Entenda em 4 pontos como a Câmara da Cerveja pode fortalecer o mercado brasileiro
O mercado cervejeiro nacional recebeu com euforia a notícia da instalação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cerveja no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília. A cerimônia ocorreu na última quarta-feira e concretizou uma antiga demanda do setor.
Composta por representantes da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindcerv), Associação de Cervejeiros Artesanais (Acerva Nacional), ao lado de membros do Mapa, a Câmara promete desempenhar um importante papel como agente na evolução do mercado brasileiro de cerveja. Mas o que, na prática, significa a sua instalação?
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Não é a primeira vez que uma estrutura como essa se forma com o objetivo de desenvolver a indústria e o mercado cervejeiros. A década de 90 viu uma tentativa de implementar uma câmara setorial para a cerveja, mas que não teve resultados concretos: seu foco se limitou ao desenvolvimento do cultivo de cevada e pouco trouxe de novo ao mercado que, à época, vivia uma realidade bem diferente da atual.
Se antes poucas marcas, rótulos e estilos abasteciam o país, hoje temos o terceiro maior mercado do mundo em produção, com 14 bilhões de litros de cerveja por ano, 1.190 cervejarias registradas e quase 3 milhões de empregos gerados. A cerveja é responsável por movimentar R$ 100 bilhões por ano no Brasil, o que representa 2% do PIB nacional.
Agora, com a nova Câmara da Cerveja, os esforços devem ir na direção da elevação da competitividade e da qualidade da cerveja brasileira. Carlo Lapolli, atual presidente Abracerva, foi eleito como o primeiro presidente da nova Câmara Setorial, fato que agradou os empresários do setor, já que o aumento da representatividade do setor cervejeiro (como já acontece com a cachaça e com o vinho em suas respectivas câmaras) é, há alguns anos, uma demanda permanente dos membros da Abracerva.
“A Câmara surgiu com um único objetivo: transformar o cenário cervejeiro do país, trazendo melhorias para toda a cadeia. Somente desta forma conseguiremos nos destacar em âmbito mundial. Entendemos que, para isso, é necessário que todos estejam alinhados e trabalhando em conjunto. E é exatamente isso que buscaremos fazer”, afirma Lapolli.
Para entender como o mercado poderá se beneficiar com a criação da câmara, o Guia analisou suas propostas e estratégias. Confira, em 4 pontos, como ela pode fortalecer o mercado.
1- Desenvolvimento Agrícola
A produção de cerveja é totalmente dependente da agricultura. Por isso, ter uma política agrícola para o setor é fundamental. Uma das ações da câmara prevê apoio financeiro, com novas linhas de crédito e seguros para maltarias e agricultores que cultivam cevada, lúpulos e até adjuntos cervejeiros. Outra frente vai focar na pesquisa e desenvolvimento de insumos regionais em micromaltarias, plantações de lúpulo, produção de frutas, ervas e outros ingredientes típicos do Brasil que possam ser usados como adjuntos na cerveja.
2- Fortalecimento da Produção
Revisão da carga tributária e novas linhas de financiamento para cervejarias também estão em pauta. O fomento servirá para a instalação e ampliação de pequenas e médias cervejarias, bem como para a importação de máquinas, compra de insumos e estoques. A câmara prevê ainda discussões sobre a estrutura da cadeia, com o objetivo de elevar a produção e a competitividade do setor.
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3- Regras Adequadas
As incoerências e as discrepâncias que hoje caracterizam as regras desse mercado serão alvos da nova Câmara Setorial. Uma grande força tarefa, com a participação de todos os representantes do órgão, vai debater os conceitos adotados de cerveja, de produção e de comercialização do produto, com ênfase na cerveja artesanal e caseira. Além disso, vai discutir a regulamentação da produção, de concursos, de regras de rotulagem e de transporte. A ideia é que as novas regras que venham a ser desenvolvidas tenham impacto nas fiscalizações e concessões de licenças do Mapa, buscando padronizar e adequar as metodologias de inspeções em cervejarias. Essa é uma antiga luta do setor, que atualmente impõe ao empresário dificuldades legais para operação.
4- Qualificação para o Mercado Externo
Levar a cerveja brasileira com qualidade e competitividade a importantes mercados externos é outra linha de ação da nova Câmara Setorial. Uma das prioridades é qualificar e capacitar as pequenas cervejarias para exportação. A agenda de trabalho prevê promoção da cerveja brasileira em importantes feiras e eventos internacionais. Há experiências muito bem-sucedidas, principalmente com a cachaça brasileira, que se tornou um produto mundialmente reconhecido. Agora, o setor espera que a cerveja nacional possa trilhar o mesmo caminho de sucesso.
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