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Caso Backer: Entenda a polêmica, o que é o dietilenoglicol e a visão do mercado

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Diante do " risco iminente à saúde pública", Mapa interditou a cervejaria e determinou o recolhimento da Belorizontina

A Polícia Civil de Minas Gerais e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estão investigando como uma substância tóxica – o dietilenoglicol – foi parar na Belorizontina, da cervejaria Backer. A apuração começou após dez pessoas serem internadas com sintomas de uma síndrome desconhecida – um homem de 55 anos faleceu.

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A investigação da vigilância sanitária, então, identificou que todos os pacientes consumiram a mesma marca de cerveja no mesmo bairro de Belo Horizonte, fato que chamou a atenção e colocou a Belorizontina como principal suspeita de ter causado dores abdominais, náuseas, vômitos, insuficiência renal e problemas neurológicos, como perda de visão e paralisia facial.

Amostras da cerveja na casa dos pacientes foram recolhidas e enviadas para uma perícia técnica no Instituto de Criminalística da Polícia Civil. E o resultado, divulgado na quinta-feira, apontava para a presença da substância dietilenoglicol.

“Informo que nas duas amostras de cerveja encaminhadas pela vigilância sanitária do Município de Belo Horizonte (cerveja Pilsen marca Belorizontina, lotes L1 1348 e L2 1348) foi identificada a presença da substância dietilenoglicol em exames preliminares. Ressalto que estas garrafas foram recebidas lacradas e acondicionadas em envelopes de segurança da vigilância sanitária municipal n. 0024413 e 0021769, respectivamente, informou a Polícia Civil.

Na sexta-feira, diante do ” risco iminente à saúde pública”, o Mapa interditou a cervejaria, determinou o recolhimento de todas as garrafas de Belorizontina que estão no mercado e ainda apreendeu 16 mil litros da bebida que estavam na Backer.

A substância e a contaminação
O dietilenoglicol é usado como anticongelante em sistemas de refrigeração ou como diluidor de algumas substâncias químicas. Uma cervejaria, por exemplo, poderia colocá-lo na água para resfriar o mosto e para manter baixa a temperatura dos tanques durante a fermentação e a maturação.

Segundo o mestre-cervejeiro Luiz Signoretti, gerente de processos da Dortmund, de Serra Negra, em nenhum dos casos a substância entra em contato com a cerveja. “Para que haja uma contaminação tem que haver algum tipo de falha nas soldas internas dos tanques”, esclarece Signoretti, que possui 25 anos de profissão.

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Já Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva), diz que é muito raro um vazamento nas serpentinas do sistema de refrigeração. Mesmo que aconteça, acrescenta ele, a solução não vai para dentro dos tanques pois ela é aplicada em uma camada externa, sem contato direto com a cerveja.

“Vazamento para dentro do tanque é uma coisa muito rara, eu particularmente não tenho notícia desse tipo de contaminação em nenhuma cervejaria do mundo”, ressalta o presidente da Abracerva.

Há, ainda, segundo Lapolli, outra questão importante: para fazer mal dessa forma ao ser humano, a concentração de dietilenoglicol teria que ser extremamente alta na cerveja. “Ele é usado de forma diluída e, mesmo que houvesse um vazamento, ele seria ainda mais diluído nos milhares de litros de cerveja no tanque e não causaria dano”, avalia.

O uso nas cervejarias
Outro ponto que chama a atenção é que o dietilenoglicol, em geral, não costuma ser usado pelas cervejarias por ser muito caro. A prática do mercado é usar etanol diluído em água para agir como anticongelante, que é bem mais barato.

Em comunicado, a própria cervejaria Backer diz que não utiliza o dietilenoglicol em nenhuma etapa do processo de produção. “A Backer reforça que a substância dietilenoglicol não faz parte de nenhuma etapa do processo de fabricação de seus produtos, inclusive da Belorizontina. E reitera que continua colaborando com as autoridades e que se solidariza com as famílias envolvidas.”

Fato é que o caso ainda tem muitas questões a serem respondidas pela investigação, como aponta Luiz Signoretti, da Dortmund. “Devemos esperar por mais avaliações, feitas por mais de um laboratório, para evidenciar se de fato a substância está na cerveja. E, estando, ainda tem que se provar que de fato esse produto veio da cervejaria. Acredito que é muito prematuro fazer qualquer julgamento.”

Impacto no mercado
A repercussão, porém, já começa a causar impacto no pujante mercado de cerveja artesanal brasileiro. A cervejaria Mago do Malte/Landbier, de Presidente Prudente, teve nesta sexta-feira dois pedidos de venda cancelados depois da repercussão.

“Acho que, em um primeiro momento, ocorrerá uma queda de credibilidade nas cervejas artesanais. À medida das conclusões investigativas, porém, a credibilidade voltará”, projeta Luiz Carlos Freitas, proprietário da cervejaria.

Mesmo antes da determinação do Mapa, a Backer estava recolhendo do mercado os lotes citados no laudo. A cervejaria ainda disponibilizou um número de telefone para que os consumidores que tenham garrafas desses lotes agendem a retirada. O número exclusivo para esse serviço é o (31) 99536-4042.

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