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Indústria cervejeira aponta reaquecimento do setor e busca soluções para inflação

reaquecimento setor cervejeiro
Companhias de diferentes áreas vislumbram segundo semestre positivo dentro do setor, mesmo tendo de lidar com alta dos preços

Após encarar as dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus, que provocou uma crise financeira e desafiou a capacidade de resiliência de empresas e do setor cervejeiro, executivos exibem otimismo com o novo momento do segmento, visto como um período de reaquecimento, mesmo tendo que encarar algumas adversidades.

Com o abrandamento progressivo da pandemia, a recuperação do segmento começou a se concretizar no fim do ano passado e manteve a sua curva de crescimento em 2022. Embora a crise financeira afete uma parcela relevante da população, impactando na capacidade de consumo, as empresas do setor cervejeiro recuperaram a coragem e a segurança para voltar a realizar maiores investimentos com o reaquecimento dos negócios, como detectou a reportagem do Guia ao ouvir diversas empresas de diferentes áreas de atuação durante a realização da Brasil Brau.

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É o caso do diretor-executivo da BeerSales, Alam Corrêa, que vislumbra um futuro positivo. “Desde setembro do ano passado, temos visto o mercado cervejeiro começando a reagir. Então, isso também nos movimentou na empresa, nos dando mais confiança no mercado, até porque, durante a pandemia, também sentíamos a situação dos nossos clientes”, recorda o líder da empresa especializada no desenvolvimento de softwares para cervejarias e distribuidoras da bebida no Brasil. “Esse ano, estamos acreditando muito na retomada, principalmente de bares e pubs, um mercado que vem crescendo bastante e vejo como um grande canal que as cervejarias têm usado para rentabilizar os seus produtos”, completa.

Essa nova fase não vem sem novos desafios, pois tem sido acompanhada pela continuidade da inflação em níveis elevados. Mas a avaliação é de que a recuperação já se iniciou. “As coisas estão voltando ao normal. Muito lentamente ainda, mas a gente já vê uma luz no fim do túnel, percebe que as pequenas e médias cervejarias, que passaram por grandes dificuldades, já vêm retomando a produção”, ressalta Dario Occelli, CEO da Eureka Insumos Cervejeiros.

O empresário também projeta com confiança a segunda metade do ano no setor, embora reconheça que a conjuntura macroeconômica imponha dificuldades para alavancar o desenvolvimento. “O setor como um todo está vendo com bastante otimismo esse segundo semestre de 2022, e nós mesmos já sentimos nas vendas, nas importações que nós fazemos. A única coisa preocupante é a situação da inflação, que vem aumentando. E isso afeta diretamente o poder de consumo”, completa Occelli.

Thiago Chiumento, coordenador comercial da Agrária Malte, também tem boas perspectivas para os últimos seis meses do ano. Olhando o mercado das médias a grandes cervejarias, nós apostamos muito nesta retomada. Para o segundo semestre, apostamos em produtos que tragam algum diferencial para o mercado. A gente vê o crescimento de muito produtos zero álcool e produtos de especialização um pouco maiores. O público está mudando, o cliente quer um produto diferente, que tenha um custo atraente, relativamente interessante e que seja novidade”, destaca o executivo.

Para ele, a capacidade de inovar é importante em um cenário de inflação crescente. “Com os custos se elevando a cada dia que passa, a gente vê essas grandes indústrias tendo de se reinventar. Então, o atrativo que vai fazer a roda girar no segundo semestre é o de trazer produtos diferentes, com valor agregado diferente e atrativo para o cliente”, reforça.

Filipe Bortolini, sócio da Beer Business, também enxerga o reaquecimento do setor cervejeiro, mesmo que o ritmo de atividade ainda não tenha atingido os níveis pré-pandemia. “A gente está em um momento de retomada. Ainda não o mercado como era antes, mas a cada mês que passa está melhorando”, analisa o profissional, que reconhece os obstáculos impostos pela alta dos preços para quem decide começar a empreender.

