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Do War para o Jogo Infinito: como a Ambev ajustou seu foco para a tecnologia

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CEO da companhia, Jean Jereissati explicou razões que fizeram Ambev decidir se tornar tech das bebidas

Depois de 20 anos disputando um jogo, a Ambev decidiu trocar de tabuleiro em busca da longevidade. Usando essa figura de linguagem, o CEO da companhia, Jean Jereissati, explicou a estratégia que motivou a companhia a deixar de ser uma mera indústria de bens de consumo para se transformar em uma tech de bebidas, com as razões sendo detalhadas durante o Ambev Tech & Cheers, evento de tecnologia da Ambev.

O encontro, que aconteceu em São Paulo, na última quarta-feira (3), representou um marco da apresentação dessa nova roupagem da Ambev ao mercado, sendo o primeiro grande evento de tecnologia realizado pela empresa. Nele, a companhia reuniu seus executivos especializados em tecnologia, além de profissionais de outras companhias brasileiras e internacionais para debates e apresentações sobre inovação.

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Surgida em julho de 1999, no Brasil, como fruto da fusão entre Brahma e Antarctica, a Ambev galgou, desde então, passos para se tornar a maior cervejaria do mundo. E eles envolveram fusões, como com a belga Interbrew, e a norte-americana Anheuser-Busch, para formar a AB InBev, assim como de compras, a mais emblemática sendo a da SABMiller.

Comparando esses processos de aquisições e fusões com as disputas do famoso jogo de tabuleiro War, no qual o objetivo é conquistar territórios, Jereissati apontou que a Ambev percebeu, ao completar 20 anos, que essa disputa estava encerrada.

Percebemos que não tinha mais espaço para o jogo de War, já estávamos no mundo inteiro. Era preciso pensar em um modelo para os 20 anos seguintes

Jean Jereissati, CEO da Ambev

Assim, a mudança histórica de foco de gestão iniciada pela Ambev em 2017, nas palavras de Jereissati, foi para evoluir o seu modelo de crescimento. O objetivo deixou de ser a busca apenas pela eficiência operacional, que gerou receita para para alcançar outras metas, como sua expansão geográfica, marcada por compras e fusões, em função do entendimento de que este ciclo se encerrou, pois tinha crescimento limitado.

Agora, então, a ideia da Ambev seria fomentar o ecossistema a partir de uma mentalidade de inovação e transformação por meio da tecnologia. “A ideia foi fazer uma reconexão com o ecossistema, pensando além da empresa e olhando para as pontas do campo ao copo. Como protagonista, tínhamos que saber como o ecossistema podia ganhar, dando um salto de inovação no modelo de negócios, muito além do líquido”, diz Jereissati.

O objetivo da Ambev, assim, nas palavras do seu CEO, é de ser uma “plataforma de marcas inspiradoras que conecta as pessoas e o ecossistema”. A inspiração para isso veio, de acordo com Jereisatti, no que Simon Sinek, famoso escritor, palestrante motivacional e especialista em liderança, definiu como “jogo infinito”, termo que também é título de um dos seus livros. A ideia seria prosperar por tempo indeterminado em um mundo em constante mutação.

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“Estamos numa posição tão boa de cerveja que o papel da Ambev no mundo é fomentar o mercado para que ele se perpetue. Meu market share já é bom, com marcas boas. A cerveja tem que ser relevante para o consumidor. Meu papel não é mais ver se vendi uma caixa de cerveja a mais. No jogo infinito, o objetivo é se perpetuar, fazer a Ambev se tornar uma empresa de 100 anos”, diz.

O CEO aponta que agora a Ambev quer ser uma plataforma de tecnologia com marcas relevantes dentro do segmento de bebidas. Para que isso se torne realidade, a empresa tem apostado em duas grandes interfaces tecnológicas: o Zé Delivery, no qual se conecta ao consumidor final, com a venda direta de produtos, e o Bees, utilizado por clientes como bares e restaurantes para aquisição de produtos, surgido em 2021. Além disso, a companhia conta, hoje, com os hubs Ambev Tech, Ambev Global Tech e Ztech.

Apenas no 2º trimestre, foram atendidos quase 15 milhões de pedidos pelo Zé Delivery, que tem cerca de 4 milhões de usuários ativos mensais, estando presente em todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, relatou a empresa durante o Ambev Tech & Cheers.

Já o Bees pode ser apontado como o principal responsável por esse salto de inovação e tecnologia da Ambev ao disponibilizar produtos que vão muito além do ecossistema das bebidas, vindo de parceiros como a BRF e o GPA, em um total de, aproximadamente, 2 mil itens à venda. E, revelou Jereissati durante a sua apresentação no Ambev Tech & Cheers, o portfólio será ampliado em função de acordo fechado recentemente com a Pepsico Foods. Além disso, o Bees já ganhou uma ramificação, o Bees Bank, no qual os parceiros comerciais podem ter acesso a serviços de conta digital e crédito.

Com os diversos braços de inovação, a Ambev também precisa investir nessas plataformas, hubs e soluções. E embora não revele o montante que gasta com essas operações, um dado confirma o peso desse novo foco: a equipe de tecnologia da companhia saltou de mil, em 2017, para, aproximadamente, 5 mil profissionais em 2022.

Com esse ajuste nas prioridades, a Ambev afirma não se ver mais como concorrente de outras grandes cervejarias e indústrias de bebidas, mas de grandes empresas de tecnologia, como Amazon e Alibaba, ainda que com o diferencial de que precisa continuar fabricando produtos de alta qualidade.

O nosso core tem a tecnologia e as marcas. A gente não é a Alibaba que só tem a plataforma, nem a Nestlé, que só tem os produtos. Somos algo novo, com as duas coisas. E as duas precisam ir bem: a nossa capacidade de inovar e de fazer produtos amados, que se conectem com a população. É assim que se ganha o Jogo Infinito. Não sabemos onde vamos chegar

Jean Jereissati, CEO da Ambev

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