dias após o primeiro teste no atol, em 1946, o designer francês Louis Réard lançou o traje feminino de banho que popularizou o nome do atol no mundo todo. Em 1999, foi a vez da cultura pop fazer referência ao local no desenho animado Bob Esponja, que se passa no fundo do mar, em uma localidade fictícia chamada de “Fenda do Bikini”.

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