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Balcão A Dança: Em épocas de selvageria

Você não sente e não vê. Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo…

Mais uma vez abrimos os caminhos com as palavras de Belchior. Pois a força poética e futurista apresentada nas linhas acima percorrem desde os meus pensamentos ao escrever essa coluna quanto flutuam ao redor dos atuais acontecimentos do mercado. 

SELVAGERIA! O mundo está um caos, e o ser humano tem provado em diversas ocasiões que seus instintos selvagens e irracionais que teriam ficado a alguns milhões de anos atrás, estão bem vivos hoje! 

Mas, não é sobre essa selvageria que estou falando aqui. 

Que potência tem sido trocar e vivenciar esse momento em que muitos participantes do mercado olham para nossa flora e buscam na natureza inspiração para criar! Não é necessariamente algo novo o que está acontecendo, pois desde os experimentos de André Junqueira e os olhares atentos de Cilene Saorin, há mais de uma década, já há sinalizações de que esse é um ótimo – e fundamental – caminho. 

E hoje criamos, colaboramos, estudamos e discutimos cervejas selvagens, manipueira, lúpulos brasileiros, madeiras e frutos regionais, métodos e linguagens culturais próprias em diálogo com a craft beer. 

Ainda é cedo para dizer que o rumo é a construção da Escola Cervejeira Brasileira, mas se temos tanto por aqui, por que não sonhar?

Ou melhor, por que não realizar?

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Além do diálogo a nível federal com o poder público visando criar melhores condições tributárias e estruturais para o mercado, a atual gestão da Abracerva – que traz Gilberto Tarantino como presidente – tem criado pontes para aproximar a cerveja artesanal do universo da gastronomia – vide evento “Cerveja é Gastronomia” ocorrido em junho de 2022, na faculdade Anhembi Morumbi, em São Paulo, com apoio do Sindicerv – e isso é mais um importante passo para o avanço, crescimento e amadurecimento do mercado. A cerveja precisa estar na mesa!

Durante o evento tive o prazer de conhecer e conversar bastante com o Diego Rzatki (Cervejaria Cozalinda e um dos idealizadores do projeto Manipueira) sobre a sinergia entre a busca e utilização do terroir BR com as ações identitárias, educacionais e culturais que a Graja Beer desenvolve como metodologia de ação no fundão da cidade. Uma pensa e trabalha a produção para dentro do copo. E o outro, do copo para fora. Mas ambos olham, falam e celebram nosso povo! Nossas riquezas e diversidades. De nós para nós. Ambas olham para como se vive. Como se consome e como se produz Brasil afora.

Há ainda uma jornada longa à frente nessa maturação de uma cultura cervejeira nacional. Há muita água (malte, lúpulo, levedura e o que quisermos) pra rolar, mas em épocas de selvageria, a nossa já fala por si. 

E com as palavras do Diego durante seu painel, encerro:

Não fazemos uma cerveja com brasilidade. A brasilidade faz nossas cervejas.


Leandro Sequelle é morador do subdistrito do Grajaú, bairro no extremo sul de São Paulo, sendo idealizador da cervejaria social Graja Beer. É tido como referência na pauta diversidade dentro do mercado e atua junto à Abracerva na busca da ampliação das soluções referentes ao tema.

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