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Espaço aberto: Colecionismo cervejeiro no Brasil

colecionismo
Colecionar é manter a história viva. Colecionismo é a vitrine mundial dos itens de bebidas, escreve Carlos Alberto Tavares Coutinho

*Por Carlos Alberto Tavares Coutinho

O colecionismo é a prática de organizar, guardar, selecionar, trocar, preservar, restaurar e expor diversos itens que possam ser catalogados e mantidos em função dos interesses da pessoa que coleciona, vulgo colecionador. Colecionar é manter a história viva. Me desculpem, mas para falar de colecionismo cervejeiro há a necessidade de falar em colecionismo de outras coisas.

O colecionismo é a vitrine mundial dos itens de bebidas. Ele é muito amplo, abrangendo muitos itens colecionáveis. Tudo pode ser objeto de coleção por mais estranho que possa parecer, desde que seja um item autêntico e tenha marca, logotipo e/ou uma relação explícita com uma fábrica de bebidas. Como tal o são: tampinhas metálicas, tampinhas plásticas, abridores de garrafas, rótulos, garrafas e latas (vazias ou cheias), barris, tampas de barris, torneiras de chopp, bolachas, bandejas, móveis e utensílios (copos, taças, canecos, coolers, geladeiras, freezers, mesas e cadeiras, etc.), vestimentas (bonés, camisetas, aventais, etc.), porta-garrafas, porta-latas, guarda-sóis de praia, material de propagandas de PDV (cartazes, cartazetes, banners, displays, faixas, etc.), placas luminosas e, ainda, promoções, brindes e prêmios relacionados às bebidas e que são de interesse dos colecionadores.

Os colecionadores de itens de bebidas podem ser especializados, colecionando itens por tipo de bebidas (cervejas, refrigerantes, vinhos, alcoólicos ou não, etc.), somente de um ou alguns países, por tema (com determinados textos ou imagens, etc.) ou por evento ou período (determinado ano, olimpíada, guerras mundiais, etc.). Os itens preferidos dos colecionadores são difíceis de se apontar, pois normalmente se dedicam a mais de um tipo de coleção. Normalmente, quem tem espaço para guardar e expor sua coleção, opta por uma maior diversificação e por itens de maior volume (latas, garrafas, barris, propagandas, etc.). E, quem não tem espaço, opta por itens de menor volume (tampinhas, rótulos, bolachas, etc.), normalmente preferidos pelo time feminino.

No Brasil os colecionadores estão espalhados por todo o território, com a maior concentração na região Sudeste e Sul. Há aqui três principais clubes de colecionadores: o Brasil Chapter – Clube de Colecionadores de Itens de Cerveja, Refrigerantes e Afins, com mais de 1000 associados, reconhecido pelo Brewery Collectibles Club of America (BCCA), constituindo-se em seu Chapter #147; o RioLatas – Grupo de Colecionadores de Itens Cervejeiros do Rio de Janeiro; e o Tcherveja – Clube Gaúcho de Colecionáveis Cervejeiros.

O que movimenta este tipo de colecionismo no país é a constante procura. Como necessita de grande comunicação, são utilizados sites de grupos em redes sociais, grupos no WhatsApp. A cada movimentação dessas peças o seu valor se eleva, pois com a normal utilização dos Correios a tarifa passa a ser incluída no preço. Os colecionadores conseguem suas peças trocando e/ou negociando nas reuniões e convenções tanto de seus clubes como nas convenções e encontros de multicolecionismo que ocorrem nos mais diversos Estados. Também compram de particulares no site do “Mercado Livre”, em lojas e feiras de antiguidades, em lojas de colecionismo, em lojas virtuais. E participam de leilões e vendas a preço fixo, com itens sendo negociados a preços exorbitantes em função da procura.

Os exemplos a seguir mostram um pouco desse mercado: uma lata cheia de cerveja Alterosa dos anos 1970 atinge fácil em qualquer leilão a cifra dos R$ 4 mil – e sua tampinha e rótulo, raríssimos, têm um valor inimaginável; uma tampinha de refrigerante Gato Preto, da Fábrica de Bebidas Paraguay, já fechada, é vendida em promoção por R$ 200.

Geralmente a média de tampinhas no Mercado Livre, dependendo de idade, raridade e conservação, gira entre R$ 10 e R$ 30 – e, se tiver texto ou desenho internamente, pode chegar a R$ 80. Há ainda um ramo desse colecionismo de tampinhas que não é de bebidas, mas está sempre atrelado a ele: o de produtos como óleo de peroba, água sanitária, detergente ODD, etc., que pela idade e raridade são ainda mais caros. Os rótulos usados, dependendo do estado, chegam a R$ 60, enquanto os novos, sem uso, atingem valor ainda maior.

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No exterior, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, onde o universo do colecionismo é maior, há uma enorme gama de itens e um comércio especializado muito mais desenvolvido, tornando muito conhecido os produtos da indústria. É caríssima a compra no exterior através do site do E-Bay.