É claro que com o alto custo dos insumos, com a inflação, acaba dificultando, principalmente para quem vai entrar no mercado e precisa fazer um investimento maior. Está tudo mais caro, mas a gente sabe que continuará vendo o mercado em expansão

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Filipe Bortolini, sócio da Beer Business

Nesse cenário de desafios, a JT Instrumentação e Processos tem atuado sob novas diretrizes para reduzir o impacto da inflação e mesmo da oscilação da moeda, ainda mais que a empresa trabalha com um grande volume de produtos importados, como explica Eduardo Veloso, gerente de serviços da companhia especializada em soluções industriais para o segmento de bebidas e alimentos.

“Primeiro a gente conseguiu fazer um trabalho na parte de margem de lucro. Como trabalhamos muito com produtos importados, estamos remanejando a parte de logística, tentando fechar pacotes maiores na hora de importar produtos para conseguir reduzir os custos. Com isso, a gente está conseguindo uma boa redução, minimizando o aumento da inflação para o consumidor final”, explica.

Carol Troppmair, gerente administrativa da myTapp, empresa especializada em sistemas de autosserviço de chope no Brasil, admite que a pandemia, que provocou o fechamento de bares – e depois limitou o número de pessoas frequentando esses locais –, impactou os negócios da companhia. Porém, enfatiza que a myTapp voltou com força quando a crise sanitária se abrandou, o que culminou no reaquecimento do setor cervejeiro.

“Nossa retomada tem sido super forte, com mais clientes, maior faturamento, com mais torneiras de chope instaladas do que no período pré-pandemia. E os nossos clientes também estão vendendo mais do que vendiam antes. Alguns bares realmente não aguentaram porque foi bem pesado para todo mundo, mas a galera que sobreviveu, que conseguiu gerenciar direitinho o negócio na crise, está se dando bem, vendendo mais”.

Sócio da BierHeld, que oferece sistemas de gerenciamento para microcervejarias, Ewerton Miglioranza aponta que após um longo período de freio nos investimentos, já é possível detectar movimentações para abertura ou ampliação de cervejarias. “Teve muita gente que segurou planos de abrir cervejaria ou de aumentar (seus investimentos), mas a gente vê agora que o pessoal está aparecendo de novo”, revela.

Ederson Cavalin, diretor comercial das Chopeiras Memo, também reconhece que houve “retração muito grande”, de 35%, em sua empresa, no primeiro ano da crise sanitária. Porém, o executivo destaca que essa perda foi recuperada e a companhia depois cresceu 15%, fato que o faz projetar com otimismo o segundo semestre. “O mercado voltou com tudo e neste 2022 a gente colocou uma meta para que seja realmente o nosso ‘ano da virada’ e no qual estamos ajudando os nossos clientes”, diz.

Já a Zero Grau, empresa especializada em fabricar e comercializar máquinas e equipamentos para refrigeração, também vê um cenário mais estável após as dificuldades vividas durante os períodos críticos da pandemia, como destaca o seu gerente de marketing, Leandro Spaniol, embora reconheça que agora as empresas precisam saber lidar com a inflação para se manterem competitivas.

 “Eu sei que o mercado de cerveja sofreu, assim como tem muita gente que não está mais aqui. E tem muita gente querendo fazer essa retomada. Esse momento de inflação, é natural do mercado, então a gente tem de saber lidar com isso, levar na ponta do lápis, fazer continha”, receita o executivo.

Brasil Brau indica reaquecimento
Um sinal do reaquecimento do setor foi o sucesso da última edição da Brasil Brau. A Feira Internacional de Tecnologia em Cerveja, que voltou a ser realizada após três anos, teve 7 mil visitantes em três dias de evento, entre o fim de maio e o início de junho. Assim, gerou muitos negócios e movimentou receitas importantes para os seus participantes, entre eles os 113 expositores, que exibiram e promoveram produtos e serviços.

Jeferson Stamborowski, gerente de produtos da Sartorius, empresa que oferece sistemas de filtração para maximizar o processo de produção cervejeira, vê o aquecimento dos negócios, percebido durante a feira, como um indício importante de que o setor vive um período de expansão pós-crise.

A gente vê uma procura muito maior das crafts por novas tecnologias. A feira, de uma maneira geral, foi muito mais promissora do que há três anos, com um crescimento potencial muito forte para o mercado cervejeiro no que tange ao processo com o qual trabalhamos, que é o de filtração e purificação de cervejas

Jeferson Stamborowski, gerente de produtos da Sartorius

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