Carnaval provoca alta no faturamento e busca por reconexão com jovens
O primeiro carnaval sem restrições e realizado no período usual do ano desde 2020 trouxe resultados positivos para bares, restaurantes, comércios em geral e a indústria da cerveja. De acordo com diferentes estimativas, houve crescimento de até 20% no faturamento em comparação com o carnaval do ano anterior, uma expansão também ancorada na estratégia de reaproximação das marcas com o público jovem.
A retomada do carnaval nas ruas, que levou as pessoas a ocuparem algumas das principais cidades brasileiras, provocou alta relevante no consumo de cerveja e na receita de quem as vende. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que antes da folia esperava aumento de 30% no faturamento dos estabelecimentos, avaliou que os números não foram tão altos. Mas ressalta que, ainda assim, foram expressivos.
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O crescimento nas receitas chegou aos almejados 30% para Pernambuco, ficando em 20% no Rio de Janeiro, na comparação com 2022, e em 10% para Minas Gerais. “Foi um desafogo para muitos que ainda sofrem com o endividamento e outros efeitos da pandemia que ainda atingem nosso setor”, destaca Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
A associação avalia que a falta de mobilidade acabou sendo um desafio durante o carnaval, mas destacou que pequenos empreendedores foram aqueles que mais aproveitaram a volta do carnaval às ruas.
“Como prevíamos, o carnaval trouxe movimento aos bares e restaurantes em todo o Brasil. O impacto nas cidades turísticas é mais evidente, mas no geral houve uma adesão muito grande da população à folia de rua, pois foi a primeira sem restrições de nenhuma espécie desde 2020. Os pequenos negócios, que são maioria do setor, se beneficiaram muito disso”, diz.
Esse cenário positivo também foi percebido em uma pesquisa da Linx, empresa de tecnologia para o varejo, apontando que os comércios de bairro e lojas de conveniência tiveram crescimento de 19% no faturamento durante o carnaval, na comparação com 2022.
Essa expansão nas vendas foi liderada por bebidas alcoólicas. De 18 a 22 de fevereiro, 52% dos produtos vendidos por esses estabelecimentos foram bebidas alcoólicas, com a cerveja sendo a mais procurada. E o crescimento foi possível com a expansão do carnaval de rua.
“O aumento do faturamento dos mercados de proximidade é reflexo de um Carnaval que já volta a ocupar as ruas após o controle da pandemia de Covid-19. Neste ano, além das principais capitais liberarem os bloquinhos, houve uma maior descentralização das festas, que chegaram com mais força nos bairros”, afirma Samuel Carvalho, diretor da vertical de mercados de proximidade e conveniência na Linx.
Grandes marcas
A retomada do carnaval, com as festas se espalhando pelas ruas e bairros das cidades, também foi alvo de iniciativas das grandes cervejarias. A Ambev realizou várias ações de marketing antes e durante a folia, como lançamentos de produtos, patrocínios a blocos, camarotes e mesmo às cidades.
Na linha de frente, esteve a Brahma, como destacou Jean Jereissati, CEO da Ambev, durante a teleconferência de resultados da companhia, nesta quinta-feira (2). “Foi definitivamente o carnaval da franquia Brahma, que teve abrangência nacional e presença nas mídias tradicional, social, com ambulantes e nos pontos de venda”, afirma.
Com forte estratégia de marketing para a Brahma, o que incluiu o lançamento de uma latinha que estampava o rosto de Zeca Pagodinho e a ida de Gisele Bündchen ao seu camarote na Marquês de Sapucaí, a Ambev acredita que a sua marca conseguiu dialogar com o público. “Vimos no carnaval a Brahma se reconectando com o jovem, algo que não acontecia há algum tempo”, acrescenta Jereissati.
Após um fim de 2022 e início de 2023 com muita chuva, o carnaval teve, exceto por São Paulo, tempo bom e temperaturas em linha com a tradição do mês de fevereiro, o que também levou o JP Morgan, em relatório divulgado na sequência da festividade, a prever uma alta de 3% no volume de cerveja no Brasil para o primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2022, quando ficou em 22,011 milhões de hectolitros.
O relatório do JP Morgan também apontou que as cervejas da Ambev foram aquelas com menor variação nos preços em fevereiro na comparação com Grupo Heineken e Grupo Petrópolis, ficando entre alta de 6% e queda de 3%. Na outra ponta, o Grupo Petrópolis foi aquele com maiores descontos, chegando a até 13%.
A estratégia da Ambev no carnaval também teve outros focos, sendo um dos principais o aplicativo Zé Delivery, que pouco oscilou os seus preços em fevereiro – a variação do valor médio em relação a janeiro não foi além dos 3%, de acordo com o JP Morgan.
Outra frente da Ambev no carnaval foi ir além da cerveja e se aproximar do consumidor mais jovem, com o lançamento da CaipiBeats, uma espécie de caipirinha enlatada. “A franquia Beats trouxe a inovação mais quente da temporada, a CaipiBeats”, lembra Jereissati. “Foi muito bom ver que alcançamos uma população mais jovem e mais mulheres”, conclui.
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