No Brasil, a maioria dos fabricantes de bebidas prefere destinar grandes somas para propaganda em publicações e outros veículos em vez de usar o que tem nas mãos quase gratuitamente: os rótulos e as tampinhas, que são os verdadeiros marketeiros de seus produtos, ignorando-os por achar irrelevante, seja por ignorância ou por acreditar que a qualidade e o boca-a-boca farão com que seus produtos sejam muito conhecidos. No caso dos rótulos, por exemplo, há mau gosto nos desenhos, marcas em língua estrangeira que não dizem absolutamente nada ou textos muito reduzidos, tornando difícil saber o que é e o que contém, confundindo o comprador e fazendo com que ele acabe levando a bebida das grandes fábricas que ele já conhece, quando poderiam trazer informações de seus prêmios conquistados e que tanto prezam.

No tocante às tampinhas a situação é bem pior. Em função do espaço reduzido, ela não traz informação alguma, esquecendo-se que no momento em que ela se separar da garrafa ninguém jamais saberá do que se trata. A memória é curta. O fabricante, por causa de centavos na fabricação de uma tampa, prefere usar uma tampa genérica de cor única (lisa) ou um desenho estranho, em vez de um pequeno texto com a marca e/ou o nome da fábrica. Poderia até ser usado um adesivo que faria com que ele economizasse um bom dinheiro em propaganda. Trata-se de um material que interessa ao colecionador e que possivelmente fará com que sua marca viaje por vários países, tornando-a conhecida. Não se exige que o produto seja distribuído e vendido em todo o Brasil, mas, através do colecionismo, uma marca pode se destacar e ser conhecida, pelo menos regionalmente.

O mais doloroso de tudo isso é a forma como é tratado o colecionador, com raras exceções, junto aos fabricantes de bebidas. Ele é considerado “um chato”, “um pedinte” e que não deve ser atendido. E o interessante é que normalmente há uma seção para atendimento ao consumidor em seu site, mas ele não atende, não informa, não responde.

O colecionador tem que ser um pedinte realmente, tem que tentar conseguir. Como ele conseguirá o item que procura para sua coleção? Um item de uma pequena e desconhecida fábrica a mais de centenas de quilômetros de onde ele está? Comprar o produto? Nem pensar… Não chegaria nunca.

Então ele pede e não é atendido, normalmente tendo suas mensagens ignoradas, nem ao menos tendo direito a uma explicação e, às vezes, ouvindo ou lendo coisas que ninguém gostaria de ler ou ouvir. Continuando sua procura, ele acaba encontrando alguém que tem o item e que irá lhe cobrar por várias vezes o preço do produto – e ainda pagará o frete dos Correios. Os colecionadores geralmente pagam R$ 10 ou R$ 15 por uma tampinha de um produto que ainda está no mercado. O fabricante do produto nem tomou conhecimento, pagou centavos pela tampinha, não irá usufruir disso e nem ao menos terá uma propaganda de seu produto, já que a circulação será restrita pelo alto valor pedido.

Acredito que os fabricantes, tanto os estabelecidos e os que têm uma loja virtual para a venda de seus produtos, quanto os que não têm a loja mas possuem um site ou fazem parte de rede social, poderiam dar atenção aos colecionadores e atendê-los. Se não for possível doar, que possam pôr à venda esses itens colecionáveis, mesmo que cobrando um valor pelo frete dos Correios, satisfazendo os dois lados: o colecionador que conseguirá o item e o fabricante que terá sua propaganda, fazendo seu produto conhecido até, quem sabe, no exterior. E, por favor, pelo menos ouçam os colecionadores que podem ter boas ideias, inclusive dizendo se gostam ou não de seu produto, mas jamais fazendo uma má propaganda.

*Carlos Alberto Tavares Coutinho é funcionário público septuagenário e aposentado que atende pelo pseudônimo de Cervisiafilia, colecionador de itens de bebidas desde 1994, blogueiro que tenta escrever sobre a história da cerveja brasileira no blog cervisiafilia.blogspot.com.br – A História das Antigas Cervejarias

Para promover o debate entre os mais distintos segmentos do setor cervejeiro, o Guia deixa o espaço totalmente aberto para seus leitores. Quer mandar uma sugestão de artigo, é só escrever para nosso editor: itamar@guiadacervejabr.com

3 Comentários

  • MARCIO LEMOS GUIMARAES Reply

    8 de julho de 2020 at 20:04

    Boa noite.
    Tenho caixas de cerveja do anos 60, 600 ml, em madeira da marca BRAHAMA, total de 10 cxs.

  • Felipe tugnolo Vieira Reply

    16 de novembro de 2021 at 14:40

    Tenho uma coleção de aproximadamente 1400 latas de cerveja. Preciso fazer algum tipo de negócio com elas. Interessados 11992328962

    • Emílio Rossi Reply

      10 de março de 2022 at 17:13

      Galera, criei um grupo exclusivo para quem coleciona algo relacionado a cerveja, copos, pôsteres, tampinhas, livros, placas, etc…não permitido divulgação de e-commerce, divulguem para os amigos que colecionam algo “sobre cerveja”

      https://chat.whatsapp.com/JT7yP2ynAvq911RTW7dxRM

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