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Entrevista: “As pessoas perceberam que comer e beber em casa é mais barato”

Para sócio da rede Beer4U, bares precisarão de estrutura mais enxuta para lidar com a mudança de comportamento do consumidor

Momentos marcantes da história modificam hábitos e tornam duradouros comportamentos até então pouco usuais. A sociedade passa por um desses períodos, provocado pela pandemia do coronavírus, que modificou a rotina e setores da economia. E um deles, o de bares e restaurantes, precisa se adaptar a um cenário em que o consumidor percebeu que beber e comer em casa é muito mais vantajoso financeiramente.

A avaliação de que o público cervejeiro não voltará a ir a bares com a mesma frequência de outrora, mesmo com o fim das necessárias medidas restritivas, é de Ériton Soares, sócio da rede Beer4U, em entrevista ao Guia. Com a experiência de quem está à frente de uma rede de lojas especializada em cervejas artesanais em São Paulo desde 2012, ele avalia que o consumo mais caseiro não é só uma tendência, mas vai se consolidar nos próximos anos.

Nesse cenário, diante de um cervejeiro mais afeito a beber em casa, Ériton aponta ser fundamental que os bares adotem uma estrutura mais enxuta nas suas operações, se organizem melhor e deem uma atenção especial com a contabilidade. Ações vistas por ele como fundamentais para a sobrevivência durante a pandemia do coronavírus.

Para ele, inclusive, a crise trouxe desafios, mas não afastou o consumidor, que não deixou de procurar a sua cerveja, mesmo nos períodos de maiores restrições, quando só era possível beber em casa. Assim, acredita que os estabelecimentos que sobreviveram à crise vão construir um setor mais profissional. E podem aproveitar muitas oportunidades advindas da turbulência.

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Confira a avaliação de Ériton Soares sobre o momento para o setor de bares e restaurantes e como a Beer4U tem lidado com os novos desafios na entrevista abaixo:

Com a experiência de estar à frente de uma rede cervejeira há quase dez anos, como você viu a crise provocada pela pandemia para o setor de bares?
O setor sempre foi desafiador, com ou sem crise. Sempre houve bares fechando. No início da pandemia, muita gente usou isso como desculpa para fechar, embora, claro, essa crise tenha atingido o setor de forma mais ampla. Mas muita gente se reinventou.  E houve muitas oportunidades de negócios, nas negociações com os fornecedores para quem tinha credibilidade.

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E para uma rede como a Beer4U? Como foi encarar essa crise?
O fato de ser uma rede fortaleceu muito, com um dando apoio ao outro. A gente se juntou ao franqueado e se abraçou. A união foi importante, com a troca de informação sendo muito produtiva. Vimos que não era o fim do mundo. Saímos fazendo entregas. Trabalhamos para não deixar faltar cerveja, ainda mais que no início da crise se começou a beber mais.

A Beer4U precisou adaptar suas operações para encarar as restrições impostas pelo coronavírus?
Para o delivery, que não fazíamos muito, tivemos uma parceria com uma empresa de motoboy. Mas a Beer4U sempre teve o foco no take away. Tivemos uma loja, a de Santana, que aumentou em 40% o faturamento por ser ainda mais focada nisso. É como se já estivéssemos preparados para isso, porque a gente sempre teve growler, já tinha a estrutura montada.

Você acredita que a crise do coronavírus modificou o consumidor cervejeiro? E de que modo?
Comer e beber em casa é muito mais barato. Nada substitui a mesa do bar, mas vamos ter uma mudança radical a partir dessa percepção. Hoje as pessoas se reúnem em casa e gastam metade. As pessoas se reinventaram de todas as formas, aprenderam a cozinhar. Essa mudança de cultura vai ficar. É claro que as pessoas vão voltar à rua quando puderem, mas vão passar a beber mais em casa. É um conceito nosso também, da rede, de que beber em casa é melhor e barato.

Como os bares podem se adaptar a esse momento de crise e a essa mudança de comportamento?
A chave é ter estrutura enxuta. Não tem mais como ter muitos funcionários, não há mais happy hour. O funcionário vai ter que trabalhar mais. Isso foi o que nos fez sobreviver, por ter uma estrutura mega enxuta. Quem sobreviver vai ter um mar de oportunidades. O segmento vai se profissionalizar mais. O público existe, ele não parou de beber. Você precisa descobrir o jeito de aprender a atendê-lo.

Qual é o legado e aprendizado para bares e restaurantes dessa crise?
O legado é as empresas aprenderem a se estruturar melhor, a ter uma gestão mais eficiente. Teve empresa que quebrou com um mês de pandemia. Mas elas não quebram da noite para o dia, o negócio já estava ruim há muito tempo. O empreendedor precisa trabalhar bem a parte tributária, há linhas de crédito, mas você precisa estar em dia com as responsabilidades. O empresário precisa cobrar mais da sua contabilidade.

Como imagina o ano de 2021 para a rede Beer4U e para o segmento de bares e restaurantes?
Vamos seguir na nossa expansão, algo que nem conversamos no início da pandemia, embora existissem interessados, porque não achávamos que era o momento. Estou otimista, espero fechar o ano com 20 unidades. Para o segmento, depende da liberação do governo. Deve ter uma retomada para o setor de cervejas artesanais, com alguns bares aproveitando. A pandemia está peneirando o setor. Fomos muito atingidos, as tap houses eram um mercado muito novo. O segundo semestre deve ser melhor.

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