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Os 2 lados da ponte: Tarantino faz 1 ano celebrando diversidade e capital humano

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Cervejaria no Bairro do Limão virou palco de eventos multiculturais e se tornou um marco da cena artesanal de São Paulo

A Cervejaria Tarantino completa um ano de vida e, como é praxe no mercado cervejeiro, realiza hoje uma grande festa. Mas a comemoração da cervejaria paulistana esconde, nas entrelinhas, a celebração de um projeto ousado e que pretende mudar paradigmas no mercado nacional. Em um ano de atividades, a Tarantino se tornou referência na promoção de eventos multiculturais, apostando em diversidade e promovendo a colaboração no setor.

A cervejaria foi concebida por Gilberto Tarantino, experiente importador de marcas como Rogue, Brewdog, Mikkeller, Anderson Valley e Founders, que se destacou no mercado por seu zelo com a cerveja no processo – foi dele a primeira importação de cervejas com toda a cadeia logística refrigerada para o Brasil.

Essa preocupação com a qualidade garantiu a ele um relacionamento próximo e de confiança com cervejarias e também com a Brewers Association. Foi desse contato próximo com os pioneiros da cena artesanal norte-americana que brotou o conceito de negócio da Tarantino, que valoriza a colaboração e o capital humano.

O Guia conversou com Giba Tarantino, sócio de Luciano Consentino e de Isaac Deutsch na empreitada, para um balanço dos pontos que puseram a cervejaria em destaque no cenário paulista e nacional.

Pioneirismo
A própria instauração da cervejaria na capital já configura uma ousadia. Colocar uma cervejaria para funcionar no município de São Paulo é algo complexo, devido às restritas leis de zoneamento da cidade. “A parte mais difícil, sem dúvida, foi conseguir as licenças necessárias para operar uma cervejaria dentro da cidade de São Paulo”, destaca Giba. Em 130 anos, apenas a Antarctica, instalada na Mooca no final do século XIX, e a Brahma, no Paraíso na década de 1950, já haviam tido todas as licenças para fabricar, envasar e distribuir cervejas na capital paulista.

Comunidade
Instalada em uma zona mista no bairro do Limão, na Zona Norte, a Tarantino vestiu a camisa da comunidade. “Somos muito agradecidos a esse bairro que nos recebeu tão bem. Por isso, constantemente, promovemos ações com a comunidade local”, conta Giba. A cervejaria abre sua quadra de basquete com um monitor para jogadores das redondezas, organiza campeonatos esportivos e eventos sociais para o bairro. Os grafites que enfeitam os muros e as paredes internas da fábrica também são fruto de um laço forte com a comunidade.

Nessa linha, a cervejaria encampa, ainda, a luta por preços justos. “O pensamento de que cerveja artesanal é para ricos está errado. Aqui temos um lema: cerveja viva para os dois lados da ponte”, diz ele, se referindo à ponte do Limão, sobre o Rio Tietê, que separa o centro expandido de São Paulo dos bairros mais periféricos, onde se encontra a Tarantino.

Eventos e espaço
Contíguo à fábrica, o bar da Tarantino é aberto todos os finais de semana, e rapidamente caiu nas graças dos cervejeiros paulistanos e ganhou o protagonismo de importantes eventos. Com seu estilo “urbano”, conta com quadra de basquete e espaço interno e externo suficiente para a realização de eventos. Ao longo de um ano, a cervejaria recebeu cerca de 70 mil visitantes e sediou 60 eventos, com atrações culturais diversas como o bloco de carnaval Ilú Obá de Min, composto por mulheres negras, além de bandas de rock e festivais de arte. Assim, o endereço se tornou um ponto de referência na cena cervejeira de São Paulo.

Capital humano
Uma das prioridades da empresa é valorização das pessoas que a fazem. “Nossa equipe é fantástica, só temos aqui gente motivada e capacitada”, diz Gilberto. “As empresas que não olharem para profissionalização e sustentabilidade estarão fora do mercado em pouco tempo”. A equipe é formada, em sua maioria, por mulheres, em um mercado de hegemonia masculino. Elas estão em todas as áreas, do marketing à produção, algo que aconteceu naturalmente na busca por bons profissionais. Além de investir na equipe da cervejaria, a Tarantino ainda forma colaboradores dos seus pontos de venda com cursos gratuitos.

Colaboração
Outro conceito muito bem explorado pela Tarantino – talvez o maior trunfo em seu primeiro ano – é sua vocação para a colaboração. A cervejaria constantemente produz rótulos em parceria com marcas norte-americanas e brasileiras e, nos eventos que promove, abre espaço para cervejas de parceiros. “A colaboração é algo que aprendemos com os norte-americanos. Lá é normal as cervejarias colaborarem e se ajudarem e isso só traz benefícios ao mercado todo”, salienta Giba. Na visão dele, a maioria das cervejarias brasileiras entende esse conceito, mas ainda existem focos de individualismo. “Nós abrimos nossa casa para muitas cervejarias, mas percebemos que algumas não retribuem, e isso é ruim para o mercado”, reforça.

Nos próximos meses, a cervejaria deve pôr em prática sua veia colaborativa em prol da comunidade cervejeira mais uma vez. A Tarantino é quem vai organizar a maior participação brasileira da história do World Beer Cup – é esperado um crescimento de 70% no número de rótulos. Pelo terceiro ano consecutivo, Giba e equipe vão operacionalizar o “consolidation point” do concurso norte-americano no Brasil, que consiste em receber todas as amostras de cervejas nacionais inscritas, catalogar e fazer o processo de envio aos Estados Unidos.

Marketing involuntário
Queira ou não, o nome da cervejaria, sobrenome da família de Gilberto, já “nasceu famoso” por conta do cineasta norte-americano Quentin Tarantino, o que, de certa maneira, pode ter jogado a favor. A cervejaria aproveitou a coincidência na pré-estreia no Brasil do último filme de Tarantino, fornecendo, a pedido da Sony Pictures, amostras de seus rótulos.

“Eu não conheço o Quentin pessoalmente e não sei se temos algum grau de parentesco”, diz, lembrando que  não houve qualquer embaraço para uso do nome. “Já era o nome da minha importadora de cervejas, e meu pai também já teve uma distribuidora de autopeças com o mesmo nome”, explica.

Futuro
Para o futuro a Tarantino está com o radar ligado para cervejas que conversem com o conceito de “bem-estar” de alguma maneira. A ideia é se aproximar do conceito de “wellness”, que em inglês amalgama o bem-estar físico e mental, envolvendo a prática de esportes e o consumo de alimentos saudáveis. Cervejas sem glúten ou com eletrólitos hidratantes, por exemplo, se encaixam na proposta, que dialoga com estilos de vida emergentes em grandes cidades globais.

Com esse horizonte, o desafio para o segundo ano é buscar uma expansão sustentável dos negócios. Para Giba o maior desafio agora é aumentar as vendas. “Já expandimos nossa produção e temos excelentes cervejas. Vender cervejas artesanais não é fácil, mas apostamos que a economia irá melhorar no país e que nosso próximo ano será ainda melhor com a expansão dos nossos pontos de venda”, ressalta. Os rótulos da Tarantino estão, hoje, à venda em 600 pontos. “Hoje vendemos a cerveja mais fresca de São Paulo. A qualidade é uma das nossas preocupações fundamentais”, finaliza.

1 Comment

  • Carlos Osorio Reply

    21 de dezembro de 2019 at 21:50

    O que percebemos sim é um barulho insuportável que incomoda toda a vizinhança do estabelecimento até altas horas da madrugada. Acredito que em breve serão multados.

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