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Como foi 2021 no mercado cervejeiro? Especialistas avaliam

Para especialistas, perda de poder de compra da população é um dos fatores que atrapalhou recuperação do segmento neste ano

O exercício de olhar para trás em busca de um entendimento sobre como foi o ano de 2021 para o mercado cervejeiro traz, consigo, resultados que podem acompanhar o ritmo da pandemia do coronavírus, embora não se explique só por ela. Afinal, nos meses mais graves da crise sanitária, especialmente na primeira metade do ano, o setor enfrentou grandes dificuldades. Aos poucos, porém, conseguiu se recuperar, ainda que essa reabilitação não tenha sido completa – assim como a redução dos casos de Covid-19 e suas consequências.

Assim, ainda não é possível falar em plena recuperação em relação aos desafios iniciados em 2020, mas em aquecimento para tal, na avaliação dos especialistas ouvidos pela reportagem do Guia para a matéria que abre uma série analítica com balanços sobre 2021 e perspectivas para 2022 em diferentes áreas do setor.

Essa fervura, no entanto, pode ser amainada pelas variantes do coronavírus, pela inflação e pelas crises econômica e política. Por outro lado, há a esperança de que a saudade dos encontros, que começaram a ser resgatados nos últimos meses, se imponha. E o mercado cervejeiro se estabilize.

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O avanço da vacinação contra o coronavírus trouxe, evidentemente, além do alívio social, com a diminuição dos casos e mortes, o público de volta para bares e restaurantes, tradicional ponto de encontro com as principais marcas do segmento. A busca por cervejas artesanais tem, porém, esbarrado na perda de poder de compra da população.

“A pandemia teve sua alta e sua baixa, as vacinas trouxeram o alívio esperado, mas não a normalidade que acreditávamos. Lidar com as expectativas foi um grande exercício e entender um mercado onde o consumidor precisa de estabilidade financeira para gastar em cervejas de melhor qualidade, mas muito mais caras”, destaca a sommelière de cervejas Bia Amorim.

A desvalorização do real também tem provocado diversos impactos na indústria cervejeira e, consequentemente, afetado o mercado. O dólar, afinal, começou 2021 cotado a R$ 5,19, tendo encerrado a última terça-feira a R$ 5,74. Uma valorização superior a 10% que afeta o preço de insumos e dificulta a importação de cervejas.

“Isso tem impacto em muitos itens que compõem o preço de uma cerveja feita no Brasil, com ingredientes importados e nas cervejas que chegam de outros países, importadas, clássicos sabores que cada vez menos são possíveis de bancar”, acrescenta Bia.

Para piorar, a variação cambial veio acompanhada da inflação, que deve terminar o ano com uma alta acumulada superior a 10%, já que nos 11 primeiros meses do ano já acumula elevação de 9,57%.  E a sommelière Fabiana Arreguy alerta que esse impacto é muito mais sentido pelas marcas artesanais do que pelas grandes cervejarias.

“A alta do dólar, bem como a volta da inflação, tem se refletido em tudo que diz respeito a consumo, seja de bens ou serviços. Isso impacta na escolha por cervejas mais baratas, maisntream”, afirma.

Além da falta de recursos na sociedade, Luís Celso Jr., sommelier e fundador do Bar do Celso, aponta que o consumidor adotou a cautela diante de tantas incertezas, especialmente na primeira metade do ano. “Até pelo menos o terceiro trimestre, o pessoal ficou segurando o dinheiro, com muitas incertezas para o que estava por vir, com o medo de outro possível fechamento. À medida que a vacinação foi avançando, as coisas melhoraram um pouco”, diz.

Foi dentro desse cenário de desafios macroeconômicos que as marcas precisaram operar no mercado cervejeiro neste ano. Para Fabiana, muitas delas voltaram a investir em 2021 e até ampliaram o espaço de atuação, explorando novos campos, em ações com um ar de recomeço.

“Foi um ano de retomada de projetos, de realocação de recursos, de investimento em outros produtos como destilados”, avalia, destacando, porém, que os níveis pré-pandêmicos ainda não foram alcançados. “Acho que o segundo semestre tem reaquecido as vendas, mas ainda não houve tempo para recuperação total das perdas”, acrescenta.

Sady Homrich, cervejeiro, sommelier e baterista do Nenhum de Nós, também enxerga que 2021 termina em um contexto de recuperação das cervejarias, que adaptaram o modo como se relacionam com o consumidor e buscaram realizar investimentos. “Esse ano indicou uma retomada e uma readequação da relação consumidor/cervejaria. Claro que as incertezas relativas aos protocolos do Covid-19 ainda provocam insegurança, mas vimos uma evolução em termos de volume, de comunicação e até de investimentos no segmento artesanal”, avalia.

Instabilidade e volta dos eventos
Na volta dos eventos, Fabiana destaca a ansiedade do consumidor por encontrar novidades, algo que pode ser captado pelas marcas. “Após a vacinação de grande parte dos brasileiros, as festas e festivais recomeçaram e o consumidor começou a voltar para esse tipo de evento com muita vontade de ver novidades, de trocar resenhas sobre novas cervejas”, diz.

Esse movimento de retomada das atividades presenciais, algo visto com bons olhos pela indústria cervejeira, tem sido acompanhado, para Celso, por um descompasso na modalidade de venda das bebidas, voltado, nos meses mais complicados da pandemia, para embalagens usadas para consumo residencial, substituídas, agora, pela proeminência do chope.

Em sua opinião, só quando houver uma estabilidade em formatos e modalidades de venda, se poderá dizer que o mercado cervejeiro superou a crise originária na pandemia do coronavírus.  E ele espera que isso aconteça em 2022.

“Está tendo um bom movimento de retomada em termos de bares e de chope. Está saindo bastante barril e as garrafas e latas basicamente estacionaram. O mercado ainda está vivendo essa instabilidade da pandemia. Em um momento, o pêndulo puxou totalmente para as latas e garrafas. E agora está totalmente para o chope. Quem sabe 2022 venha com uma perspectiva de um pouco mais de equilíbrio, com o ponteiro voltando para o meio da escala, para que tenhamos um mercado um pouco mais normalizado em relação aos dois últimos anos”, conclui.

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