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Entrevista: Covid-19 derruba faturamento do setor e Abracerva mira apoio federal

É importante que as cervejarias se preparem, o faturamento está perto de zero, alerta Carlo Lapolli, presidente da Abracerva

A pandemia do novo coronavírus, o Covid-19, impôs um isolamento forçado às pessoas, o que muda radicalmente os cenários das cidades: bares e restaurantes estão vazios, a demanda baixíssima e, como consequência, cervejarias estão passando por período sombrio e de incertezas.

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Segundo o recém-reeleito presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) e da Câmara Setorial da Cerveja, Carlo Lapolli, o faturamento de muitas empresas do setor está próximo de zero nas últimas semanas. Medidas que garantam a sobrevivência delas, assim, serão essenciais durante esse período de insegurança causado pelo coronavírus.

“Estamos trabalhando em um plano de ajuda no fluxo de caixa para as empresas sobreviverem, para manter os empregos e as empresas minimamente abertas”, conta o presidente da Abracerva.

Em entrevista exclusiva ao Guia, Lapolli falou também sobre o papel da Abracerva e da Câmara Setorial da Cerveja no processo de desenvolvimento – e recuperação – do mercado. E comentou sobre o caso Backer e suas consequências para o setor.

Confira, a seguir, a entrevista completa com Carlo Lapolli, presidente da Abracerva e da Câmara Setorial da Cerveja.

Qual é o potencial da pandemia do novo coronavírus – que está impondo restrições à circulação de pessoas e o cancelamento de eventos –  de afetar o mercado cervejeiro?
Sabemos que o efeito vai ser passageiro. A nossa recomendação é seguir as orientações das autoridades de saúde, para evitar uma disseminação forte como na Itália. É importante cumprir as recomendações. É importante que as cervejarias se preparem, usem a gordura que venham a ter porque está vindo uma baixa. Na realidade, já estamos percebendo dificuldades. O faturamento das cervejarias está perto de zero, a produção caiu, evidentemente. Já está explodindo a inadimplência dos bares e restaurantes, também a inadimplência das cervejarias com os fornecedores.

O setor já debate possíveis consequências e medidas tanto para contribuir com a contenção da pandemia de coronavírus quanto para não se prejudicar com ela?
Estamos trabalhando em um plano de ajuda no fluxo de caixa para as empresas sobreviverem, para manter os empregos e as empresas minimamente abertas, funcionando. O dólar hoje (ontem, dia 18) passou de R$ 5,23 e então inviabilizou um monte de coisas. É o cenário da tempestade perfeita. Tivemos uma reunião extraordinária da Câmara Setorial da Cerveja, com várias entidades – todos participando online, evidentemente –, e vamos apresentar um plano para o governo federal, aderir às propostas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e estamos acompanhando também as propostas do Sebrae. Amanhã (hoje) teremos reunião com os principais fornecedores de cervejarias para tentarmos bolar uma estratégia para segurar as pontas para eles também.

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A atuação da Abracerva nos últimos anos se destacou pelo crescimento do número de filiados, e o senhor foi reeleito ao cargo de presidente para o próximo biênio. O que está nos planos da entidade para esse período?
Para nós é importante o crescimento da Abracerva. Ela acompanhou o crescimento do mercado e sua consolidação veio no momento certo. O desafio nos próximos dois anos é o de consolidar ainda mais. Nesses últimos anos conquistamos um papel de interlocutores do setor com o mercado, com o poder público, e isso é fundamental para o nosso papel.

Qual é o foco da atuação da Câmara Brasileira da Cerveja no atual contexto do mercado? É possível observar ganhos concretos desde a sua criação?
A Câmara Setorial da Cervejá é recém criada, mas já é uma das mais ativas dentro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Conseguimos várias conquistas já, é muito importante a articulação com todas as associações presentes. Não só com os grandes fabricantes, mas com fornecedores de latas, de vidro. Estamos conseguindo fazer uma articulação muito positiva.

Nos próximos dois anos, tenho certeza que vamos colher muitos frutos de demandas que a câmara tem aprovado. É essencial, porém, a aproximação que ela proporciona com as grandes fabricantes, em um momento em que precisamos debater temas sensíveis como a tributação e a reforma tributária, e a revisão de leis concorrenciais, para que a gente tenha um ambiente mais saudável para as pequenas empresas.

Como o senhor avalia o caso Backer e a reação da cervejaria? Qual deve ser o futuro da marca e, principalmente, que consequências concretas e ensinamentos o caso traz ao mercado?
O caso da Backer nós tratamos como um caso isolado, circunscrito à própria empresa. É muito lamentável, o setor sofreu muito por se tratar de uma cervejaria artesanal, por ser uma pequena empresa. Infelizmente o contorno jurídico que o caso teve acabou maculando o apoio das outras cervejarias à Backer. Eles infelizmente foram para um caminho errado, faltou apoio e suporte às vítimas, com quem a Abracerva se solidarizou desde o início.

Mas o episódio traz, também, um freio de arrumação, tanto que a própria Abracerva e o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindcerv) estão propondo um novo modelo de gestão de segurança alimentar para pequenas, médias e grandes cervejarias, justamente para garantir, assegurar que esse tipo de episódio jamais ocorra novamente.

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