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Alta do dólar e pandemia pesam para falta de medalhas brasileiras na World Beer Cup

Evento nos Estados Unidos não era realizado desde 2018 e teve seu maior número de participantes na história

Acostumado a amealhar algumas medalhas em concursos internacionais, o setor cervejeiro do Brasil não conseguiu conquistar honrarias na World Beer Cup, que realizou a sua premiação no último dia 5, mesmo tendo figurado como sexto país com maior número de rótulos inscritos na competição organizada pela Brewers Association, a associação de cervejarias artesanais e independentes dos Estados Unidos.

A edição de 2022 foi a primeira da World Beer Cup em meio à pandemia e a primeira desde 2018, pois a versão de 2020 precisou ser adiada em função da crise sanitária. E profissionais ouvidos pelo Guia apontaram que impactos advindos do coronavírus e da alta do dólar no período podem ter afetado o desempenho das cervejarias do Brasil no concurso.

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Gilberto Tarantino, presidente da Associação Brasileira das Cervejas Artesanais (Abracerva), lembra que enquanto o número de participantes na World Beer Cup cresceu, houve redução expressiva no envio de amostras do país em 2022. Os brasileiros foram representados na World Beer Cup por 142 cervejas, avaliadas por um painel de 226 juízes de 28 nações, que distribuíram 307 medalhas de 309 possíveis em 103 categorias

“É natural que os resultados variem ano a ano e com certeza a redução na quantidade de amostras enviadas impactou muito este ano. Enquanto a quantidade geral de inscritos aumentou quase 28%, o Brasil enviou 40% menos amostras do que na média das últimas edições. Incluindo 2020, quando chegamos a receber as amostras antes do cancelamento do festival”, destaca o presidente da Abracerva.

Os impactos econômicos provocados pela pandemia do coronavírus e da crise econômica podem, assim, ter afetado a participação brasileira na World Beer Cup, como também foi ressaltado por Fabiana Arreguy, uma das representantes do país como juíza da prestigiosa premiação.

“Isso, com certeza, influenciou bastante. Muitas cervejarias não tinham cerveja para inscrever, uma vez que paralisaram sua produção na pandemia. O fator financeiro, acredito, pesou muito também. A inscrição de cada rótulo era cara, em dólar, fora a logística para enviar as cervejas aos Estados Unidos, tão cara quanto. O momento econômico não era dos mais favoráveis para a participação das cervejarias brasileiras”, reconhece a jornalista e sommelière.

O fator econômico também é visto por Giba como importante para o Brasil não ter conquistado medalhas na World Beer Cup. “Essa redução (no número de participantes do país na competição em relação a 2018) pode ter algum reflexo da Covid, mas acredito que o principal é que a inscrição em dólar ficou muito cara para boa parte das cervejarias e inviabilizou que elas enviassem as amostras”, pondera o presidente da Abracerva.

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Fabiana pondera, porém, que marcas consagradas de outros países também passaram em branco na premiação. E cita a ausência de algumas cervejas envelhecidas na disputa como uma possível razão para a falta de medalhas brasileiras nesta edição da World Beer Cup.

“Eu tenho o palpite que nas categorias das envelhecidas em madeira, que tínhamos mais chances de conquistar medalhas, fomos prejudicados pela proibição pelo FDA (em uma sanção da agência fiscalizadora norte-americana já derrubada) da entrada de cervejas maturadas em amburana nos EUA. Mas o fato de não termos ganhado nenhum prêmio faz parte de um contexto no qual cervejarias ícones da Bélgica e Alemanha também ficaram sem prêmio algum. Não há muita explicação”, analisa Fabiana.

A pesquisadora e cientista Amanda Reitenbach, fundadora do Science of Beer, que também esteve presente como juíza na World Beer Cup, apontou fatores influenciadores na avaliação do júri para dar as notas como relevantes para definir os medalhistas.

“Eram quase 11 mil cervejas inscritas e um time jurados muito diverso com referências muito diversas. Não necessariamente você precisa apenas ter a melhor cerveja. Você também tem de contar com um pouco de sorte. É uma competição em que se tem muitas cervejas que poderiam ganhar ouro, prata e bronze. E tem jurados que trabalham um pouco com a subjetividade, embora a gente siga um guia de estilos”, diz.

Giba também destacou a enorme dificuldade que é conseguir conquistar uma medalha no evento, ainda mais em 2022, quando houve recorde de concorrentes, com 10.542 inscrições de 2.493 cervejarias, que representaram 57 países.

“Não vejo com preocupação a falta de medalhas na World Beer Cup justamente porque é um concurso onde a disputa é grande e que fica mais competitivo a cada ano. Temos recebido muitos feedbacks positivos sobre a qualidade e a evolução das cervejas artesanais brasileiras, inclusive de parceiros internacionais”, afirma.

Na edição de 2018 da World Beer Cup, o Brasil faturou cinco medalhas: duas de ouro, uma de prata e duas de bronze. Ao total, na história do festival, a nação contabiliza 11 medalhas, com três ouros, quatro pratas e quatro bronzes.

Variedade de cervejas sem álcool
Em franco crescimento no mercado, as cervejas sem álcool tiveram esse sucesso refletido na World Beer Cup. Tiveram mais de 100 inscrições nesta categoria de cerveja sem álcool e aí a gente julgou de tudo, desde Sour até Stout maturada em madeira, Dubbel, Quadrupel… A variedade de opções de cerveja sem álcool foi incrível. E cervejas muito boas, muito bem feitas. O que a gente ainda vê no Brasil é muita Lager, algumas com um pouquinho de lúpulo, mas algo muito tímido. E a gente não tem tantas opções de cervejas sem álcool sensorialmente gostosas de beber”, analisa Amanda.

Fabiana também destaca a presença da cerveja sem álcool como uma tendência apresentada na World Beer Cup. “De mais interessante que vi em matéria de cervejas participantes foi a categoria das sem álcool, que tive a sorte de poder julgar por um round. Havia muitas cervejas dos mais variados estilos-base sem álcool. Até cervejas não alcoólicas maturadas em barris pude ver lá. As zero álcool são uma tendência mundial e ver que há tantas opções legais delas foi muito bom”, enfatiza.

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