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Balcão da Mauá: Cervejaria 4.0, entrar ou não nessa “jornada”?

Antes de tudo é fundamental entender o que é essa tal Manufatura Avançada ou Indústria 4.0 tão comentada ultimamente. Trata-se de um nome dado ao que se chamou de Quarta Revolução Industrial, expressão criada por Klaus Schwab em seu livro[1]. Nele, o autor apresenta a versão futurista das indústrias, regida pelos desejos dos consumidores e por sistemas ciberfísicos que levam à produção de lotes econômicos de uma (sim, uma) unidade.

No meu entendimento, tem-se pela frente uma revolução mental, que exigirá que os seres pensantes sejam realmente pensantes. Não se trata de investir muito dinheiro na compra de robôs ou de máquinas sofisticadas. Não! Ao contrário, é preciso primeiro coletar, de forma adequada, os próprios dados, analisá-los e, a partir disso, tomar decisões maduras e alinhadas com os recursos disponíveis. Utilizar sensores adequados (não são caros) para coletar essas informações e extrair o máximo dos atuais equipamentos é passo básico e essencial. Portanto é preciso pensar!

A ACATECH[2], associação alemã de tecnologia, apresenta os passos dessa jornada (ver Figura 1) que qualquer empresa deve seguir para atingir esse patamar. Observem as perguntas formuladas: O que acontece? Por que acontece? O que vai acontecer? Como obter uma resposta autônoma? São questões aparentemente simples, mas que requerem um exaustivo processo de autoconhecimento.

Para tanto, o Instituto Mauá de Tecnologia criou a Metodologia do Birô de Competitividade[3], com cinco passos que devem anteceder a jornada estabelecida pela ACATECH. São eles: mapear os processos; padronizar os procedimentos; cronometrar os procedimentos padronizados; virtualizar o processo[4]; simular melhorias.  Pode-se perceber que o quinto se mescla com o primeiro estabelecido pela instituição alemã.

FIGURA 1: PASSOS DA JORNADA RUMO À INDÚSTRIA 4.0.

Adaptado de https://www.acatech.de/Publikation/industrie-4-0-maturity-index-managing-the-digital-transformation-of-companies/

Apresentadas as considerações teóricas iniciais, é preciso voltar à questão que norteia este texto: vale a pena entrar nessa jornada?

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A resposta é clara: sim, vale a pena. Todas as empresas fatalmente entrarão. Caso contrário, perecerão. Não há alternativa. São tempos novos, em que os sistemas produtivos se regularão para atender a demanda, e isso permitirá a customização em massa, ou seja, as indústrias conseguirão produzir um lote econômico de uma unidade. Trata-se, portanto, de uma revolução de mentalidade, em contraste com o atual pensamento focado apenas na redução de custos.

Entendo que o mercado cervejeiro se divide em três categorias:

  • as grandes empresas, com grandes estruturas, conhecedoras dos seus processos, que se adaptarão e sobreviverão nesse novo mundo, se começarem hoje a pensar no assunto;
  • as empresas regionais de médio porte, que precisarão de apoio e tempo para chegar a tal patamar. Caso se fechem no seu próprio mundo, estarão fadadas ao insucesso;
  • as pequenas empresas artesanais, que resistirão mais tempo a essa avalanche tecnológica, mas, cedo ou tarde, se entregarão a ela.

Em síntese, não se trata de perguntar se vale a pena entrar nessa jornada. Trata-se, sim, de perguntar: “Como vamos preparar-nos para entrar nessa jornada? ”.


Imagem: Adaptado de https://www.acatech.de/Publikation/industrie-4-0-maturity-index-managing-the-digital-transformation-of-companies/

[1] SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução Daniel Moreira Miranda – São Paulo: EDIPRO. 2016.

[2] Disponível em https://www.acatech.de/Publikation/industrie-4-0-maturity-index-managing-the-digital-transformation-of-companies/ , acesso em 6 de fevereiro de 2019.

[3]  https://www.maua.br/servicos-tecnologicos/areas-atuacao/biro-competitividade-micro-pequena-industria

[4] A Mauá utiliza o software Simul8 para a virtualização de processos em micro e pequenas indústrias  https://www.maua.br/servicos-tecnologicos/areas-atuacao/biro-competitividade-micro-pequena-industria


Antonio Cabral é coordenador do curso de Engenharia de Produção e do curso de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT)

1 Comment

  • Joca. Reply

    25 de abril de 2019 at 13:51

    Lendo o texto com atenção, identifico uma necessidade preeminente entre os detentores do negócio cerveja – Diagnóstico.
    Entendo as questões como fundamentais para identificar os sintomas de um grande sistema de administração de recursos. Onde estão os gargalos e sinais de alertas do negócio são respostas de um bom diagnóstico dos sistemas. Resumindo, um diagnóstico de sistemas que possa gerar relatórios com pontos de alertas, vulnerabilidade e viabilidades e pontos de prioridades, oferece eficiência nas tomadas de decisão de qualquer alta gerencia, sendo ela de uma grande fábrica ou de um grupo de pequenos investidores ciganando breja. Fico à disposição para discutir e apresentar tecnologia própria para aplicar questionários e entrevistas para um Diagnóstico de sistemas. Joca – Cervejoca. Cheers.

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