Chegamos a 1000 cervejarias no Brasil. E agora?
Chegamos a 1000 cervejarias no Brasil. E que isso quer dizer? Nada. Ou quase nada. Quer dizer que o mercado segue crescendo e, ao que parece, o número de cervejarias cresce em ritmo mais acelerado do que o mercado consumidor. Ao que parece.
Quando entrevistamos vendedores de insumos, eles nos dizem que a venda de insumos segue em alta, com taxas de crescimento acima de um dígito. Quando conversamos com o pessoal das consultorias, eles se queixam que o mercado deu uma parada.
Com a Escola Superior de Cerveja e Malte, estivemos presentes em duas grandes feiras nos últimos dias, e o que pudemos perceber é um grande interesse por parte das pessoas em resolver problemas já existentes em suas cervejarias. A nossa leitura é que há muito menos gente entrando no mercado e mais gente dentro, querendo melhorar seus negócios.
Nos parece que este é o caminho natural. Não há mercado que cresça 500% em poucos anos e não passe por um processo de ajuste. O ajuste chegou para alguns, e é normal e esperado.
Nas praças onde há muitas cervejarias, há dois caminhos a serem seguidos. O primeiro e mais natural é a competição, que deixará mortos e feridos pelo caminho. O segundo caminho, antinatural, que requer esforço, é a cooperação. Através da colaboração entre cervejarias, com ações regionais, estaduais e nacionais, o caminho pode ser de crescimento sustentável, sinergias, reduções de custo, melhoria de comunicação, incremento de mercado e melhoria de qualidade.
Quais caminho cada cervejaria vai tomar? Espero que a maioria tome a segunda opção. E que temas relacionados à concorrência desleal, à sonegação e à compra de pontos de venda fiquem em segundo plano.
Nas regiões onde há poucas cervejarias, as empresas seguem nadando de braçada. O país é grande e ainda há muitas oportunidades. O Brasil está em crise desde 2014. O mercado de cervejas artesanais só sentiu a onda a partir do 2º trimestre de 2018. Há fatores externos às cervejarias que empurram o mercado para um lado e para outro. Ou para frente e para trás.
Após chegarmos a 1000 cervejarias, o trabalho segue. Um pouco mais complicado que em anos anteriores, mas os desafios sãos oportunidades de melhoria. Seguimos trabalhando por um mercado profissional, sustentável e ético, por isso estamos aqui. Para isso viemos. E queremos viver de cerveja em um ambiente saudável. É isso que desejamos.
Carlo Enrico Bressiani é diretor geral da Escola Superior de Cerveja e Malte, sommelier de Cervejas ESCM/Doemens, PhD em Finanças pela Universitat Ramon Llull em Barcelona, consultor e autor de livros nas áreas inovação, projetos e finanças
1 Comment
Eduardo Jorge
6 de setembro de 2019 at 10:23Show de matéria!
Mas é isso mesmo que esta acontecendo o mercado, esta abrindo as pernas e quem quer sobreviver esta se ajustando!
Espero que o final do ano sobre pessoas qualificadas e cervejarias!