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7 especialistas avaliam como foi o ano do setor cervejeiro em 2018

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Setor teve ano regular, com crescimento de artesanais e bares especializados. Mas crise econômica e preços altos frearam consumo

A cerveja artesanal vem ganhando espaço não só no mercado brasileiro, mas em toda a América Latina. Ainda assim, alguns problemas conjunturais – a crise econômica, por exemplo – e outros inerentes ao setor, como o preço ainda alto, dificultaram o pleno fortalecimento da indústria cervejeira em 2018.

Essa é, em suma, a análise de 7 especialistas consultados com exclusividade pelo Guia da Cerveja, com o intuito de entender como se comportou o setor cervejeiro neste turbulento ano.

Carlo Lapolli, presidente da Abracerva, Luis Marcelo Nascimento, juiz do BJCP, e Patrícia Sanches, fundadora da Confraria Maria Bonita Beer, foram alguns nomes a darem sua importante avaliação.

Para entender um pouco mais a dinâmica de outros nichos e mercados, escutamos também Daniel Trivelli, presidente da Copa Cervezas de América, e Rodrigo Sena, sommelier e gestor da Escola da Cerveja BaresSP.

Confira, a seguir, a avaliação de 7 importantes especialistas sobre o desempenho do setor cervejeiro em 2018.

Carlo Giovanni Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva)
Sem dúvida nenhuma, o ano de 2018 foi muito feliz, muito profícuo para as cervejarias artesanais independentes. Tivemos um grande crescimento no número de cervejarias, os consumidores ampliando o conhecimento sobre cerveja, consumindo mais artesanais. E nossas cervejarias gerando muito mais emprego. Durante o ano, as pequenas cervejarias, aquelas com 99 empregados, geraram cerca de 50% dos empregos do setor, um número bastante significativo quando a gente lembra que tem apenas 2% da fatia de mercado.

Daniel Trivelli, presidente da Copa Cervezas de América
2018 foi um ano que trouxe grandes diferenças entre os países latino-americanos, especialmente no caso da artesanal. Países como Brasil, Argentina e, em menor medida, Chile, vêm demonstrando um crescimento saudável, apoiado em bases fortes para o desenvolvimento da demanda, assim como uma oferta de cervejas que melhora constantemente sua qualidade e consistência. Por outro lado, países como Costa Rica, Equador, Peru e Colômbia, que vinham mostrando um forte crescimento, estancaram e atravessam uma crise refletida em uma estagnação ou até baixa nas vendas.

José Bento Valias Vargas, sócio da Lamas Brew Shop de BH, da Dunk Bier e um dos fundadores da Acerva Mineira
O ano de 2018 foi ruim para a economia brasileira de um modo geral. Não seria diferente para a cerveja. Com a recessão, incerteza politica, crise governamental e principalmente o elevado preço do dólar (o que encarece demais os insumos de produção) sendo desfavoráveis. E considerando que a cerveja, mesmo sendo a queridinha do brasileiro, é um item supérfluo no orçamento doméstico. A queda no comércio foi visível. Houve mais uma vez o crescimento de cervejarias, mas o aumento do consumo não acompanhou. Portanto, o mercado está inundado de cerveja artesanal encalhada. Claro que o consumidor não deixa de comprar, mas vai comprar das mais baratas, volta a cerveja de massa ou as cervejarias artesanais que pertencem às grandes e conseguem custos de produção e regalias governamentais desproporcionais.

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Luis Marcelo Nascimento, consultor cervejeiro, juiz do BJCP e sócio do Volátil, do H. e do The Lab
Em produto, na gôndola, estamos muito melhores do que já fomos. As cervejas têm qualidade melhor, mas o preço chegou a um nível absurdo, quase impagável. Virou um produto de elite da elite. Um negócio que deveria ser acessível está se tornando inacessível. Não tem como meio litro de cerveja custar R$ 50. Tem algo errado nessa conta.

Patrícia Sanches, fundadora da Confraria Maria Bonita Beer, sócia da cervejaria Patt Lou e do Instituto Ceres de Educação Cervejeira
Apesar da crise, o que tem sido observado durante os últimos 4 anos é que os consumidores de cerveja vêm comprando um pouco menos, porém, novos apreciadores da cerveja estão surgindo, trazendo um balanço possível para os pontos de venda, apesar da queda. Em 2018, os festivais, as atividades de associação da cerveja com a gastronomia, as divulgações de marcas em grandes mídias de massa, o investimento de grandes cervejarias mainstream em produtos artesanais e a formação de diversos profissionais sommeliers vêm contribuindo para a popularização da bebida ao redor do país. Acreditamos que os consumidores ainda têm baixo conhecimento sobre questões relacionadas às potencialidades organolépticas da cerveja, poder de emparelhamento com diversos alimentos, detalhes sobre a influência da matéria-prima, métodos de produção, qualidade e prolongamento da vida útil da cerveja nas prateleiras.

Rodrigo Sena, sommelier e gestor da Escola da Cerveja BaresSP
2018 foi um ano de consolidação de um modelo de negócio para bares cervejeiros: a Tap House. Houve um boom em São Paulo de abertura desses bares que possuem diversas torneiras com cerveja artesanal, na grande maioria brasileiras, e que não possuem cozinha, abrindo espaço para um food-truck diferente a cada dia. Esse modelo teve ótima aceitação pelo público cervejeiro que consegue encontrar ótimas cervejas, frescas, e às vezes com preços interessantes. O legal é que a abertura de bares assim não ocorreu apenas nos chamados bairros nobres, muitos foram abertos em regiões mais distantes do centro da cidade. Acreditamos que 2 motivos levaram a isso: primeiro a forte demanda de um grande nicho por cervejas artesanais e depois a crescente oferta por parte de cervejarias, principalmente do interior de SP e do Sul do país, que tornou mais fácil a logística para esses bares. Além disso, em 2018, ainda houve um crescimento da quantidade de bares e restaurantes tradicionais que aderiram à venda de cervejas artesanais, ainda que um crescimento tímido.

Wellington Alves, fundador da 5Elementos
Acredito que o surgimento de novas cervejarias em ritmo exponencial representa um retrato do que o nosso mercado está se tornando. Os entraves burocráticos continuam sendo um obstáculo importante, acredito que o maior limitador do mercado como um todo, juntamente com os altos impostos.

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